quinta-feira, 2 de março de 2023

SOBRE MARROM - O MUSICAL

 No último fim de semana fomos, Enoque e eu, convidados pelo Relações Públicas e Cerimonialista Neto Medeiros para irmos a Pré-estreia do espetáculo “Marrom, O Musical” em São Luís que seria -  e foi – ontem no Teatro Artur Azevedo. Lá fomos nós!

O musical em questão é um espetáculo idealizado pelo produtor Jô Santana, escrito e dirigido por Miguel Falabella em homenagem aos 50 anos de carreira da minha conterrânea, a cantora Alcione Nazareth. Eu particularmente fui cheio de ansiedade, pois Alcione foi a primeira grande voz nacional que me atraiu meus ouvidos e coração - eu ainda criança de meus 10 anos de idade. E, além de tudo, era maranhense, o que já me fazia sentir orgulhoso de ser da mesma terra dessa mulher tão gigante. 

Confesso que minha ansiedade em assistir ao espetáculo era maior para ver o trabalho de quatro artistas, também maranhenses -  Anastácia Lia, Millena Mendonça, Jefferson Gomes e Fernando Leite – selecionados em oficina da produção um ano antes. E quando digo que minha curiosidade era nesses três não é desmerecendo o criador, o autor e diretor e tampouco a homenageada. Eu não teria esse imensurável nível de audácia. Muito  pelo contrário... É justamente pela certeza que juntando Jô Santana (vejamos o sucesso que foi musical de Cartola), Falabella ( o rei dos musicais brasileiros) e Alcione (dispensa qualquer apresentação) o resultado não poderia ser outro que não um grande trabalho e um grande sucesso. A questão é, exceto pelo rapazes que não os conheço pessoalmente, as meninas, Anastácia e Millena, são duas grandes amigas queridas que o Projeto RicoChoro ComVida (quem já me conhece sabe) e o Carnaval me deram respectivamente. Então, não é sobre conhecer seus potenciais e torcer para que desse certo. É sobre ver que deu tudo certo. É ver o quão longe nossos artistas ainda podem chegar. É ver a arte maranhense no topo (vide Alcione) e ver aparecer outras grandes vozes que por aqui mesmo já sendo conhecidas ainda estão na estrada buscando construir seu legado no cenário musical.

Como se não fosse o suficiente o musical tem uma pegada sócio-cultural incrível. Os mais de 300 figurinos foram bordados pelas mãos de mulheres da Cooperativa Cuxá, sediado no Complexo Prisional de Pedrinhas. E ontem elas estiveram também na plateia cheias de orgulho de seus trabalhos vestirem um outro trabalho que traz na narrativa a história de uma artista tão singular e importante quanto a Marrom. Dava para ver em seus olhares e na postura de sentar ali, de frente, cara a cara com as cenas.

A noite foi linda! A noite foi emocionante!

A vida da nossa Marrom de fato foi muito bem desenhada associada ao auto do bumba-meu-boi, o sonho de menina, a relação familiar, a mudança de Estado, as viagens pelo mundo, os grande sucessos... tudo saindo de vozes maravilhosas de rapazes e moças que a cada nota cantada encantavam todos ali presentes e ao final de cada música arrancavam salvas de palmas de um público emocionado e orgulhoso de estar tendo esta oportunidade de ver no palco do Artur Azevedo algo que celebra a carreira de uma artista do quilate da grande Diva maranhense.


Para mim os destaques estão para começar no fato de ser um elenco com quase a totalidade de talentos pretos. Depois, no primeiro ato, o momento em que a atriz que interpreta Dona Felipa, mãe de Alcione, revela ao marido que alimentou o filho da amante dele por saber que a criança é irmã de seus filhos e então ela canta a música “A loba”... gente, o público vai ao delírio. O outro destaque, e, a meu ver, o ápice do musical está no segundo ato, em que tem um trecho do espetáculo que são todas as mulheres de vestidos amarelo e perucas – acho que inspirados na capa do LP “Pra que chorar” de 1977 -. Cara... essas mulheres fazem um pout-pourri de grandes sucessos “Alcionianos” entre um cenário que é uma mandala de escadas que giram fazendo as várias Marrons desfilarem suas vozes pelo palco do teatro. E ao fim desse momento épico o público aplaudiu sem parar por cerca de 5 minutos sem parar. Foi pra lá de lindo!  Putz grila... foi maravilhoso demais!!! E que me desculpem todas as demais cantoras e as rapazes que foram fenomenais e levaram tosos ao delírio, mas preciso falar de Anastácia e Millena... elas me fizeram chorar de emoção e orgulho!!! Saí dali de peito cheio!

O espetáculo “Marrom – O musical” fica em carta em São Luís de 02 a 04 de março no Teatro Artur Azevedo e terá algumas apresentações gratuitas para que o público em geral. E quem tiver oportunidade de assistir que não perca de forma alguma, pois vale muito à pena. Não falo de ver uma peça de teatro simplesmente. Falo é de ver, dentro de casa, talentos maranhenses brilhando em mais alto nível artístico para celebrar o nome da principal voz da música maranhense e nacional e uma das maiores do mundo!

Artistas maranhenses no musical. Fonte: Jornal Pequeno