domingo, 24 de maio de 2009

Guarnicê!


Urrou, urrou, urrou, urrou!
Meu novilho brasileiro,
Que a natureza criou!


É tempo de Guarnicê!
Tá chegando mês de junho, que é tempo de Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal!
E no Maranhão quando chega o mês de junho tudo é festa. O Estado se transforma no maior arraial do Brasil.
Neste arraial o maranhense mostra a alegria de sua alma no cacuriá, dança do coco, tambor de crioulas, quadrilhas, dança portuguesa e em várias outras manifestações folclóricas do Estado. E se tem no bumba-meu-boi uma das maiores representatividades da cultura maranhense.
Assim, nessa época também são os sons do pandeirão, das zabumbas, do tambor onça, das matracas ou dos clarins que ditam o ritmo da pulsação do coração desse povo que se transforma em cantador, índios, índias, caboclos de fita, caboclos de penas, vaqueiros, cazumbás, amos e matraqueiros.

Ai meu Deeeeeus!!!! Minguau de milho, churrasquinho, pamonha, canjica, bolo de milho, pipoca, beiju de carne seca, bolo de tapioca, torta de caranguejo, torta de camarão, vatapá, arroz de cuxá, farofa...Quer saber?...deixa de mãããão....não vamos nos preocupar...é cairmos dançando e cantando as músicas de dona Teté, as toadas dos bois e perder tudinho...
Então, viiiiiiiva Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal!
E preparem-se, vem aí...o melhor, o maior e o mais divertido São João do BRASIIIIIL!!!!!

Então....

“Sabiá

Já mostrou seu canto

Enfrentou cantor do boi da pindoba

Ê boi...

Chegou prenda do Rosário

Beirada nunca viu tanto brilho e clarim


Chiador,

levantou maioba

Chão tremeu, quem fez?

Foi Maracanã...


Ê boi, chegou

Batalhão da mata,

Enfrenta o contrário no cordão

Ê boi...


Zé de França Pereira viu

Esse boi tão pequeno chegar

Madre Deus de São Pedro fez

Esse boi chorar...


Levanta boi e vai

Que é pro amo ver

Que boi também chora,

Também sente dor

Que boi também chora

,Também sente dor

Que oi também chora


Lê lê lê...”


(Boi de Lágrimas - Composição: Raimundo Makarra)
foto: Margarida Berthier

sexta-feira, 22 de maio de 2009

7ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS – 4º DIA


Oláaa, PESSOAS!
Espero que estejam todos bem.
Bom, ontem encerrou a 7ª Semana Nacional de Museus em São Luís.
E o dia foi marcado pela palestra do Prof. Msc. Davi Andrade, da UFMA. Ele falou sobre o tema “Mercado Turístico e Museu”. Um das suas primeiras colocações foram as mudanças do mercado turístico, tais como: novos destinos, valorização da experiência, uso de tecnologias, preocupação ambiental e sociocultural e mais participação as sociedade e da iniciativa privada que se fazem necessárias.
Depois mostrar diversos conceitos do que é museu, o Mestre disse que disse que este dá possibilidades para uma relação com o patrimônio do tipo: conhecimento, valorização do patrimônio, autoestima, desenvolvimento de capacidades cognitivas (observação, análise, comparação, síntese e interpretação) e novas tecnologias e a interatividade. E tudo isso fica mais assegurado quando são praticadas as diretrizes e os objetivos da Política Nacional de Museus que visão uma melhor gestão e configuração do campo museológico, democratização e acesso aos bens culturais, informatização dos museus e, dentre outras coisas, modernização da infraestrutura museológica.
Segundo Andrade, hoje os museus são espaços para conhecimento e reflexão, sensibilidade, respeito, beleza, passado, presente e futuro. E aqui está o grande desafio dos museus de hoje que têm uma busca incessante da preservação, conservação e comunicação da memória social. E garantias que Museus têm uma enorme contribuição na valorização da identidade local, ou nacional, como os citados Museu da Língua Portuguesa (SP), Museu do Folclore (RJ), Museus das Artes de São Paulo (SP), Museu da Cachaça (PE), Museu do Futebol (SP), Casa do Maranhão (MA), Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MA).
As palestras que ocorreram neste evento foram excelentes. Os profissionais envolvidos e participantes, assim como as pessoas que assistiram estão de parabéns.
A coordenação do evento, a equipe do MHAM, mostrou muita garra, força de vontade e, diga-se de passagem, uma enoooorme vontade de fazer acontecer, e acontecer bem feito. Conseguiram. O evento foi um sucesso, mesmo com greve de ônibus e chuva... foi provado que o casamento entre o Museu e o Turismo é para sempre, não tem divórcio.
Este é um casamento antigo. E, como sempre dizem, que quem coisa antiga é museu... logo teremos turista como peça de museu. Mas, olhem...lembrem que hoje em dia museu gosta de coisas do presente e coisas do futuro, tá?..tudo para atrair cada vez mais visitantes e curiosos. Não é lindo isso?...
Eu, como turismólogo, fiquei feliz, emocionado e muito, mas muito orgulhoso mesmo de o Turismo ter sido o tema da 7ª Semana Nacional de Museus e espero que esta relação fique cada vez mais forte e seguro. E que traga muitos frutos e desenvolvimento a nossa cidade.


Ah....a Prof. Adriana Flexa alertou que, apesar de termos 19 museus e casas de culturas cadastrados na Secretaria de Turismo, na Winkipédia, ferramenta da internet muito utilizada atualmente, só cita 3....e como prometi....logo, logo postarei aqui fotos dos 19 com descrição do que é exposto em cada um deles. Aguardem!!!!!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

7ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS – 3º DIA



Ontem (20/05) o evento só aconteceu no período da tarde com três palestras interessantíssimas:
A primeira palestra foi “UM PASSEIO POR SÃO LUÍS DO MARANHÃO:FOTOGRAFIA E PRESERVAÇÃO” de RIVANIO ALMEIDA SANTOS (Eu, que sou TURISMÓLOGO!). Esta palestra foi sobre o meu TCC, que fiz na modalidade ensaio fotográfico e que tenta mostrar, por meios de textos e imagens, os sentidos em que uma fotografia pode ser analisada e a importância da fotografia de São Luís à preservação do Patrimônio Cultural Edificado local através da história da cidade dividida em quatro etapas, baseadas nos tipos de arquitetura militar, religiosa, civil e fabril. Além disso, pretende ainda mostrar qual a melhor utilização a ser dada à imagem fotográfica, que é ser a garantia da preservação do nosso patrimônio cultural edificado.
A segunda palestra, “O CARNAVAL DE SÃO LUÍS MOSTRADO POR SEUS CRIADORES E SUAS CRIAÇÕES: Um recorte de 1970 à 2000” de ENOQUE OLIVEIRA SILVA (também TURISMÓLOGO). Foi também sobre o seu TCC, também na modalidade ensaio fotográfico. E a pretensão não foi contar a história do carnaval de São Luís, mas sim traçar o perfil profissional dos criadores narrando, através de suas criações realizadas, a importante contribuição dada por eles, para a construção de uma das mais notáveis fases do carnaval da capital do Maranhão. Além das suas visões relativas à importância de suas obras à atividade turística local. Os artistas trabalhados, como objeto maior deste estudo, foram eleitos a partir das indicações que estão registradas nos periódicos que circularam na época antes mencionada (anos 70, 80 e 90), ou indicações feitas pela própria comunidade artística e promotores culturais que geraram trabalhos para os referidos criadores. Tudo produzido através de registros de imagens, textos feitos a partir de pesquisas literárias e entrevistas orais.
Para finalizar o dia tivemos a honra de mais uma vez termos a Profª Marcela Cougo como palestrante. Desta vez sobre “Turismo e Direito do Consumidor” e que seria também o lançamento do livro “Viajando Direito”, de Luciana Atheniense e da própria Marcela Cougo, pena que o Livro não chegou a tempo para vendas. Mas, para quem possa interessar, é possível fazer a compra pela internet (americanas.com e mercado livre), custa aproximadamente R$15,00.
Bom, a palestra abordou assuntos como as Legislações Turísticas, as Legislações Distintas aos Prestadores de Serviços Turísticos, Legislação e Normas do Turismo em nossa Sociedade e suas repercussões e da Prestação de Serviços ao turista (consumidor final) que acaba sendo vítima de algum evento. A professora proferiu sobre os princípios que devem ser praticados pelos prestadores de serviços para garantir o excelente atendimento e se evitar pequenos transtornos que podem trazer grandes prejuízos. Princípios como o da Transparência (clareza nas informações que passa), da Boa Fé (honestidade e lealdade: não fazer nada querendo passar a perna no cliente), do Equilíbrio Contratual (não usar de cláusulas abusivas que asseguram vantagens unilaterais ou exageradas ao fornecedor, além de registrar tudo em papel ou e-mail), da CONFIANÇA (garantir que se atendam as expectativas criadas no cliente) e o princípio da SEGURANÇA (oferecer acima de tudo segurança a integridade física do consumidor) foram muito bem explicados.
Nessa relação, Fornecedor x Consumidor, a professora colocou que “O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”. Então se faz necessário que se faça sempre um Termo de Responsabilidades e tome medidas que evitem casos de Danos morais (e físicos, claro!) e se chegue ao nível de situações que exijam soluções extrajudiciais e até mesmo judiciais. Para tanto, Professora Cougo deixa as seguintes propostas:
- Aprovação da Lei Geral do Turismo em conformidade com o CDC (Código de Defesa do Consumidor);
- Formalização a prestação dos serviços de hospedagem;
- Capacitação dos funcionários;
- Certificação de que o turista está ciente dos serviços adquiridos;
- União e conscientização dos empresários do setor do Turismo.
O dia foi realmente muito produtivo e contou com um público muito bom para um dia de chuva forte. E todos gostaram das palestras e nos parabenizaram pelos nossos trabalhos que deveras ficaram LINDOS!
Desculpem a “modéstia”, mas preciso ser sincero.



OBS.: para descrever melhor a palestra (que eu assistir) da professora Marcela Cougo, ela gentilmente, me cedeu sua apresentação em PowerPoint no meu pen-drive.

7ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS – 1º e 2º DIAS


O primeiro dia (19/05) da 7ª Semana Nacional de Museus foi marcado pelo protocolo de abertura e pelo “Café Mesclado com Turismo”, adorei esta ideia! No segundo dia do evento, mesmo com a greve de ônibus, aconteceu a Oficina “Museu e Turismo”, ministrado pela Profª Doutoranda Marcela Cougo (MG). Nesta oficina pudemos aprender e entender como um museu pode ser organizado de forma a tornar qualquer visita mais interessante.
Pudemos conferir na ocasião imagens de museus europeus onde se utilizam de meios dos mais simples aos mais modernos para se deixar o museu mais interativo com o visitante. Afinal, o tempo em que o museu apenas recebia visitas, de forma passiva, e não “conversava” com o visitante, ficou láááá atrás. Então... vimos que informação na porta do prédio do valor da entrada, se for pago, ou da entrada gratuita, por exemplo, pode ser um fator para despertar o interesse de uma pessoa que estiver passando na rua.
Um calendário das atividades referentes ao mês em andamento pode ajudar um visitante a se programar para uma nova visita com mais pessoas. Se numa sala visitada tiver informações do que se encontrará na próxima sala deixa o expectador com certa expectativa e vontade de conhecer o museu até o final, e não com vontade de voltar dali mesmo. Um “aperitivo” da visita. Entram no meio, de ações importantes e inteligentes, para divulgação de um museu os famosos e úteis folders, com informações sobre o local, do acervo, dos acessos, dos meios de transportes fáceis, dos pontos de referências, mapas. Enfim, o folder deve conter informações que mostrem as facilidades reais que se tem para se chegar até o local e o que se encontra na redondeza, além de fazer um link com outros museus, casas de culturas e tal.
Vimos ainda meios que os museus na Europa usam para aumentar suas rendas, como lojas de venda de livros, lembranças, réplicas de peças em exposição, cafeterias, cibercafés, etc.
Tivemos nesse mesmo dia uma espécie de mesa redonda com a palestra “Museu como Equipamento Turístico na Produção do conhecimento, Lazer e Entretenimento”, da qual participaram as Professoras Adriana Flecha (ABAV-MA) e Marilene Sabino. Nesse momento foi discutido o papel do museu no desenvolvimento da atividade turística.
Vimos, dentre tantas coisas, que muitas cidades do mundo têm nos seus museus grandes atrativos turísticos e fortes referências. Por exemplo, quando se fala em Paris, uma das imagens que nos vem à mente é o Museu do Louvre (o que, infelizmente, ainda não ocorre com São Luís e seus museus). Isso porque um museu é sempre uma graaaande potencialidade de atração turística, pois normalmente quem vai a uma localidade quer conhecer um pouco mais de sua história, de sua gente, de seu passado, para entender situações sociais, econômicas... Afinal, de alguma forma é um pedaço da história do país visitado e da história da humanidade.
Além de o museu ser um potencial atrativo há outro viés nessa relação indissociável. O turismo é um excelente “fornecedor” de visitantes aos museus, galerias e casas de culturas. É de conhecimento, e da percepção, de todos que o maior número de visitantes em museus é de turistas. Não que a comunidade residente não visite, até visitam mas, em menor quantidades e em menor freqüência. Isso pelo fato de que o residente que tem conhecimento da existência e da localização de um museu (há quem não conheça e até que não sabia da existência...) acaba deixando para depois, para outro dia, para quando tiver mais tempo... E o cotidiano acaba por fazê-los esquecer esse compromisso consigo mesmos, e com a cultura local, e os amigos acabam por levá-los às cervejas aos finais de semanas. E o museu?....fica pra próxima!
Discutiu-se ainda a falta das escolas, que já não visitam com tanta frequência e estas quando mandam turmas, mandam com informações equivocadas e até mesmo erradas. Desconhecimento e descompromisso dos próprios professores. Daí foi sugerido que os museus se divulguem mais, façam novos e mais convênios com associações de classes, que aluguem espaços para eventos (festas, palestras, reuniões, cafés, lanches...), que não mais esperem que “a escola vá até o museu”. Que se faça o caminho contrário, o museu então vá até as escolas. Discutam, conversem, divulguem, instiguem a curiosidade dos alunos e dos professores. Que tragam as escolas até si.
Foi um dia de aprendizados estupendos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

7ª SEMANA DE MUSEUS




INSCREVA-SE!!!

7ª SEMANA DE MUSEUS
17 à 23 de maio de 2009.


Museus e Turismo.
Viaje no Tempo.

Dia 20

14h.
Palestra:
O CARNAVAL DE SÃO LUÍS MOSTRADO POR SEUS CRIADORES E SUAS CRIAÇÕES:
Um recorte de 1970 à 2000.
Palestrante: Enoque Oliveira Silva

15h.
Palestra:
UM PASSEIO POR SÃO LUÍS DO MARANHÃO:
Fotografia e Preservação.
Palestrante: Rivanio Almeida Santos
Local: Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol – Centro)

PARTICIPE!!!

ATENDIMENTO EM DESTAQUE



Estivemos, Enoque e eu, hoje na Av. Litorânea para almoçar.
O local escolhido foi o “Henrique Barraca”, conhecido pela qualidade física do espaço, do repertório musical, comida deliciosa... Mas, o destaque de atendimento foi à garçonete Rafaela (foto). Ela é muito atenciosa, simpática, educada e atende sempre com um sorriso no rosto.
Parabéns ao Henrique, por ter em sua equipe uma atendente tão bacana e competente.
À Rafaela, muito obrigado!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DA RAMPA CAMPOS MELO AO CAIS DA PRAIA GRANDE

Fotos:
1. Primeira rampa, séc. XIX. (Fonte: Ananias Alves Martins, 2000).
2. Entrada da primeira rampa. (Foto: Thaís Pelúcio, 2005).
3. Praça localizada onde antes foi a segunda rampa, a Campos Melo. (Foto: Thaís Pelúcio, 2005).
4. Vista do Cais da Praia Grande, em 2005. (Foto: Thaís Pelúcio, 2005).
5. Barco Chegando de Cajapió. (Foto: Thaís Pelúcio, 2005).


Vocês que me conhecem sabem da minha paixão por esta cidade e por sua história... tudo sobre sua história que vai caindo na minhas mãos eu vou lendo. Informação nunca é demais. E neste dias de descanso forçado, estou revendo alguns trabalhos, alguns textos e quero comentar um pouco com vocês sobre o Cais da Praia.
Bom, estudar São Luís através dos tempos é uma viagem na evolução urbana e social de uma cidade que é marco na colonização portuguesa no norte da América do Sul e ponto inicial para a entrada na Amazônia.
Próximo ao local de fundação da cidade, pelos franceses (doa a quem doer!!!), consolidou-se o principal porto da ilha, que aos poucos, se tornara o “habitat” de mercadores. Justo onde está o sítio que gradativamente foi sendo aterrado com dinheiro do comércio, para se firmar como motor econômico da cidade de fins do século XVIII, XIX e parte do século XX, na reentrância do Rio Bacanga, a que denominaram Praia Grande (localizada entre o atual Viva Cidadão e a Rua Portugal, antiga Rua do Trapiche).
Até a década de 60, do século XX, o bairro da Praia Grande era reconhecido como o maior centro polarizador do comércio maranhense, o que foi base à formação econômica maranhense. Aliás, o Pólo Comercial da Praia Grande teve tamanha importância à economia estadual, com ligações a diversos aspectos da história do Maranhão, que abrigou o único porto de entrada e saída de mercadorias do Estado, dada a sua privilegiada localização. E nas suas ruas estavam localizadas as principais e mais importantes firmas do comércio local de então, tais como Cunha Santos e Cia, Martins Irmãos e Cia e Lages e Cia, além da firma da grande comerciante de farinha, a mais famosa do Maranhão, a negra, ex-escrava, Catarina Mina. Ficavam ainda ali, a alfândega, o Banco do Brasil e o Boston Bank.
Tudo que era comercializado na ilha vinha, ou ia, através do transporte aquático e devido ao crescimento do comércio local a frequência de embarcações no principal porto da cidade aumentou, gerando uma necessidade de se construir uma infraestrutura para melhor atender a nova demanda. Esta infraestrutura incluía aterros e construções de rampas, entre elas a Rampa Campos Melo, que, ainda hoje, tem sua importância, principalmente, no embarque e desembarque de pessoas do interior do Estado ou de turistas que vêm conhecer a cidade e suas histórias e que desejam também conhecer a cidade de Alcântara.
Havia no século XVII um considerável tráfego entre as cidades de São Luís, Alcântara e Belém, que comercializavam entre si. E, mesmo o comércio com Portugal sendo muito pequeno, já se podia contar que anualmente havia uma média de seis (06) navios trafegando entre São Luís e Lisboa, isso até 1675.
Neste mesmo período partiam grandes números de pessoas para explorar, e até povoar, a região na costa maranhense e as terras que ficavam “descendo” os rios.
Com a ampliação do comércio e a consequente elevação do movimento no porto, alguns problemas foram surgindo e aumentaram os desmoronamentos nas beiras dos rios, formando bancos de areias nas proximidades dos portos, impedindo a aproximação dos navios.
No início do século XIX, foram previstos três projetos de cais, sendo: um na Ponta do São Francisco (Ponta D’areia), outro no Sítio do Tamancão (Ponta do Bonfim) e, o único que realmente fora construído, o Cais da Sagração (em homenagem a sagração de D. Pedro II a imperador), que vai do Baluarte do Palácio até a Ponta dos Remédios.
Com a chegada dos navios a vapor, em 1850, a travessia ficou muito mais fácil atravessar o boqueirão, na Baía de São de Marcos, onde muitas embarcações naufragaram que se dirigiam às bocas dos rios.
Mas, voltando um pouco no tempo, ainda em 1812, já existia uma rampa para embarque e desembarque de passageiros, localizada em frente à Praça da Águia Posada (atual Pç. Marcílio Dias), entre o viaduto do palácio e a sede da Capitania dos Portos do Maranhão. E neste mesmo ano uma segunda rampa fora construída ao final da Rua do Trapiche (R. Portugal) e recebeu o nome de Rampa Campos Melo, por causa do então presidente da província Antônio Manuel de Campos Melo, que autorizou a construção.
Esta segunda rampa favoreceu o transporte de cargas e passageiros e tornou-se uma dos espaços sociais de grande movimentação da época, segundo historiadores.
Até a década de 70, do século XIX, a Rampa Campos Melo foi de importância vital ao transporte da população da baixada maranhense que até então não dispunha de transportes rodoviários. Estes passariam a oferecer maior segurança e conforto, além de independer de horários de marés. E, com o crescimento da cidade em termos físicos, o desenvolvimento dos transportes terrestres e a descentralização do portão de entrada e saída de pessoas e mercadorias na ilha, o setor comercial se espalhou e o Bairro da Praia Grande fora sendo deixado de lado. Surge então o Projeto Reviver para revitalização do bairro da Praia Grande.
Na época que fora feito o aterro do Bacanga, a segunda rampa (no final da Rua Portugal) foi aterrada e no local hoje há uma praça. Ao lado da primeira rampa, fora construído um abrigo, que ficou conhecido como Rampa Campos Melo.
Em 1999, o pequeno porto sofreu uma “grande” reforma, na qual teve todo o abrigo reconstruído e foi reinaugurado com o nome de “Cais da Praia Grande”, com instalações mais modernas. E, mesmo hoje, estando em um estado que não é o mais desejado e o mais apropriado, ainda beneficia (aliás, beneficia não... atende) os visitantes e residentes que queiram ir até Alcântara e outros interiores (da baixada ou mesmo das reentrâncias maranhenses), as pessoas que ainda têm nos barcos seus únicos meios de transportes entre estas cidades e à capital do Estado.
Vejam que interessante este tipo de estudo... Pode-se verificar que em um estudo histórico do Cais da Praia Grande não se pode deixar de lado o Bairro da Praia Grande, pois ele acompanha a evolução do comércio do bairro. Vejamos: a primeira e a segunda rampas foram construídas devido ao crescimento do comércio maranhense que se concentrava nas imediações do porto, que foi o mais importante quando a economia local estava em alta; quando o transporte terrestre se desenvolveu e o centro comercial saiu da Praia Grande a utilização portuária teve uma baixa extremamente considerável; e, atualmente, na onda do comércio turístico, embora não como antes, a movimentação e a utilização do cais voltou a crescer, principalmente por pessoas (residentes e visitantes) com destino à Alcântara.
Quem conhece o local pode confirmar o que digo: Mesmo com a última reforma ainda falta muito para que o atendimento aos usuários seja o ideal. Não só aos turistas, mas, principalmente, às pessoas (residentes) que embarcam e desembarcam do interior do Estado, que além de serem atendidas por pessoas despreparadas, por exemplo, têm que transitar entre cargas e animais.

REFERÊNCIAS:
LIMA, Carlos de. Caminhos de São Luís: (Ruas, Logradouros e Prédios Históricos). São Paulo: Siciliano. 2002.

MARTINS, Ananias Alves. São Luís: Fundamentos do Patrimônio Cultural – Séc. XVII, XVIII e XIX. São Luís: Sanluiz, 2000.

REIS, José Ribamar Sousa dos. Praia Grande. Cenários: Históricos, Turísticos e Sentimentais. São Luís: Litograf, 2002.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Onde Canta o Sabiá

Olá...descobri uma poesia que eu fiz em 2004. Já tinha até esquecido dela..rsrsrs.
Vejam:


Onde Canta o Sabiá
(Rivanio Almeida Santos)

Minha terra não tem só palmeiras onde canta o sabiá.
Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá.
Minha terra tem sombra, tem vento e tem rede, onde eu posso me deitar.
Minha terra tem dunas onde posso deitar e rolar.
Tem barco, tem canoa que me levam para pescar.
Minha terra tem sol, tem lua e também tem mar.
Minha terra tem o “boi”, tem coreiras e também o cacuriá.
Minha terra tem tristezas, mas também muita beleza,
Tem leveza e um povo que vive a se alegrar.
Minha terra tem João do Vale e essa gente que nos fazem cantar.
Minha terra tem Antônio Vieira, subindo e descendo ladeira, compondo seu La-ra-lá.
Tem mais amor, tem gente hospitaleira, que a quem passa por lá, sempre procura agradar.
Muita gente foi para passear.
Outros foram para morar e quem se vai embora nunca sai sem chorar.
E sempre assim foi, sempre assim será:
Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá.

sábado, 9 de maio de 2009

MINHA SÃO LUIS

Detalhe de fachada de uma casa na Rua do Sol. Foto: Rivanio Almeida Santos

Ponte José Sarney vista da Praça Maria Aragão. Foto: Rivanio Almeida Santos


Ponta do Tamancão, vista da Av. Beira-Mar. Foto: Rivanio Almeida Santos



Rua Portugal, Bairro Praia Grande. Foto: Rivanio Almeida Santos




Praça Gonçalves Dias. Foto: Rivanio Almeida Santos





Praça Benedito Leite. Foto: Rivanio Almeida Santos






sábado, 2 de maio de 2009

RESTAURANTE LIN JIN - BELÔ - MG



Gente, como esse negócio de blog vicia, meu Deus. Passei uma semana procurando um e-mail para fazer o post anterior. E, agora, tenho que compartilhar com vocês mais este assunto.

E hão de convir que boas notícias e bons exemplos são sempre bem vindos.

Olhem só... Enoque chegou ontem à tarde, depois de uma semana viajando. Ele estava a trabalho pela SETUR – SLZ (Secretaria Municipal de Turismo de São Luís). Esta viagem teve objetivo de se realizar dois eventos de lançamento do São João de São Luís 2009. Um. no dia 28/04, em Fortaleza (CE) e a outro anteontem, 30/04, em Belo Horizonte (MG). Ambos os eventos foram bem sucedidos. Os participantes que foram daqui, representando a cadeia produtiva do turismo maranhense, ou ludovicense, fizeram grandes e excelentes contatos.

Aliás, já tive oportunidades de participar de vários eventos, com o trade de São Luís em outras cidades, a exemplo das rodadas de negócios, pela Secretaria Municipal de Turismo. Não, eu não era funcionário da Secretaria ou de alguma das instituições e empresas envolvidas. Isso quem me conhece sabe. Fui a caráter voluntário, assim como participei de vários eventos da mesma secretaria por livre e espontânea vontade. Meu interesse maior era conhecer a fundo este tipo de negócio, ter experiências, conhecimento de como funcionam estes eventos. Não fosse eu me financiar, não fazer estes investimentos não teria este conhecimento na are do turismo, que é uma grande paixão. E posso garantir que os eventos tipo as rodadas de negócios são um excelente meio de divulgação que a Secretaria tem feito, seja sozinha (como vez nas primeiras vezes) ou em parceria com a Secretaria Estadual (como nas últimas vezes). E, por falar nisso, parceria é a palavra.

Temos que trabalhar com parcerias. Sozinho, disputa de egos ou política, é fazer um retrocesso, ou pelo menos estagnar tudo que se tem feito. É nadar, nadar e morrer na praia.

Pois bem, mas o que quero contar a vocês foi uma coisa que Enoque me contou que aconteceu com ele em um restaurante de comida chinesa de BH. Ele foi almoçar no restaurante LIN JIN, que fica na Avenida Getúlio Vagas, “defronte” ao Boulevard Plaza Hotel.

Abordado pela matre e depois pelo garçon, muito bem trajado e educado, ele pediu um almoço executivo. Escolheu para este almoço macarrão com camarão. Por algum engano na cozinha, veio frango desossado. De imediato fora feito o comunicado do engano. “O frango voltou pra cozinha” e depois de um tempo lhe foi servido uma barca de macarrão com camarão, com champignon, algas marinhas, cenouras, batatas, alho poró, alcaparras, aspargos e cogumelos.

Mais uma vez Enoque avisou ao garçom que houve um engano no atendimento ao seu pedido. A matre então lhe que disse não houve engano algum, a dona do restaurante mandou que lhe servissem a barca (muuuuito maior que o almoço executivo pedido) como um pedido de desculpas do restaurante pelo engano no atendimento. E só foi pago o valor do prato executivo. Isso sim é excelência em atendimento, contornar uma situação desagradável de forma elegante, excedendo as expectativas do cliente.

Atitudes como a que a dona do restaurante LIN JIN teve fazem com que o seu estabelecimento seja visto com bons olhos e caiam na famosa propaganda boca a boca, como um restaurante excelente, na qualidade dos serviços e no atendimento.

Restaurante LIN JIN, em Belo Horizonte, além de boa comida, um excelente atendimento. Um exemplo a ser seguido.

É isso...logo, logo tem mais.

Foto: Fonte internet.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

UM DIA NA VIDA DE REGINETE


Em outubro de 2008, eu recebi um texto muito bacana. Não sei de quem é a autoria. Se alguém souber, por favor, me diga pra que eu ponha o crédito.

Bom, somente sendo maranhense, em tempo 100% integral pra entender. então, transcrevio abaixo. Divirta-se:


UM DIA NA VIDA DE REGINETE

Reginete, a empregada da casa do Vieira, chega da Rua Grande toda querendo ser, de traca amarela, uma japonesa bandeirosa com pontuação 2 números acima da sua, rebolando e exibindo sua calça nova, daquelas bem apertadas e lá no rendengue, que comprou pra sair à noite. Logo gerou um bafafá dos invejosos da rua.
- Olha a barata do Vieira. Quer se aparecer! Tá escritinha uma fulêra!
- E tu parece uma nigrinha dando conta da vida dos outros
– retruca à mulher Seu Barriga.Porém, despertou também o interesse da molecada da rua.
A galera do chucho parou para secar a moça. Até quem tava no desafiado. Guga largou de empinar seu papagaio aos gritos de 'lá vaiii lá vaiii...', sempre na guina para lancear melhor e com uma bimbarra reforçada, como proteção ao freio, e linha puída pelos amigos que sabotavam pisando nela, para admirar:
- Éguass Reginete! Tá bonita como quê!
- Hmmmm piqueno. O que é heim? Só porque to com minha calça nova?Comprei na Lobrás tá?!
Victor, o mais novo da turma, desinformado, questiona:
- O que é Lobrás?
- É uma loja, abestado. Ao pegado da Mesbla. Defronte as Pernambucanas. Onde a gente vai sempre capar bombom – corta Guga.
Caverna, sempre casqueiro, largou sua curica, feita de talo de coqueiro e folha de caderno, e veio, catingando que só ele, arrumar cascaria com Guga.
- O quê que tu quer?! Ela é minha.
- Hmmmm tu quer te amostrar pros teus pariceiro? Te dôle um bogue!!!
- Me dáli??? Rapá, tu não me trisca!!!
E a galera querendo ver o oco vem zilada jogar lenha na fogueira.
- Éééésseeeeee!!! Tá falando da tua mãe!!! Chamou de qualhira!
- Éééguasss... eu não deixava!!! Cospe aqui – diz Dudu estendendo a mão.
Mas Guga não entra na conversa dos amigos:
- Vocês só querem ver a caveira dos outros!
- Ihhh gelão... cagou ralo hein Guga!!! Tá aberando!!!
Até que chega Lombo, o mais velho da turma, que jogava peteca naquele momento. Ele tinha o costume de quebrar as petecas alheias na brincadeira do cai, dando um china-pau com seu cocão de aço, principalmente se fosse uma olho de gato. Utilizava, também, o recurso do olhinho, mas dificilmente só bilava. Pediu limpo, completou matança nas borrocas e depois foi pro casa ou bola. Às vezes porco ou leitão vistando. Ele intervem:
- Ê Caverna, tu já tá coisando os outros aí né?! Vaii já levar um sambacu!
- Hen heim. Vamo já te dar um malha – confirma Guga, aliviado com a intervenção de Lombo.
- Hen heim – ironiza Caverna imitando Guga com voz afeminada.
- Não me arremeda não!!! Olha o raspa!!!
- Ahhh... vai te lascar!!!
Depois do furdunço por sua causa, Reginete sai toda empolgada de lá e decide dar logo uma parada na quitanda da Zefinha, lembrando que seu Vieira havia pedido que ela comprasse alguns ingredientes para garantir o fim de semana, já que Dona Veridiana ainda não havia feito a Lusitana do mês.
- Oi Dona Zefa. Quero camarão seco pra botar na juçara da dona Veridiana e fazer arroz de cuxá. Me arrume 3 Jeneves também, 2 quilos de macaxeira, um lidileite alimba, 2 pães massa fina e 4 massa grossa!
- Ahh... e uma canihouse pro seu Vieira!
- A senhora vai checar seu estoque no freezer e retorna:
- Ê essa outra... só tem Guaraná Jesus. Vais querer? Vais querer quantas mãozadas de camarão?
- Três mãozadas tá bom. E pode ser Jesus sim.
Ao chegar em casa com as compras, seu Vieira repreende a moça:
- Tu fica remancheando pra trazer o cumê. To urrando de fome aqui já!Cuida piquena!! Vou só banhar e quando voltar quero ver tudo pronto.
- Ô seu Vieira... o senhor é muito desinsufrido! Já to arreliada com uma confusão dos meninos na rua. Não me aguneia! Confie ni mim que faço tudo vuada! O senhor sabe que...
- Já seiii... tá bom... aí fala mais que a nêga do leite. Eu heim?! –Seu Vieira interrompe.
Neste momento chega Marquinho, filho do seu Vieira, com a equipagem da Bolívia Querida toda suja. Sinal de mais trabalho pra Reginete.
- Menino, olha essa tua roupa. Tava num chiqueiro era? Vai ficar encardidinha! Isso não sai não! E esses brinquedos?! Tudo esbandalhado! Aí não tem jeito! Olha... tá só o cieiro (ou ceroto, como queiram)!
- Tava jogando travinha com os moleques! Não enche e me dá logo esse refri aí que to com sede.
- Hum Hum. Isso é do seu Vieira!
- Marrapá! Por quê?! Deixa de canhenguice, piquena!
- Deixa eu cuidar comigo que ainda quero sair hoje pra radiola no clubão! Vai rolar só pedra.
Passada a janta, Reginete já exausta lava a louça e reflete sobre seu evento da noite: 'Já estou é aziada e as meninas não ligam. Amanhã começa mais um dia de trabalho e se sair hoje ainda fico lisa pro fim de semana!'.
A moça muda de idéia segue sua rotina.
Todos os preparativos para a noite foram em vão? Nãããã!