quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

VALE MUITO VER-O-AÇAÍ

Há alguns anos, acho que 2019, estive em Belém (PA) onde passei uns dias trabalhando. Apesar de ter que ficar longe de casa - o que não me agrada muito, pois sou muito caseiro - se faz necessário para um melhor desenvolvimento profissional. Mas, tem o lado bom da história que é aprender mais, conviver com colegas que no restante do ano só nos vemos de forma remota, fortalecer relações de trabalho e amizade e, conhecer ou voltar a restaurantes incríveis, que em Belém não é nada difícil. É sobre isso que quero falar.

Restaurante Ver-o-Açaí 

Algum tempo antes um grande e querido amigo de trabalho, Maurício Façanha, saiu da empresa - de telefonia celular - depois de anos de trabalho e decidiu abrir um restaurante ao qual deu o sugestivo nome de VER-O-AÇAÍ.

No início um espaço não muito grande, mas já um espaço encantador com decoração artesanais que dava ao ambiente uma cara cultural paraense que a um turismólogo amante de cultura popular como é o meu caso, foi paixão a primeira vista.

A primeira vez que estive no Ver-o-Açaí, em 2019, salvo melhor memória, pedi um prato executivo de Camarão Rosa Empanado que foi servido acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa que foi um pedido muito acertado. Tomei com o tradicional Guaraná Garoto, na garrafa de vidro, KS. Eu já estava pra lá de satisfeito e ainda tinha a sobremesa... mas, falo dela depois. Cortemos para 2022.

Esse ano, voltei a Belém para mais uma semana de trabalho e um dos dias ao ser convidado por minha amiga Fernanda Ewerton para almoçar no "Ver-o" fiquei contente pois teria a oportunidade de saborear aquele tempero incrível, ver o novo espaço, que acompanhei a mudança pelas redes sociais e, de quebra, se tivesse sorte, ainda veria meu amigo Façanha. E mais ainda, se tivesse mais sorte, comeria novamente aqueeeeela sobre mesa!

Com Fernanda Ewerton 


Lá fomos nós!!!! E não era que era meu dia de sorte????? De cara já encontramos o proprietário, meu amigo, que me apresentou a casa. Viajei novamente na cultura, no artesanato, na arte... inclusive na grafitagem paraense. É uma viagem incrível entrar no ambiente! Façanha recebe a todos como recebe os amigos com muita generosidade.

Quando sentamos para pedir o almoço optei por mais um prato executivo. Dessa vez o escolhido foi Filhote Frito que também muito bem acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa me fizeram sentir como que ficando os pés em nas terras do Pará. O suco escolhido foi o de taperebá, que em alguns estados como o Maranhão conhecemos como cajazinho. Foi um tiro certeiro! Nossa Senhora de Nazaré abençoou aquele prato pessoalmente. Tenho certeza!!!! Minha amiga Fernanda, frequentadora assídua do local, foi de Dourada Frita e acho que gostou, dado seu sorriso de orelha a orelha.

Após o prato principal... decidimos partir de imediato à sobremesa que sem combinar tínhamos a mesma predileção: Raimundo e Maria, o melhor bem bolado de Doce de Leite com queijo do Marajó e farofa de chocolate. Combinação tão bem feita que não parece obra de seres humanos, parece mais feita pelos deuses do Olimpo paraense e servido pelos anjos que seguram o manto de Nazinha. Como a porção é generosa, decidimos dividir o mesmo pedido. E pra minha felicidade além de voltar a comer a que se tornou a minha sobremesa predileta na vida inteira, Fernanda deixou para eu comer o último pedaço. Mais que gentileza, isso me é prova de amor. 

A espera só Uber

Dali só me restou sentar numa rede a espera do Uber para o retorno aos trabalhos e esperar por mais oportunidades de retornar a Belém. Égua, mano... se tu estiveres de passagem por aquela cidade, jamais deixe de se proporcionar os prazeres gastronômicos do Ver-o-Açaí.

Preço??? Esqueci de comentar... lá não tem preço... eles têm valores!!! Pois, servem mais que questão monetária... tem outros elementos que agregam valores e fazem valer o que se paga.  Mas, garanto que vale pouco mais que muitos restaurantes populares e menos do que realmente vale o sabor e o atendimento. Eles têm zelo, capricho, carinho e amor ao que fazem. E mais... depois que se começa a comer o valor é o que menos importa.

Sobremesa Raimundo e Maria 

Garçom e as delícias do Ver-o-Açaí 


sábado, 3 de dezembro de 2022

SALVE AS DORES NOSSAS DE CADA DIA

 "Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer. Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas."


Escritora Raquel de Queiroz 

Li hoje essa frase atribuída a grande e brilhante escritora Raquel de Queiroz no perfil da professora, psicóloga e pessoa muito sabia, Socorro Marinho. A frase sempre me pega de jeito, pois é uma das frases com a qual mais me identifico como ser vivo.

A vida é isso... a vida é um doer sem fim. Aliás, a vida é uma sucessão de busca pelo fim das dores de cada momento vivido. Para se ter a percepção e sensação de superação das dores da vida é preciso sair da superficialidade. Isso para quem não tem medo, ou não tem saída, e aprofunda na dor e chega à conclusão que não tem outra jeito a fazer senão ser forte, buscar solução
para sanar pela raiz a causa da dor sentida. Fora isso somente duas outras saídas...  dar tempo ao tempo é também uma opção. Ele, o tempo, sempre foi e será um excelente remédio. Ele cura ou enterra qualquer mal. Qualquer dor. A outra e última saída, a meu ver, seria deixar que nossos fantasmas, medos e dores nos dominem e nos paralisem. Isso não nos dar muito repertório de vida e não nos ensina sermos fortes ou resilientes e, menos ainda, não nos amadurece e nem nos faz crescer.

Aprofundar na dor para vencê-la é como entrar naquela velha casa que nos causa medo na nossa rua. É entrar na casa, encarar todos os fantasmas que acreditamos morarem lá dentro. Encarar esses fantasmas nos levam a uma conclusão quanto suas existências ou não existências desses fantasmas. Ao encararmos nossos fantasmas e vermos que temos razões em sentirmos medos deles e constatarmos que podemos vencê-los ou superá-los somos tomados por sentimentos de fortalecimento, amadurecimento e de vitória. Ao passo que quando diagnosticamos que nossos fantasmas não têm razão de existirem nos sentimos bobos e até infantis, mas, se observarmos no fundo do nosso ser nos sentimos igualmente vitoriosos por, de alguma forma, encararmos nossos medos e fantasmas que por alguma razão nos causaram dores. Isso nos faz mais maduros. O que não ocorre com que foge da coragem de encarar com profundidade a dor sentida.

Viver é isso... viver  ter a certeza que as dores virão e que precisamos sará-las. A cada dor que vai devemos ter certeza de novas dores que vêm. Entretanto, cada dor que se vai nos deixa a satisfação pelo aprendizado, pela sobrevivência, pelo fortalecimento e amadurecimento. Isso é indiscutível, indescritível e incalculável! Sábia Dona Raquel de Queiroz!