sábado, 2 de janeiro de 2021

FOCA NESSA JOIA: Silvetty Montilla 30 anos brilhando

 


Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)

Há dois anos Enoque, meu companheiro, e eu fomos convidados a ir encontrar nossos queridos amigos - irmãos - Dhu Costa e Milton Cunha, que seria homenageado, dentre vários eventos, com o título de Cidadão Piauiense, em Teresina. Outro evento era um super show produzido e dirigido pela Divina Safira Benguell, que nos recebeu com muita atenção, respeito e carinho, tanto que virou nossa amiga.

Na ocasião fomos apresentados a outras grandes artistas, nomes relevantes e conhecidos do público LGBT.   Naquele ano conhecemos  pessoalmente, já que as conhecíamos através dos seus trabalhos, Michelly Summer, Miss Bia, Rosana Star - todas incríveis - e uma outra figura ímpar, que também já acompanhávamos seus trabalhos e admirávamos pela capacidade de improviso e humor inconfundível no YouTube e como repórter especial do TV Fama (Rede TV) em especial nas coberturas do Carnaval. Pois bem, fomos a apresentados a esfuziante e brilhante Silvetty Montilla.

Dessa viagem - em maio de 2018 - até aqui vimos crescer, de forma recíproca, uma amizade super leve, respeitosa e carinhosa -  com ela vieram várias outras amizades queridas -. Nesse meio tempo já nos encontramos no Rio de Janeiro, aqui em São Luís e duas ou três vezes em São Paulo. Na capital paulista após um show na boate Blue Space, onde trabalha a mais de 25 anos, adquirimos seu livro, sua biografia lançado em comemoração ao seu tempo de trabalho na noite: "Silvetty Montilla - 30 Anos: É o que tem pra hoje: A trajetória do maior transformista do Brasil" do escritor  Ricardo Gamba (roteirista, dramaturgo, produtor de elenco, autor e diretor teatral. Dentre seus trabalhos está a produção artística do musical "Cartola: O Mundo É Um Moinho"). 


Mas, permita que eu volte a quando nos conhecemos lá em Teresina... bom, de cara, no ensaio do show no Teatro 04 de Setembro algo nos chamou à atenção. Existe a Silvetty e o Silvio, nitidamente! Entretanto, eles nunca se separam totalmente. Embora tenham personalidades distintas eles sempre estão fazendo companhia um para o outros. Ela preenche o espaço, piadista, sagaz, não deixa passar nada, tem voz mais alta, fala também com os braços e, como não poderia deixar de ser, com as joias! Ele é contido, observador, calado, a voz muda sem esforço, fala baixo e, muitas vezes com as mãos nos bolsos. Víamos isso como se fosse ligado um botão de liga/desliga. Contudo, quando o botão da Silvetty é ligado, percebemos no fundo do olho a presença do Silvio, em especial quando está interagindo com alguém da público, da plateia. Um olhar de cumplicidade, de "com licença, fica tranquilo é só uma brincadeira e obrigado pela participação". Ao passo que o botão de Sílvio liga ele não a deixa ir totalmente tem sempre aceitando e atendendo sempre ser chamado e tratado como queira, no masculino ou no feminino. São duas personagens diferentes, mas que têm a educação e o respeito ao próximo como ponto comum, além do corpo. Um dá apoio ao outro quando necessário. Muito instigante e curioso. Essas foram as minhas percepções.

Voltando ao livro, com a vida corrida que tenho tido só agora consegui ler seu livro - vinha até em tão acompanhando sua vida pelas redes sociais e pelas conversas de WhatsApp que Enoque e ela mantêm quase diariamente -  Agora tenho aproveitado para por alguns títulos em dia com mais atenção e curtindo o prazer de viajar nas histórias durante esse período pandêmico. E qual não foi a minha surpresa?... minhas impressões se confirmaram através dos depoimentos das pessoas mais próximas. Pudemos conhecer mais da vida do Silvio, do surgimento, do sucesso e da representatividade que é a Silvetty.

Sua história é interessante. Aliás, é muito mais que interessante, INSPIRADORA, eu diria! Vemos passar diante dos nossos olhos e projetada na mente - quando leio faço sempre esse exercício - a história de um menino calado, silencioso, companheiro da mãe, querido pelos irmãos e amigos, quieto, mas que não leva a desaforo pra casa, principalmente para defender os seus.

Antes de continuar vale ressaltar que a linguagem da escrita é de fácil entendimento e compreensão (e quem gosta de figuras no livro têm um algum de fotos rsrsrs). Continuando... durante a leitura vemos como Silvio se faz Silvetty, descobrimos quando se fez Montilla. Sua relação com a família, amores, amigos, que, inclusive, falam de outras características facilmente perceptível, sua generosidade e sua humildade.

Não vemos apenas a sua história - o que já é bastante envolvente e diz muito - temos oportunidade de conhecermos (através de sua participação) um pouco da essência da história da Parada Gay de São Paulo e tudo que ela envolve,  a importância para a militância e os números que justificam a importância à economia Paulistana - embora não seja esse o objetivo do livro e não fale especificamente sobre o tema - ainda explica varios temas e nomes ligados ao universo LGBTQIA+.

É interessante saber que apesar de ter sido candidata a cargos políticos duas vezes, a convite de amigos, sem ser eleita -  embora fosse ser a representante que precisávamos naqueles momentos e não tínhamos. Silvetty percebeu posteriormente que a sua condição de Gay, transformista, negro e de periferia, enfim... a sua existência, seu trabalho e seu alcance já é um ato de ativismo e uma bandeira política astiada que inspira dignidade, representatividade e resistência.

A pessoa que conhecemos não faz objeção da forma a ser tratado ou tratada, se de Silvio ou de Silvetty, conhecemos através da publicação mais do ser humano que habita aquele corpo esbelto e comprimido. Conhecemos pela leitura mais do ator - de cinema e peças teatrais capaz de viver outros personagens - humorista, da destaque de carnaval (uma grande paixão sua), da miss, da transformista, do cantor, cantora, instrumentista de banda marcial, do artista múltiplo que permeia em várias linguagens das artes com a naturalidade de quem tem talento e jogo de cintura para encarar o trabalho que aparecer.

É uma delícia ler sobre o brilho de Silvetty Montilla, mas é mais gostoso ir além e conhecer o Silvio. Ver a força interna de quem não quer e não precisa bater em ponta de faca para ser quem é, como é e quando quer (me identifiquei nesse aspecto também). Sua relação de união baseada na compreensão e respeito com seus familiares foram bases importantes para que consiga levar - ou trazer - ao seu público diversão durante tanto tempo, se reinventando especialmente nos tempos mais duros e difíceis como o atual. O bacana de finalizar a leitura desse livro é  que, como quem tomar uma dose de montilla (apesar se eu não beber nada alcoólico), posso dizer, sem parecer conversa de bêbado, que agora eu tenho "condiçõexxxx" de dizer que conheço Silvetty  Montilla desde pequena. E isso é o que tenho pra hoje.



sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

1° DE JANEIRO DE 2021 - UM MARCO PARA OS PASSISTAS DE SAMBA


Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)


Apesar de ter crescido ligado a uma igreja evangélica, tenho orgulho de dizer que aprendi com meu pai - antes dele entrar pra igreja - o amor por musica brasileira de verdade e de qualidade, entre tais as musicas Carnavalescas. Sou hoje uma pessoa que ama o Carnaval, em especial Escola de Samba.

Vou além... acho que mais que isso, eu amo o batuque dos tambores, o som do repique, do surdo, dos tamborins, EU AMO O SAMBA. Eu amo os passos, os breques e o gingado dos PASSISTAS DE SAMBA NO PÉ.

Sempre fui apaixonado por suar dançando um bom samba, de braços abertos, mãos nas cadeiras, um cacuete aqui e outro ali nos meus passos miudinhos e tímidos. E cada vez mais, pois fui ficando mais contido - a medida que fui conhecendo o que é ser sambista de fato, com samba no pé de fato -. Apesar da democracia que é o universo do samba tenho passando de um brincante a um admirador, expectador, respeitador e "aplaudidor" da arte dos artistas do samba no pé que são os passistas do samba. Eles não apenas dão show, eles são sim "O SHOW". MERECEDORES de todos os NOSSOS APLAUSOS, RESPEITO, RECONHECIMENTO E VALORIZAÇÃO. Os aplausos até têm, mas respeito, reconhecimento e valorização... esses precisam melhorar para personagens de vidal REPRESENTATIVIDADE DA ALMA DO SAMBA. Isso é fato!

Outro fato é que hoje é um dia especial para o samba brasileiro. Um grande marco para os os passistas de samba do Brasil. Com os OBJETIVOS de:

- Preservar, difundir e fortalecer a arte da dança do Passista do samba (em suas Representações tradicionais e/ou modernas);
- Defender os direitos dos passistas enquanto artistas que representam um valor simbólico cultural do Brasil, e lutar pelo respeito e valorização desta Arte;
- Ser elo de unidade em todo o Brasil e no exterior, dos Passistas. 




HOJE, 1 de janeiro de 2021, Nilce Fran, Aldione Senna, Bruno Tete e Dhu Costa lançaram a ASSOCIAÇÃO DOS PASSISTAS DO BRASIL “CIRO DO AGOGÔ*”, entidade sem fins lucrativos (Pessoa Juridica) para organizar as demandas desta classe artística de sambistas. 




Neste vídeo lindo, com texto maravilhoso - criado e dirigido pelo grande e eterno Carnavalesco e Comentarista de Carnaval Milton Cunha - vejo uma representatividade enorme do que é ser e de quem são os passistas de samba. Há nele pessoas de várias gerações. Os que fizeram história, os que estão fazendo a história presente e representantes da arte passista futura (Parabens, irmão!!!) Arrepiante! Outrossim o vídeo comemora a Fundação da Associação, que já conta com 42 passistas de todos os tipos, pela democracia da dança do Samba no Pé.

Gostou? Ficou interessado ou tem alguma dúvida? Entre em contato através do e-mail da associação (vide abaixo). De uma coisa eu tenho certeza... DE SAMBA NO PÉ, ELEGANCIA E ALTO-ASTRAL ELES ENTENDEM! 




E-mail de contato: associacaopassistasbrasileiros@gmail.com

*Ciro do Agogô (1945-2016) foi o passista de duas bandeiras. Ele representava e defendia as bandeiras da Vila Isabel e da Estação Primeira de Mangueira. Foi criador, em 1997, da Primeira Associação dos Passistas do Rio de Janeiro.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

NASCE UMA RAINHA: ALEXIA TWISTER, GLÓRIA GROOVE e o BASTA dos NÃO RECOMENDADOS

 


Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)

Quando vou fazer um trabalho artístico gosto de ouvir músicas ou assistir filmes ou séries que me ajudem a viajar na criação, a refletir enquanto vou executando meu trabalho. Este dias com uma encomenda de camiseta a entregar decidir assistir NASCE UMA RAINHA, um reality show do Netflix (sim, tenho mergulhado no streaming).

O programa, apresentado pelas magníficas artistas ALEXIA TWISTER e GLÓRIA GROOVE, trás algo que vai além da frescura tão estereotipada ao universo de nós LGBTQIA+, mais a frente, quem ler esse texto, vai ter uma noção porque digo isso. Aliás, o que menos se tem ali é frescura, e as que aparecem são temperos, toques de humor para deixar o clima ainda mais leve. E olha, eu diria, é beeeem temperado, mas tem cheiro de afeto, carinho e sabor forte de resistência. É bem especial.

O programa propõe "ajudar drags a realizarem seus sonhos e arrasarem nos shows", como diz a própria descrição no aplicativo. Mas, vemos que não é apenas isso. Eles vão além dessa proposta... ajudam EMPODERAR ARTISTAS em AUTOCONHECIMENTO, ajudam artistas em PROCESSOS DE CONSTRUÇÕES, além de ajudar pessoas próximas a eles a entrarem nesses universos para verem suas condições e opções por outras perspectivas, em sua maioria, pelo lado da importância desse universo - complexo para muitos - para a felicidade do artista participante e assim fortalecer suas relações de afeto.

Na temporada, no ar desde novembro, ajudam cinco drag queens e um drag king (adorei esse, inclusive). Nesses seis episódios é incrível ver o quão o aspecto artístico e do apoio das pessoas queridas são fundamentais no fortalecimento psicológico dos participantes e os ajudam a vencer muitas barreiras.

A cada episódio uma abordagem diferente, com convidados diferentes, para desmistificar e quebrarem paradigmas. Sempre levando em consideração as barreiras que as pessoas apontadas como importantes na vida dos personagens indicam como suas principais "preocupações" para a não aceitação da escolha artística, mas que sabemos não passar da desinformação e preconceito em conflitos com o amor que dizem sentir - tenho sempre um pé atrás com esses "amores" e no fundo acho que é vergonha da pessoa mostrar ser o que e uma gogantesca  vontade de controlar a vida do outro.

Cada episódio daria para escrever várias páginas, pois tocam em nuances super delicadas para quem é do meio. Contudo, quero me ater ao último da temporada que mostra a evolução de Marcos, um jovem pobre de periferia que estudou e se formou arquiteto, um defensor de suas raízes e de sua condição afetiva. Ver-se em sua face, e no seu corpo, a resistência que a vida lhe obrigou a desenvolver, contudo é notório no seu olhar que algo lhe falta para ser completo, ele precisa aliar toda sua vida, criação, suas falas, argumentações, lutas e trabalhos. Ele precisa expressar tudo isso artisticamente através do seu corpo. Incorporar e extravasar. Confesso que de início não estava acreditando nesse participante dada a sua quase inflexibilidade corporal, mas me deixei levar... assim como ele se deixou e ali nasceu uma rainha. Nasceu nele, no palco e entãona tela, ADLA DAVIS. Na sua apresentação final de participação do programa performa a música "NÃO RECOMENDADO" de CAIO PRADO (só conheci agora e do que já ouvi sobre suas músicas e letras eu diria... UAU!). Uma excelente escolha para mensagem final da temporada.  Me emocionei com sua entrega, com a sua performance, a verdade de todo o contexto e a letra da música que diz tanta coisa que nós,  LGBTQIA+, estamos exaustos de ouvir. Um trecho  da canção diz:

"Pervertido, mal amado
Menino malvado, cuidado
Má influência, péssima aparência
Menino indecente, viado

A placa de censura no meu rosto diz:
Não recomendado à sociedade"

Ali soou como UM BASTA. Como um grito que diz "para de me falar estas barbaridades e vem conhecer esse meu mundo que me completa e faz feliz". E eu que já sabia que a arte drag pode ir além da frescura entendi que ela vai muito além desse "além da frescura". Ela pode ser uma ferramenta de luta, de transformação, de empoderamento e de resistência.





FESTA PARA UM CORAÇÃO INDISCIPLINADO 


Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)

Quase todo mundo já passou por conflito com o mundo ao seu redor ou com a família por amar alguém que eles não entendiam ou simples não queriam. Sorte daqueles que nunca precisaram enfrentar ninguém por amar outro alguém. Mas, ainda estes seriam capazes de controlar o seu pobre e indisciplinado coração? 


Pois bem, vamos para Broadway e não se preocupam com a conta. Não vamos gastar nada além da assinaturas da Netflix para assistir "The Prom" ou simplesmente " Afesta de Formatura", como nominado no Brasil. Pelo que pude apurar bem rapidamente o filme é inspirado em um musical da Broadway. 


Imagine você que um grupo de teatro formado por artistas que já foram muito famosos e então em decadência recebe uma crítica pesada ao ponto de fazer a peça ser cancelada. Altamente egoistas, egocentristas (e divertidos) decidem então que precisam fazer algo relevante para usar como publicidade e então voltarem por cima. Decidem por fim virarem ativista de causas importantes. Depois de procurarem por uma causa encontram a de uma jovem finalizando o ensino médio, Emma, que quer levar a namorada ao baile de formatura. Mas, para evitar o que poderia ser um escândalo o grupo de pais da escola decide cancelar a realização do evento. 


O famigerado grupo de artista decide ir de carona com outro grupo, de coral gospel, para Indiana, onde tudo ocorre. Lá o enredo transcorre e, além da história de Emma - que foi abandonada pelos pais quando assumiu-se lésbica - podemos conhecer sobre cada um dos personagens e o os levou as se tornarem pessoas fracassadas e individualistas. Histórias de frustrações profissionais, humilhações por ser gay, vítimas de aproveitadores amorosos, abandondo pelo marido e pessoas que apesar de pregarem o amor de Deus, praticam e cultivam não apenas o desamor e desunião. Elas incentivam o ódio, que é vencido com o diálogo e argumentos sobre a hipocrisia que há na defesa das escolhas "escolhidas" para serem taxadas como certas e no ataques àquelas que devem ser consideradas erradas. "Ame o seu próximo, ame o seu próximo, ame o seu próximo acima de tudo" diz uma das canções. 


Apesar de ser o que alguns possam considerar meloso o filme como um bom musical tem uma linguagem divertida, leve, alegre, emocionante e, diria, até didática para mostrar mais uma vez o que a comunidade LGBTQIA+ tem que enfrentar na vida. Muitas vezes tendo que não ficar com a pessoa amada. Outra canção diz algo como "não poder está com você foi a gota d'água e tive que dissimular meu pobre coraçãozinho indisciplinado". Porque na real é isso, ninguém manda o coração amar quem queremos, ou quem querem, que ele ame. Indisciplinado que é ele ama quem ele quer. 


E nesse filme que adoraria ter visto na sessão da tarde na minha época de adolescente podemos contar com as interpretações maravilhosas de Meryl Streep , James Corden, Nicole Kidman, Kerry Washington, Keegan-Michael Key, Andrew Rannells e Ariana DeBose. 


Outro spoiler que posso adiantar, se é que já não falei tudo, é que o amor... é bom vê-lo vencer, acolhendo e transformando pessoas. E em tempos tão amargos um pouco desse mel aquece o coração de quem ama e sonha com dias melhores.

COISA MAIS LINDA É A COISA MAIS LINDA 

 

Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)

Nesse recesso de fim de ano estava eu procurando algo no Netflix para passar o tempo e relaxar quando encontrei a série brasileira "Coisa mais linda" (referência a música Garota de Ipanema)

, que, nos leva aos tempos do surgimento da Bossa Nova, no final dos anos 1950 e início dos 60. Inclusive, com personagens q nos fazem lembrar os grandes artistas nacionais da época como Chico e Marieta, Roberto Menescal, Elza Soares e Garrincha, Eliete Cardoso dentre outros. São treze episódios distribuídos em duas temporadas até agora - uma terceira ainda não foi confirmada pelo aplicativo - em que o enredo gira em torno da vida de 04 mulheres incríveis interpretadas por Maria Casadevall (Malu), Pathy Dejesus (Adélia), Fernanda Vasconcellos (Lígia) e Mel Lisboa (Teresa). 


De início a trama mostra as duas primeiras protagonistas que se conhecem em situações super chatas e se mostram completamente diferentes. Malu é branca, paulista, rica, filha de fazendeiro e que quer trabalhar após ter sido abandonada pelo marido, que lhe roubou tudo. Enquanto Adélia é preta, carioca, moradora de um morro, trabalha desde os 08 anos, mãe solteira - se envolveu com o filho dos patrões - e precisa sustentar a filha e da irmã mais nova. 


A terceira protagonista, interpretada por Mel Lisboa - a eterna Anita - é a jornalista feminista Theresa. Ela trabalha em uma revista direcionada ao público feminino e que é escrita quase em sua totalidade por homens - ela é a única mulher da equipe até um determinado momento da trama - e precisa enfrentar o preconceito "das companheiras" de trabalho (sim... eles assinavam as matérias com pseudônimos femininos). Apesar de ser uma mulher à frente de seu tempo, independente, mente aberta - e que, não apenas sonha, tenta fazer as pessoas compreenderem um mundo mais livre - ela sonha formar família com o marido, com quem perdeu um filho ainda pequeno. 


Ligia, a quarta protagonista, é interpretada por Fernanda Vasconcelos. É cantora, sonhadora, casada com um político de uma falida família tradicional da cidade que sonha ser prefeito da Guanabara - atual cidade do Rio de Janeiro - e não só não a apoiava na carreira de cantora da esposa como a impedia e destruía sua autoestima. Como toda vítima de marido machista ela era apaixonada por ele, que impunha suas vontades em jogos de pressões afetivas e psicológicas. Ela, sem perceber que precisava reagir por ser vítima dessa violência, era submetida às suas recorrentes e convenientes sugestões como roupa a vestir, corte de cabelo, parar de cantar e ainda era violentada física e sexualmente. Como não suficiente Lígia se culpava por ser sonhadora e assim dava razões a tudo que passava. 


No desenrolar da série podemos ver histórias de amores, amizades, traições, golpes, misoginia, machismo e feminicídio. Um alerta para o fato de que não conhecemos ninguém a fundo a não ser aquilo que querem que conheçamos. Todo mundo tem sua vida, sua individualidade, conflitos, segredos, histórias, traumas e monstros. 


Na história é inspirador ver estas quatro mulheres que juntas tentam fazer um novo futuro, ainda que enfrentem tantos percalços comuns naqueles anos (e ainda hoje). Quer exemplos? O Pai da Malu querer casá-la novamente para evitar um escândalo na sociedade Paulista. Adélia tinha uma patroa das antigas que a tratava com humilhações através de "privilégios" de dar 1 dia de folga, "permitir" que leve suas roupas para serem lavadas em casa, desconta dia não trabalhado e faz subir de escada nove andares com sacolas de compras para não subir do elevador social. Além de, por ser preta, sempre ser confundida com empregada mesmo quando já estava em melhores condições. 


Se ainda hoje as mulheres, apesar dos avanços, ainda sofrem com preconceitos e desigualdades, imaginem naquele tempo quando, por exemplo, por lei mulher não trabalhava sem a permissão do marido sob alegação de que isso era para lhes proteger. 


Percebe-se no decorrer dos episódios, quem tem o mínimo de sensibilidade e empatia, que apesar de alguns avanços ainda não está tudo bem (e anda longe de ficar) e por isso todas as conquistas das mulheres devem servir como motivação para continuarmos nas lutas por respeito e igualdade de diretos. E quando falo em continuarmos a luta quero dizer que não é preciso ser mulher pra lutar pelos direitos delas, assim como não é preciso ser preto para combater o racismo e nem ser LGBTQIA+ para defender os direitos dos LGBTQIA+. E mais... é preciso mais que isso, é preciso ser antimisoginia, antirracismo e anti-homofobia. Como diz o rapper Emicida no documentário AmarElo, a luta é uma só. 


As histórias retratadas facilmente nos soam familiares por diversos fatores, mas, principalmente, por se passarem em um passado recente (anos 1950 e 1960), tempos vividos por nossos pais e avós e sobre os quais já ouvimos em conversas caseiras. Estas mesmas histórias nos emocionam por vermos que ser mulher nunca foi fácil, mas que muitas enfrentaram e pagaram os altos preços cobrados para serem independentes, donas de si e iniciarem as lutas que tantas outras hoje seguem no fronte. 


A série, com classificação para 16 anos (mais por cenas mais picants que as ousadas intimidades das novelas dos anos 80 - que por uso de álcool e drogas), nos encanta pela linguagem brasileira, fotografia cinematográfica, cenários e caracterizações detalhadas, preparadas com capricho. Além disso, merece uma referência exclusiva à trilha sonora, como já era de se esperar. Somos brindados por regravações - e interpretação dos personagens - de músicas como "É luxo só" ( de João Gilberto), "É preciso dizer adeus" (de Tom Jobim), "Adeus batucada" (de Synval Silva que já fora sucesso de Carmem Miranda). Além disso, somos premiados com músicas como "Para ver você" e "Ver o mar" ambas do, até então desconhecido por mim, João Erbetta. Aliás, é dele ainda "Noite sem luar" que dramaturgicamente é uma composição de Lígia, a sonhadora cantora que tinha decidido refazer sua vida e sua carreira fora do país e - alerta spoille - é assassinada em pleno réveillon pelo violento ex-marido político com quem não quer ter mais nenhuma ligação. A letra traduz o sonho de muitas Lígias da vida real: "Eu vou sair pra ver o sol / No meu caminho eu sou o meu farol / Das nuvens eu vejo o cais / Sinto o vento a me guiar / Eu sei que vou sair da escuridão".

Era uma vez... CUIDADO, TÓXICO! 

 



A série The Crown da Netflix é um sucesso desde a primeira temporada, por mostrar nas telas parte da história mundial. Até agora foram quatro temporadas. Eu mesmo assisti à todas as temporadas. Sempre esperando a temporada seguinte. E mais aguardada, quarta, pode ser um choque para quem pensou que conhecia a história de Charles e Diana. Embora não se aprofunde na história do casal em si, uma vez que a série busca mostrar tudo que envolve a "coroa". É possível perceber que o casamento de Charles e Diana foi uma sucessão de erros. 


Quem quiser aprofundar mais na vida de Charles e Di convido a também assistir o documentário "Lady Di: suas últimas palavras", produção da Nacional Geographic disponível também no Netflix. São trechos de várias entrevistas e de uma entrevista secreta que a Princesa de Gales deu a Andrew Morton, jornalista que escreveu o livro "Diana, sua verdadeira história". É forte, trágico, triste e até revoltante. Porém, nos faz entender muitas coisas sobre o universo real inglês e sobre temas como patriarcado, machismo e relações tóxicas, que é o tema que destaco aqui. 


Charles que era amante de Camilla Parker Bowles (ela era casada) já passava dos 30 anos e sofria pressão para um casamento, que deveria ser com uma virgem de linhagem aristocrática. Diana Spencer, uma jovem de 19, professora primária que preenchia todos os requisitos e fora aprovada pela família. Ela só não imaginava que estava entrando numa boca quente (como dizem por aqui). Desde que aceitou o pedido de casamento meio que fora atirada na jaula dos leões sozinha. Colocada num apartamento real, o noivo viajou e só voltaria na semana do casamento. Nem com a sogra tinha consentimento para falar. Num "lar" tão cheio de gente, começara ali sua vida de solidão, tristeza e frustrações. E, conforme declarou em entrevistas, mostradas no documentário, no dia do casamento sentiu-se indo para o abate, o que de certa forma era um fato. 


É de chatear ver que Diana passou por situações de humilhações inaceitáveis, como sair almoço (ou era jantar?... não importa) com a amante do noivo, recebeu então muitas dicas da tal de como agradar ao príncipe, não conseguia falar com o noivo viajante enquanto ele falava todos os dias com sua "camarada" (como falavam antigamente no Maranhão), ouviu dele - um dia antes do casório - que não a amava, viu a amante entre os convidados enquanto era conduzida pelo pai ao altar e viu o já marido levar na viagem de lua de mel presentes e fotos da outra. Ah, desistência do casamento e divórcio não era uma opção. 


Assistindo à série e o documentário vê-se que Lady Di não tinha suas vontades acolhidas, nem ao menos eram ouvidas. Sofreu de bulimia, teve depressão e tentou suicídio algumas vezes - chegou a se jogar de uma escada quando estava grávida do Príncipe William -. O distúrbio alimentar, ela disse, foi gerado pelo fato da pressão sentida quando na semana do noivado o então noivo pegou em sua cintura e disse que ela tava cheinha. Mas, todo esse combo indesejável porque não era amada por quem ainda amava. Entristece ver que se anulava principalmente porque se sentia fraca, impotente diante de toda a situação. Algumas vezes, já na fase mais crítica das relações, a família real reagia dizendo que ela era louca, que era mimada, se vitimava, que provocava confusões... a culpa era dela. Ignoravam a ela, seus sentimentos e sua doença. 


Outro fato que chama atenção era que seu carisma e sua beleza faziam-lhe roubar a cena onde chegasse. Para onde ela fosse, mesmo que tivesse alguém da família do marido, as pessoas iam para vê-la e não vê-los. Isso causou despeito, ciúmes, inveja e ainda mais incômodo e distanciamento. Di sofria por ser vítima dessa relação tóxica que tinha não apenas em relação ao marido, mas com a coroa.  


Como toda vítima de relacionamentos tóxicos Diana sempre fez o que os outros esperavam da Princesa. Mas, nunca pode ser a Diana e isso era visível a olhos nus. Quanto decidiu ser ela mesma já era tarde. Tinha sido condenada a ter vida devastada, vigiada, exposta para o mundo através das lentes de paparazzis que faziam tudo agora imagens que lhes rendem muitas cifras. Foi assim até quando morreu, embora sua existência já fosse sem vida havia muito tempo. 


Essa história deve servir de reflexão a todos. Como estamos nos posicionando em nossas relações? Qual papel estamos assumindo, Diana ou Charles? O que estamos fazendo de nossas vidas? A troco de quê? Vale a pena? Não nos permitamos ser nem um e nem outro. Mudemos.


Casar com o príncipe encantado e ter uma vida envenenada por tanta toxidade não é o sonho de contos de fadas nem das pessoas mais gananciosas. Posso não estar conseguindo ver algum ângulo diferente. Pode até ser... Quer tirar as suas próprias conclusões? Assista aos dois trabalhos e me passa a sua visão. Enquanto isso eu sigo pensando que nada justifica a toxidade em uma relação.

veja AmarElo



Por Rivanio Almeida Santos (Rivas)

Ontem recebi uma mensagem de minha irmã Rogenir Almeida Santos Costa sinalizando que queria falar comigo. Quando conseguimos efetuar a vídeo chamada pomos os papos em dia, rimos um bocado e tal. Até me falar do real motivo da chamada. Conhecedora do meu gosto, meu sentimento de justiça, de identificação com as causas raciais, em especial contra o racismo. Ela queria me indicar o documentário AmarElo, do repper brasileiro Emicida. 


Rap nunca foi minha música preferida, não pelo conteúdo, que normalmente são sobre lutas do povo preto, mas pela rapidez que emitem as palavras. Eu sou um tanto quanto lento para acompanhar. Contudo, sempre gostei do Emicida por sua história, sua postura, discurso e suas ações. 


Acordei na madrugada e para me distrair decidi ver o filme, que tá no Netflix. Gente... o que é isso? Ela me avisou da emoção que era o filme, mas não pensei que fosse tão forte para quem é preto ou se identifica com as questões de lutas contra os preconceitos. 


Emicida trás músicas de letras incríveis com mensagens mais que necessárias. Além disso, ele volta no tempo em uma narrativa que conta a nossa história de lutas nos trazendo a contextualização de temas muito relevantes (escravidão, trabalho, imigração, periferia, hip-hop entre outros) e trás importantes participações especiais de grandes representações do cenário cultural brasileiro, como Zeca Pagodinho (cantor), Fernanda Montenegro (atriz), Marcos Valle (compositor, cantor, instrumentista e arranjador), personagens importantes no surgimento do Movimento Negro Unificado (MNU), Abdias do Nascimento (criador do Teatro Experimental do Negro - TEN) e ainda nos brinda com citações sobre Lélia González (filósofa), Ruth de Souza (atriz), Os 8 Batutas (grupo de samba), Leci Brandão (Compositora e Cantora) e vários outros. 


Para fechar o show no Teatro Municipal de São Paulo que vem recortando todo o desenrolar do documentário e é um marco na história do movimento, por ser a primeira vez que uma ocupação/apresentação do gênero (e de vários pessoas que trabalharam no show) em um espaço sempre tão elitista, Emicida recebe as cantoras Pabllo Vittar e Majur para uma versão arrepiante de "Sujeito de Sorte", de Belchior, que dentre um conteúdo forte diz algo que fala muito sobre as lutas das minorias "tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano não morro". Dando essa ideia reflexiva de que chega de apanharmos, que nossas lutas e resistências têm engrossado nosso couro e nosso coro, que seguiremos resistindo. Emicida deixa, com essas participações, essa mensagem de união das lutas, pois no fim das contas a luta é a mesma, contra o preconceito. Como ele mesmo diz: "E tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós".

domingo, 18 de dezembro de 2016

RICOCHORO COMVIDA NA PRAÇA - Final da Segunda Temporada


Ontem se encerrou a segunda temporada do "Projeto RicoChoro ComVida", que em sua primeira versão aconteceu de forma encantadora entre as paredes mágicas do Bar e Restaurante Barulhinho Bom - Rua da Palma, no Centro de São Luís - desta vez "RicoChoro ComVida na Praça". A ideia, além de levar música boa e de qualidade ao maior número de pessoa possíveis e democratizar o acesso à cultura ao passo que divulga uma dos mais puros e genuínos gêneros musicais brasileiros, o Chorinho, é proporcionar encontros entre estilos e gêneros musicais, gerações de artistas, de ideias, de cultura, de pessoas!

Difundir o Choro como a principal música a dar uma identidade cultural brasileira tem sido a principal bandeira da vida de Ricarte Almeida Santos "sociólogo (UFMA, 1999), pós-graduado em Gestão Cultural (Faculdade São Luís, 2008) e aluno do mestrado em Cultura, Educação e Sociedade (UFMA, 2011). Membro fundador do Clube do Choro do Maranhão, secretário executivo da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, vascaíno em tempo integral" como ele mesmo diz.
Ricarte é meu irmão número dois e eu sei (quase) tudo que ele enfrentou na vida para continuar com esta bandeira em riste, tremulando sob as brisas e as tempestades que vêm e vão - as vêm em forma de tsunamis. Mas, ele com o propósito bem maior que o de se importar apenas com o comodismo de seu bem-estar encara tudo com sobriedade, serenidade e uma bravura disfarçada por trás de uma aparente tranquilidade, acima de tudo! Tenho muito a aprender com ele. E olha que já aprendi muito. Sou fã absoluto!
Não tem sido fácil. Contudo, sua resistência, sua resiliência tem fortalecido não apenas a imagem do Choro (Chorinho) como gênero musical, mas tem fortalecido o gênero como tal. Tem atraído cada vez mais adeptos ao meio, quer seja como instrumentistas, cantores ou simplesmente admiradores.
São mais de 25 anos à frente do "Chorinhos & Chorões", programa que entra no ar todos sendo "o seu café instrumental" aos domingos das 9 as 10h da manhã na Rádio Universidade FM (106,9), são décadas de pesquisas, estudos, conversas, entrevistas e incontáveis horas de dedicação para fortalecer aquilo que conheceu como um gosto musical, digamos, hereditário.
A conclusão dessa temporada do "RicoChoro ComVida na Praça" tem uma gostosa sensação de vitória, de satisfação, de orgulho mesmo. Como já disse, muitas barreiras tem sido vencidas desde o início de seu trabalho na área. E 2016 surpreendeu a superação de todos os prognósticos (Só Jesus na causa!) Veja bem, tirar o chorinho de dentro das paredes dos bares e botecos (diga-se de passagem que já foi uma vitória espetacular levar mais essa opção de entretenimento para estes estabelecimentos) e levar às ruas foi mais que um passo, foi um salto! Levar gratuitamente uma estrutura de som e iluminação de qualidade, segurança e a comodidade de assistir sentado em 09 praças da capital maranhense em bairros em realidades sócio-econômicas bem distintas, pois foi do Centro ao Cohatrac, do Anjo da Guarda à Lagoa, passando pro Vinhais Velho e pelo "novo" Vinhais. Democrático e rompendo as barreirinhas, como faz parte da história do gênero desde lá atrás, com Chiquinha Gonzaga. Tudo isso com patrocínio da TVN, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão. E em breve tudo isso poderá ser visto em breve na TV UFMA.
Ricarte... parabéns pelo excelente trabalho feito até aqui. Parabéns por tua história e por cada pedra usada na construção dessa muralha musical até aqui. Parabéns pela equipe de guerreiros que conseguiu acompanhá-lo até o final da temporada de forma vitoriosa! Tô orgulhoso (e um pouco de inveja) de vocês! E que venha 2017! Já estou ansioso para por a mão na massa.

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sábado, 2 de julho de 2016

D'ANNE-SE EU AINDA NÃO DISSE TUDO QUE TENHO PRA DIZER

#DanneSe EU AINDA NÃO DISSE TUDO QUE TENHO PRA DIZER

Como alguns ser humano se mostram pequenos, mesquinhos e  individualistas. EGOÍSTAS!!! Durante muitos anos o concurso de Miss se mostrou desacreditado em todo o Brasil. No Maranhão não foi diferente. Porém, nos últimos anos o concurso tem se levantado da fase de ostracismo e mostrado que ainda tem muita vida pela frente. Aqui no Estado estamos engatinhando ainda. Embora em crescente adesão. 

Assim como as Misses nacionais, as Misses Maranhenses sempre fizeram bem seus papéis de embaixadora de beleza, elegância e trabalhos de apoios à causas assistenciais. Disso não podemos reclamar. Tivemos representantes muito boas. E nossas torcidas por elas sempre foram, na verdade, torcida de "família" tipo torcida do coração. O que nos três últimos anos tem sido diferente... Ingrid Gonçalves,  Isadora Amorim e, agora, Deise D'anne tem nos feito ter uma pontinha de esperança de termos o Maranhão (sempre tido como terra de gente feia) como representante da beleza nacional.

Uma coisa me chamou a atenção durante todo o processo do concurso desse ano. Desde que a jovem Deise D'anne foi anunciada como concorrente foi uma enxurrada de mensagens de apoio levantando uma frente de torcida e boas energias a essa menina negra de periferia (ela mora no bairro da Cohab). Uma movimentação nunca antes vista na história do certame das últimas décadas. 

A razão pra todo essa demonstração de carinho e torcida não se deu apenas pela beleza física da então candidata. O que fundamenta esse levante popular é a beleza da sua aura, da sua alma e da sua história. Deise é de origem pobre, nascida em hospital público, moradora, como já citado, do bairro da Cohab, de mãe que, segundo me informaram, que cozinha e fornece quentinha. É uma menina que desde muito cedo acredita em um sonho e corre atrás dele. Não espera cair do céu, não. Embora tenha muita fé, ela ajuda o milagre acontecer. Estuda, se capacita, se qualifica, trabalha dia e noite. Não foge de trabalho e tens os pés fincados no chão quando cobra seus honorários. E veste a camisa do trabalho assumido. Comprometida ao extremo. 

Assim como quase toda a cidade a conheço de eventos de negócios, ações promocionais, eventos de moda, beleza,  esportivos, programas de TV... Eu mesmo já a tive como componente de minhas equipes de trabalho algumas vezes. A última foi como recepcionista do concurso de Miss Maranhão Gay 2015. Ela foi brilhante! Competentíssima! Sem deixar de lado a simpatia e educação mostrou todo seu profissionalismo. É uma figura conhecida por seu trabalho. Alguns até pensam que tem mais idade por conta de tanto trabalho que tem no currículo. Há uns quatro anos foi destaque em um concurso nacional, Beleza na Comunidade, apresentando por Ana Hickman na TV Record.  

A vida da nossa representante nunca foi  fácil e bonito como o seu sorriso encantador. Os "Sins" nunca vieram com a facilidade dos "Nãos". Isso a fez ser tão guerreira como tem si mostrado. Nunca abaixou a cabeça. E os pontos negativos sempre foram trabalhados a medida que os foram sendo cada vez mais fortificados. 

Com o Miss Maranhão 2016 surgiu como uma grande oportunidade, talvez "A" oportunidade de sua vida. E toda sua bagagem e beleza inegável tenha lhe dado a certeza que estivesse pronta. Sentimento compartilhado por todos que acompanham seu trabalho e não tem ligação afetiva com nenhuma outra candidata.  Chegou o dia mais esperado por todos. Talvez mais pela torcida do que pela própria candidata. E, ao final da noite cheia de emoções, Deise D'anne fora coroada a Miss Maranhão 2016!!! Desculpem a repetição desse termo, mas é proposital (alguma pessoas precisam acostumar com a ideia pra digeri-la melhor).

Contudo, o que poderia ser um mar de rosas a partir de então, começou a ser um pouco espinhento. O que poderia ser um pedaço do Olímpo, mostrou um pedaço da arena onde a luta ainda te que continuar. Eis que por inveja, ou puro preconceito, surge uma falsa notícia que a eleita tenha fraudado documentação para diminuir a idade e consegue se candidatar ao posto. O que seria mais que fraude, seria crime. Quando um burburinho começa a crescer... Ela ressurge, apoiada por todos que a conhecem e pela organização do evento, a pequena desmascara a tentativa de manchar sua imagem ou de tirada da coroa. O regulamento foi cumprido e nenhum documento fora falsificado. As supostas provas apresentadas a um blogueiro, sim, eram falsas.

É triste saber que há pessoas capazes de tudo para prejudicar, atrapalhar e acabar com as outras. Mas, é maravilhoso sabe que Deus está do lado dos justos. 

O que custa às pessoas fazerem como Deise a cada "não" recebido? Parabeniza a quem recebeu o sim e vai trabalhar a razão do seu não. Isso é o jeito Deise D'anne de ser. Deixo esse conselho as pessoas não vitoriosas no Miss Maranhão 2016: A cada não recebido, D'anne-se!!!!  Analise, estude, exercite, refaça, ensaie, pratique, leia, pesquise, trabalhe. Isso é D'annar-se!!! Não tem jeito, a Miss é Negra sim! E quem não tiver satisfeito que espere o ano que vem e até lá, D'anne-se!




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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Põe teu preconceito no armário que quero passar com meu amor



Estava nesses dias do final de semana às voltas com o tema “o enfrentamento ao tráfico de pessoas nas fronteiras Panamazônicas”, na cidade de Quito, Equador. A despeito do boicote proposto pela cantora gospel Ana Paula Valadão. Fiquei refletindo como o preconceito nosso, de cada dia, leva à cegueira e inverte a capacidade de mobilização de uma figura pública que, como essa, tem grande alcance nacional e que poderia usar esse potencial, por exemplo, para combater o abuso e a exploração sexual contra mulheres, crianças e adolescentes no país. Fiquei me perguntando qual foi a sua manifestação pública a respeito do artigo de Eliane Trindade , que desnuda a prostituição no Centro Político do país, envolvendo deputados e outras figuras da República.

Pelo visto para muitos, incluindo essa jovem cantora, a questão da orientação sexual está relacionada à “promiscuidade” e a uma vida desregrada e “despudorada”, especialmente quando se trata de homossexuais e transgêneros. Em minha vida tenho a oportunidade de conviver continuamente com pessoas homossexuais. Tenho irmão, cunhado, sobrinho, amigas, amigos que têm essa orientação sexual. Eu, meu esposo e nossas filhas (adolescentes) compartilhamos muitos momentos com essas pessoas, encontros celebrativos, passeios, partilhas, etc. Em nossas convivências essas pessoas refletem uma conduta de valores, respeito e têm uma etiqueta social invejável. São pessoas dignas, honestas, justas, comprometidas e lutadoras.

Enquanto isso outras crianças e adolescentes estão sendo exploradas sexualmente, nas mais variadas situações (prostituição infantil, pornografia infantil, turismo sexual e tráfico), por muitos senhores heterossexuais, que, em grande parte, são autoridades locais, estaduais etc.; vistos pela sociedade com respeito e reconhecimento, pelas pessoas públicas que são, em todos os estados do Brasil. Para confirmar esse perfil basta acessar o Relatório Final da CPI destinada a apurar denúncias de turismo sexual e exploração sexual de crianças e adolescentes, publicada em junho de 2014.

Será que as lentes com as quais estamos olhando o tema da orientação sexual e identidade de gênero, estão manchadas por juízos equivocados, falsos valores e modelos mentais desatualizados? Será que não conseguimos perceber onde estão as vulnerabilidades à exploração sexual das crianças e adolescentes? Quando iremos perceber que o preconceito e a falta de acolhida das famílias aos jovens LGBT é, que na maioria das vezes, os joga na vala da vulnerabilidade, fazendo muitos deles vítimas das redes de exploração sexual?

Penso que esse tema necessita ser visto com as lentes do amor, da empatia e do respeito. Independente da nossa condição e orientação necessitamos saber acolher os diferentes. Amar apenas aqueles que são iguais a nós pode ser mero egoísmo: Afinal, “ Narciso acha feio o que não é espelho. ” Amar e acolher os diferentes imagino que seja amor genuíno, que nos faz mais gente, que nos permite repensar e reaprender a viver rumo a uma sociedade mais plural e pautada numa cultura de paz, de respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.

Esse texto expressa uma opinião estritamente pessoal. Trata-se de uma declaração de amor para dizer a essas pessoas que são estigmatizadas e discriminadas por suas orientações, que podem contar com o meu amor e com o meu respeito.

Rogenir Almeida Santos Costa, simplesmente uma cidadã.

domingo, 22 de maio de 2016

MINHAS LEMBRANÇAS JUNINAS EM SANTA TERESA DO PARUÁ


Maio já começa a se despedir para junho chegar cheio de alegria, de cores, de fogos, fogueiras e muitas músicas. Forró (de verdade), baião, toadas, quadrilhas juninas, tambor de crioulas, cacuriá, coco, lelê e tantas outras manifestações deliciosas que fazem deste período o mais gostoso do ano, até por conta das delícias da culinária do período: mingau de milho, canjica, pamonha, pé de moleque, cocadas, bolos de milho, de puba e de macaxeira. Embora, os que mais gosto é os espetinhos de carne.
Hoje, impulsionado por está colaborando em um trabalho de arraial, amanheci saudosista de meus tempos de crianças. Amanheci, neste domingo, ouvindo através de um aplicativo “Vivo Música” no meu celular o LP “Quadrilhas e Marchinhas Juninas” do Mestre Luiz Gonzaga. Quantas lembranças maravilhosas!
A primeira lembrança, na escolha do que ouvir hoje, foi meu querido pai, Raimundo Natividade dos Santos, vulgo Raimundo Juruca (como ele mesmo sempre se apresentava).  Seus domingos pela manhã eram para ouvir Gonzagão e Chorinhos. Outros gêneros ele gostava, mas estes eram suas predileções. A outra lembrança, na verdade, as demais lembranças me vieram ao ouvir as musicas “Fim de Festa”, “Polca Fogueteira”, “Olha pro Céu” (estas instrumentalizadas e a atuação perfeita de sua sanfona, que só faltava falar), “São João na Roça”, “Quero Chá” e, principalmente, “Boi Bumbá” (ê boi, ê boi, ê boi do Ceará. Muié segura os menino que agora vô dançar...). Parece que viajo no tempo, volto às décadas de 1980 e 1990 e estou vendo tudo na minha frente:
O arraial na área ao lado do Mercado ou na área entre a Escola e a Igreja Católica de Santa Terezinha. A quadrilha dos alunos do Colégio Santa Teresa está se apresentando no meio do arraial ao som das músicas acima do velho LP e tocadas no toca discos do sistema de som e alto-falantes (chamávamos de “Voz da Comunidade Católica de Santa Teresa do Paruá”), que eram emprestados para a ocasião. Responsabilidade de montagem, discotecagem e locução eram sempre do Professor Coimbra (meu professor de matemática). A frente da quadrilha estava o nosso querido e animado professor Ir. Reinaldo. Todos vestidos com roubas de matutos, improvisando com outras antigas de suas casas (os orçamentos domésticos não permitiam produções novas como se vê hoje em dia e como as quadrilhas juninas ficaram conhecidas). Bom, Reinaldo normalmente era o padre ou o pai da noiva e “gritava” a principal quadrilha. “BALANCÊ”, “CUMPRIMENTO ÀS DAMAS”, “CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS”, “GRANDE PASSEIO”, “TÚNEL”, “ANAVAN TUR”, “CAMINHO DA ROÇA”, “OLHA A COBRA”, “É MENTIRA”, “CARACOL”, “DESVIAR”, “GRANDE RODA”, “COROAR DAMAS”, “COROAR CAVALHEIROS”, “DAMAS AO CENTRO”, “GRANDE RODA” e “DESPEDIDA”. Estes eram os 17 passos da quadrilha. Eu criança ficava entretido e emocionado com tudo aquilo. Doidinho para participar. Para aproveitar mais destes momentos eu, algumas vezes, assistia aos ensaios, que sempre eram muito divertidos. As encenas eram um show a parte. De bolar de rir.

Aliás, o pré-festejo era sempre muito divertido e envolvente. A cercadura da arena onde se dançavam já feitas de cercas e arame (não farpados, né? Por favor... rsrsrs) e com o passar dos anos fizeram estruturas de ripas e ano após ano eram montadas na ocasião.
Para decorar o arraial inteiro (leia-se arena) todas as turmas do colégio eram convocadas e seus trabalhos de artes do final de maio e inicio de junho eram para produção de cordão de balões, bandeirinhas e correntes (estes de papel de seda, recortes de revistas antigas ou plásticos – brindes do fumo coringa). As turmas mais avançadas faziam artesanatos de palha como focos, esteiras e abanos, que eles customizavam e transformavam em bois, bonecas de tranças e bonecos.
A divisão das barracas era entres as turmas do colégio a partir da 4ª até a 8ª série (hoje 5º e 9º ano – esta última para arrecadar alguns trocados para ajudar na formatura), Club de Mães, professores e, não tenho bem certeza, mas, algo me diz que o sindicato dos trabalhadores rurais também era contemplado. A construção e decoração eram de responsabilidade dos contemplados com barracas. Sendo assim, lá íamos nós nos reunirmos na escola para discussão das nossas barracas. Cada um levava uma estaca para estruturação da casa e quanto uns tratavam dessa parte, outra parte da galera seguia para o morro, que fica atrás do Alto do Congresso, onde fica ainda hoje a Escola e Igreja Católica, para apanhar olho de palha das palmeiras. Era uma algazarra sem fim sob aquele sol sem fim. Contudo, era gostoso, divertido fazermos algo que a maioria dos pais faziam em seu dia a dia, alguns alunos também, para manter sua família com máximo de dignidade que tudo isso poder proporcionar a quem quer uma vida honesta.
Consigo visualizar as barracas ficando prontas e todos partindo para os trabalhos de decoração, desde então minha hora predileta. Deixar nosso ponto de trabalho bem bonito para receber nossos clientes. Para chegar nesse ponto já passamos pela escolha dos nomes, “Barraca Flor do Sertão” sempre foi presente em tooooodos os arraiais, (pausa para uma gargalhada pela nossa criatividade... KKKKKKKK). Já tínhamos passado também pela divisão dos pratos, ou melhor, pela divisão, de quem iria fornecer o quê para formação do cardápio. Os lá de casa sempre ficávamos com espetinhos de carne (o espeto eram tirados dos gravetos das estacas da cerca do quintal e praticamente esculpíamos na faca) ou com salgadinhos de trigo. Entretanto, o que mais gostava mesmo era de comprar e comer! Ser cliente, para comer mingau de milho, espetinho de carne com refrigerante Geneve, era minha melhor e mais prazerosa contribuição.
Fora as vendas de bebidas de comidas as barracas sempre inventavam outras atrações para atrair clientes e assim melhorar seus faturamentos. Lembro perfeitamente das pescarias da turma da minha irmã Rogenir, da Barba do Velho e da Nega Fulô da turma do meu irmão Rivaldo (desenhados por ele).
Quando arraial e barracas estavam montados e decorados, som montado e testado, Professor Coimbra a postos, público chegando, espetinhos assando, bebidas ainda gelando o festejo mais esperado por mim estava só começando. Não tardaria Gonzagão, Elba, Fagner e até Chiclete com Banana (sim, eles já cantaram músicas junina) animavam nossas noites. Depois viriam as apresentações do Pau de Fita da 2ª Série, das quadrilhas de todas as turmas das escolas da cidade e algumas de cidades vizinhas, resultados de concurso de Rainha Caipira, Grupos de Bumba-meu-boi e apresentações de grupos de danças em geral (inclusive já peguei alguns micos... kkkkkkkk). E quando chegava a hora da quadrilha da 8ª Série o festejo, pra mim, chegava ao ápice.
Foram tempos incríveis, marcantes e inesquecíveis. Época onde, mais que conheci, vivi a cultura de minha terra. Aprendi mais que gostar, ser parte dessa gente que faz a cultura. Dessa forma fui criado e educado. Não há eu (Rivânio, RivAS, Vanico, Vanoco ou Neném) sem festejo junino, sem Gonzaga, sem baião, sem xote, sem xaxado, sem bumba-meu-boi, sem minha gente, sem minha cultura.  E assim, o festejo junino, para mim, tem três representantes básicos e que são responsáveis por parte do que sou hoje: Gonzagão, meu pai e meu professor e amigo Ir. Reinaldo.  

Vejam:
FIM DE FESTA - Popurri Luiz Gonzaga e sua sanfona (Instrumental): https://www.youtube.com/watch?v=QrLg99IeoIE

BOI BUMBÁ – Luiz Gonzaga: https://www.youtube.com/watch?v=tVqFnQ1FCm0

                                                                         
Chiclete com Banana - músicas juninas: https://www.youtube.com/watch?v=ShgloD6YEJI



domingo, 8 de março de 2015

SOS ARAÇAGY E PRAIA DO MEIO

Caros amigos,

Em primeiro lugar quero agradecer a todos que gostam, curtem e compartilham minhas fotos no Instagram e Facebook. Fico muito lisongeado.

Gosto muito de mostrar as coisas bonitas de minha terra, o Maranhão. Contudo, não posso tapar o sol com a peneira... Preciso,  devo compartilhar com vocês as imagens aqui.

Hoje em uma saída para resolver umas questões particulares, que não vêm ao caso, resolvi dar uma volta pelas praias do Meio e Aracagy (até hoje não sei onde termina uma e começa a outra) para limpar a vista vendo belas paisagens. Até vi e já compartilhei com vocês duas fotos.

Mais que a paisagem com mar distante e um céu azul e cheio de nuvens em movimentos, que fotografam bem, algo me chamou a atenção e me chocou. Sai de lá arrasado. Triste. Preocupado!

Preocupado de forma geral. Meteu-o logo à cabeça o degelo das geleiras que estão fazendo subir o nível do mar. Já estamos sentindo as consequências.  Fiquei preocupado com os rumos que nós, seres "humanos", estamos dando à nossa morada Terra... Fiquei preocupado com as famílias que em anos de trabalho investiram em uma casa na praia como recompensa por uma vida de suor, nas famílias que dependem dos trabalhos de alguns de seus componentes nos bares e restaurantes das duas praias... Sai lá preocupado pois tudo isso pode desaparecer. Constatei que tudo isso pode... Ou melhor, está indo por água abaixo. Cada dia a maré sobe mais e com suas ondas, cada vez mais ferozes, está levando o que fora construído para algum fim importante por algum motivo a alguém. Fiquei preocupado pela falta de noção de perigo das consequências em razão das construções feitas sem critério de segurança futura. Fiquei preocupado pela falta de acompanhamento nas construções, o que poderia ser um preventivo.

Estou tremendamente preocupado com os rumos que a região está tomando, pois há nem sinal de que algo está sendo feito para conter o avanço da maré e nem para parar a erosão que segue rumo a algumas casas que estão na parte de cima  da praia.

Chegou a hora das administrações públicas, nas esferas municipal e estadual, unirem força para salvar duas das praias mais queridas pelos residentes e turistas na Ilha de São Luís. É preciso Urgência!!!