terça-feira, 30 de maio de 2023

BABADO NO MISS MARANHÃO GAY OFICIAL 2023

Por Rivanio Almeida Santos 

Em uma evento incrivelmente glamouroso - cheio de gente linda e elegante - no último domingo, dia 28 de maio, aconteceu o Miss Maranhão Gay Oficial 2023. O concurso que elege a representante do Estado para alguns certames nacionais.


Sob coordenação de Itamilson Lima - Coordenador Maranhão do Miss Brasil Oficial (Juiz de Fora - MG) e Coodenador Maranhão do Miss Brasil versão Bahia - em parceria com o produtor Wallen de Sousa a noite contou com shows impecáveis de nomes importantes do cenário da noite LGBTQIA+ maranhense. Fizeram a noite brilhar nomes como Luana Phifer, Bia Maranhão, Suzany D'Castro, Surama Wilker, Adriane Bombom, Monique Skaranze, Nicole Ruy Barbosa, Yana Biankini e Natália Calazans. Todas, eu disse TOOOOO-DAS, foram fabulosas!!!!



Antes dos Desfiles que escolheriam a Miss Maranhão Gay Oficial 2023 aconteceram duas Coroações importantes.  Ariely Duailibe fora coroada Miss Transex Maranhão para concorrer em disputa nacional.  Monique Skaranze, aclamada pelo coordenador Itamilson, recebeu faixa e coroa de Miss Maranhão Versão Bahia para disputar o título nacional que acontece em Savador.


No evento que teve como patrocinadores o Vereador do município de São Luís, Astro de Ogum e a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria de Cultura do Município de São Luís, a vencedora foi a belíssima Eloá Síndice - representante da cidade de Imperatriz - e Tiara Garcia - representante de Balsas -,  segunda colocada, acabou ganhando o título e a faixa de Miss São Luís Gay Oficial 2023.

Aí vem a questão... mesmo ganhando o certame que elege a que seria a representante para o concurso oficial nacional, a ganhadora Eloá Síndice não poderá concorrer ao título Miss Brasil Gay Oficial 2023 - Mas, continuará sendo a MISS MARANHÃO GAY OFICIAL 2023 ostentando faixa e coroa para todas as demais possibilidades, eventos e ocasiões -. A missão de representar o Maranhão nessa competição específica ficará a cargo da segunda colocada, Tiara Garcia. Ocorre que Síndice já é detentora de um título nacional - ela é MISS BRASIL Gay das Américas 2021 - e o concurso MISS BRASIL Gay Oficial (Juiz de Fora - MG), para o qual ela fora eleita representante do Estado, no item 5.1 do regulamento que direciona o concurso não aceita candidatas que tenham outros títulos nacionais. Muito claro!!!

O fato tem chocado alguns fãs do concurso e da candidata eleita na noite de domingo. Alguns até tentam culpar e descredibilizar a organização do concurso. Mas, vem comigo... todo concurso em que alguém deseja se inscrever tem edital/regulamento como guia. Cabe a quem vai se candidatar em algum certame a algum cargo ou posto a necessidade de se informar sobre o tal regulamento para saber se ela está elegível à vaga desejada.  Toda candidata a Miss, tem uma equipe que lhe assiste e um coordenador que, além de investir, orienta a candidata sobre o que vestir, a melhor maquiagem, passarela e o cabelo que lhe cai melhor para cada competição. Muitas vezes,  ou quase na totalidade das vezes, os coordenadores - muitos chamados de mãezinhas - diante de um certame que abre inscrições escolhe a sua candidata dentro de seu leque de opções a melhor em condições para certo concurso. Então, ao meu ver - lembrando que esse blog eu criei ora escrever o que eu vejo, ouço e sinto -, cabe a candidata, e ao seu coordenador, buscar informações junto à coordenação do desejado concurso sobre as regras, os dispositivos, os preceitos, o regulamento, guia  ou seja lá o que for. Acho que não cabe a organização do concurso fazer qualquer investigação prévia de cada candidata em especial quando estamos em uma cidade relativamente pequena e se trabalha com o princípio da confiabilidade - Até pelo fato de que a candidata (lindíssima) nada escondeu e de que o concurso local não tem tal exigência, pelo menos até esse ano não tinha. A cobrança é do certame nacional, que fique claro. Mas, o que não pode é se inverter os papéis de cada personagem.


É louvável o trabalho sério e transparente do coordenador Itamilson Lima em, menos de 24h da realização do evento local, vir a público esclarecer os fatos para que a candidata tenha tempo de recorrer à coordenação de Juiz de Fora explicando o título que detém e que a está impedindo de seguir como a representante maranhense.

Por fim... É esperar para ver o resultado final da questão. Pois, uma solução para que o Maranhão não fique sem representante já fora dada. E se este for a do veredito final, todo sucesso a Tiara Garcia. Sua elegância, beleza, meiguice, olhar sapeca, seu jeito lolita e um investimento em uma passarela segura e madura poderá fazer um bom barulho, quiçá um título, em Juiz de Fora.




sexta-feira, 7 de abril de 2023

MÃO DE PRETA E SEUS SABORES

 


Quando se diz que o Maranhão é rico culturalmente refere-se obviamente a toda a forma de expressão que nossa gente construiu através da história e da mistura vinda dos colonizadores europeus, dos povos originários indígenas e dos pretos africanos escravizados. Resultando o que hoje expressa através de celebrações ou rituais e festas.  E dentro desse movimento estão incluídos os principais elementos que são importantes a estas expressões de felicidade e de fé tais como dança, música e a gastronomia.

Sendo assim, ao se falar das riquezas culturais maranhenses é mais que obrigatório falar-se também de sua gastronomia cada vez mais vasta em influências nacionais e internacionais. Mas, que nunca esquece ou deixa de lado os sabores de seus comeres e beberes regionais oriundos especialmente das influências indígenas e africanas. Fortemente baseadas em frutos do mar, nossa cozinha é consumida em datas especiais como agora na Páscoa, no festejos juninos, em qualquer outra festa religiosa ou comemoração familiar.

Há alguns meses inaugurou no bairro da Jordoa, na região do João Paulo em São Luís um minishopping encantador. Trata-se do Food Park São Luís, que surgiu trazendo algo que faziam muita falta para nós moradores do bairro, um bom local onde pudesse ter uma certa variedade gastronômica e sentimento de segurança. A vila tem uma pegada bem interessante pois junta no seu complexo sorveterias, pizzarias, bares, docerias, parquinho infantil e restaurante. Oferecendo ainda qualidade e praticidade.

            Quem já teve oportunidade de provar os serviços de algum dos vários empreendimentos instalado no empreendimento, sabe a que me refiro. Lá um dos meus prediletos sempre foi o Mão de Preta Studio Gastronômico, do nosso querido amigo Itamilson Lima, que além da amizade que temos prima pela qualidade em tudo que faz. O que antes um espaço pequeno para o tamanho da qualidade e do sabor da comida oferecida, mas que atendia com bastante dignidade quem não se importava em degustar sentado nas mesas dos espaços comuns da vila. Passou por um processo de mudança e agora reinaugurou em formato bistrô, mais amplo, com ambientes aberto e climatizado proporcionando aos seus clientes mais conforto, comodidade, privacidade e zelando, como sempre, pela excelência.

Com empresário e Itamilson Lima e o turismólogo e artista visual  Enoque Silva

            O ambiente é novo, lindo, moderno e muito acolhedor, mas a atração é mesmo o cardápio, pois além de ter bebidas que todos gostam e petiscos deliciosos, os pratos principais levam nomes de mulheres pretas importantes à nossa história buscando valorizar e enaltecer nossa ancestralidade africana através da culinária regional, que, como já disse, é um dos pontos mais fortes do nosso Estado – eita que me encho de orgulho em falar isso -. Tereza de Benguela, Catarina Mina, Dandara, Maria Firmina dos Reis e Nan Agotimê são homenageadas em pratos que levam carne de sol, camarão fresco, camarão seco, carne e patinha de caranguejo, banana frita, vatapá, queijo e muito mais ingredientes de nossa cozinha servidos em apresentação impecável.

Uma das Delícias do Mão de Preta

            E como se não bastasse fazer nossas noites ainda mais deliciosas a partir de agora também funciona para almoço, atendendo mais uma demanda da região, e para quem procura um espaço para fazer alguma comemoração faz pacotes para grupos a partir de 10 pessoas.

            É bom saber e ver que ainda existem pessoas que veem em nossa cultura oportunidades de investir recursos e competências na criação de um negócio local que gere um movimento importante capaz de alavancar um negócio, proporcionar mudança na vida de pessoas através da geração de empregos sem reinventar ou descaracterizar nossa ancestralidade. Mantendo nossos sabores sempre gostosos pelos sabores das combinações gustativas e pelo gosto da história de mulheres incríveis.

           

 

sábado, 1 de abril de 2023

TEMPOS DE CHUVA, BOAS MEMÓRIAS E TEMPOS DIFÍCEIS




Enfim chegou abril e ele começa com muita chuva me deixando apreensivo com as cidades do Maranhão que já tem sofrido com os temporais que chegaram com 2023. Cidades como Pedreiras, Trizidela do Vale, Bacabal, Imperatriz, Esperantinópolis e Buriticupu têm passado maus bocados por contas da quantidade de água que tem caído e alagado suas ruas. E não são apenas elas, já são mais de 40 cidades em emergência que precisam de mais atenção dos poderes públicos e sinalizam, mais uma vez, nossa necessidade de revermos nossa relação com a natureza enquanto talvez tenhamos tempo.


Vendo tantas notícias sobre a situação de enchentes, alagamento, crateras, falésias e assoreamento em cidades maranhenses recordo que nem sempre fora assim. Os anos vão passando, vamos degradando a natureza ao nosso redor e sofrendo as consequências de nosso vandalismo. Recordo que lá em 1992, houve no Rio de Janeiro a Eco 92, que foi a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Trocando em miúdos foi um encontro de líderes mundiais para discutirem e definirem um novo caminho e o que seria feito para mudarem o rumo que as coisas estavam tomando no que dizia respeito as questões ecológica do planeta. Trouxe à tona debates importantes sobre um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável.


O que naquele momento poderia ser um tema distante para muitos, principalmente para quem já vivia nos grandes centros, para nós, aluno do Colégio Santa Teresa da pequena Santa Teresa do Paruá já era um assunto de máxima importância e urgência. Pois, durante os dias que os líderes debatiam no Rio de Janeiro, nós alunos das então 4ª a 8ª série também debatíamos sobre os temas, através de pensamentos dos próprios alunos sobre os temas relacionados a questões ambientais. Cada dia um pensamento novo e um novo debate. Discussões que despertou na gente preocupação com o meio ambiente que retrazemos até hoje.

               

Ruas de Santa Teresa do Paruá nos anos 1980


     Vejamos, Santa Teresa do Paruá, hoje oficializada como Presidente Médici, é uma cidade localizado a oeste do Estado do Maranhão, na macrorregião do Alto Turi e Gurupi e microrregião do Pindaré, na chamada Amazônia Maranhense. Com estas informações já dá para imaginar como era a Santa Teresa, e as cidades adjacentes,  da minha infância nos anos 1980. Éramos rodeados de matas que mesclavam grandes árvores amazônicas e palmeiras de babaçu , que davam sustento de muitas quebradeiras de cocos.


Minhas lembranças dessa época são muitas e quero compartilhar algumas que foram ficando cada vez mais raras de acontecer. Recordo, por exemplo, do amanhecer recoberto de neblina. As vezes era tanta que não conseguíamos enxergar quem estava na calçada da casa vizinha, quer da casa defronte ou das casas laterais. A quantidade de neblina por vezes tornava ainda mais perigosa atividades então simples – a necessidade faz com que algumas afazeres não pareçam perigosos - como ir, aos meus 10 ou 11 anos, beirando a BR-316 pedalando minha pequena monareta cinza prateada  à chácara pegar o leite das poucas vacas que tínhamos, mas que ajudaram muito na nossa criação.

Eu na mata de Presidente Médici em 1992.


Recordo também do período de chuva... de enchente só lembro de uma que inundou a casa do meu vizinho Domingos Araújo. Não recordo de outra. Lembro sim que o então povoado ainda não tinha ruas asfaltadas e quando as chuvas estavam chegando faziam subir um cheiro de terra molhada ma-ra-vi-lhooo-so!!!!! Eu corria sobre a areia quente sendo molhada pelos primeiros pingos das chuvas para sentir aquele cheiro que muito me agravada. Outra coisa memória que qualquer chuva me traz é a correnteza que se formava no meio da rua, onde eu brincava com o meninos – Orisfran, Clayrerison, Sanclay, Santídio, Rosivano, Rosimano, dentre outros... (detalhe para os nomes diferentérrimos, que são uma atração a aparte rsrsrs) -.  Costumávamos brincar de corridas, durante a chuva nós mesmos corríamos no meio da água e quando a chuva passava fazíamos barquinhos de papel que soltávamos nas ondulações das águas pluviais.

Minha Casa nos anos 1990


Lembro ainda que próximo à minha casa,  na Rua São José, ou Rua do Gogó - esquina com a casa de Seu Mariano Branco (depois vendida ao Seu Domingos Brígida) - tinha uma parte  baixa a qual a cada chuva enxia com muita água vinda dos quintas das casas vizinhas. Lá muitas crianças brincavam antes e depois das chuvas, mas lá eu era proibido de brincar por cauda das condições de sujeira que as águas traziam dos referidos quintais vizinhos. Eu então pegava a monareta e ia pedalar sobre uma estreita ponte de madeira para ver as outras crianças de divertido e eu pelo menos interagir de alguma forma. Assim eu também me divertia.


As chuvas desse ano deixam-me saudosista pelas minhas boas lembranças e por saber que muitas pessoas, de outras cidades, também têm em suas memórias boas recordações desse fenômeno natural tão fundamental à vida. Mas, essas chuvas têm me deixado cada mais preocupado com o destino da humanidade, em especial daquelas pessoas que estão sofrendo com o hoje por conta das enchentes e, no caso de Buriticupu, com o risco de a cidade sumir do mapa por conta das falésias que estão engolindo casas e até ruas.


Estamos vivendo dias preocupantes para uns, desesperadores para outros, mas difíceis para todos. Vivemos dias que carecem de ação urgente de forma geral. Precisamos de ação imediatas dos poderes públicos e órgãos governamentais, mas, sobretudo, de mudanças de atitudes e estilo de  vida por parte de nós, seres humanos, os únicos responsáveis por tudo isso que vem nos maltratando e nos matando.

 

 

quinta-feira, 2 de março de 2023

SOBRE MARROM - O MUSICAL

 No último fim de semana fomos, Enoque e eu, convidados pelo Relações Públicas e Cerimonialista Neto Medeiros para irmos a Pré-estreia do espetáculo “Marrom, O Musical” em São Luís que seria -  e foi – ontem no Teatro Artur Azevedo. Lá fomos nós!

O musical em questão é um espetáculo idealizado pelo produtor Jô Santana, escrito e dirigido por Miguel Falabella em homenagem aos 50 anos de carreira da minha conterrânea, a cantora Alcione Nazareth. Eu particularmente fui cheio de ansiedade, pois Alcione foi a primeira grande voz nacional que me atraiu meus ouvidos e coração - eu ainda criança de meus 10 anos de idade. E, além de tudo, era maranhense, o que já me fazia sentir orgulhoso de ser da mesma terra dessa mulher tão gigante. 

Confesso que minha ansiedade em assistir ao espetáculo era maior para ver o trabalho de quatro artistas, também maranhenses -  Anastácia Lia, Millena Mendonça, Jefferson Gomes e Fernando Leite – selecionados em oficina da produção um ano antes. E quando digo que minha curiosidade era nesses três não é desmerecendo o criador, o autor e diretor e tampouco a homenageada. Eu não teria esse imensurável nível de audácia. Muito  pelo contrário... É justamente pela certeza que juntando Jô Santana (vejamos o sucesso que foi musical de Cartola), Falabella ( o rei dos musicais brasileiros) e Alcione (dispensa qualquer apresentação) o resultado não poderia ser outro que não um grande trabalho e um grande sucesso. A questão é, exceto pelo rapazes que não os conheço pessoalmente, as meninas, Anastácia e Millena, são duas grandes amigas queridas que o Projeto RicoChoro ComVida (quem já me conhece sabe) e o Carnaval me deram respectivamente. Então, não é sobre conhecer seus potenciais e torcer para que desse certo. É sobre ver que deu tudo certo. É ver o quão longe nossos artistas ainda podem chegar. É ver a arte maranhense no topo (vide Alcione) e ver aparecer outras grandes vozes que por aqui mesmo já sendo conhecidas ainda estão na estrada buscando construir seu legado no cenário musical.

Como se não fosse o suficiente o musical tem uma pegada sócio-cultural incrível. Os mais de 300 figurinos foram bordados pelas mãos de mulheres da Cooperativa Cuxá, sediado no Complexo Prisional de Pedrinhas. E ontem elas estiveram também na plateia cheias de orgulho de seus trabalhos vestirem um outro trabalho que traz na narrativa a história de uma artista tão singular e importante quanto a Marrom. Dava para ver em seus olhares e na postura de sentar ali, de frente, cara a cara com as cenas.

A noite foi linda! A noite foi emocionante!

A vida da nossa Marrom de fato foi muito bem desenhada associada ao auto do bumba-meu-boi, o sonho de menina, a relação familiar, a mudança de Estado, as viagens pelo mundo, os grande sucessos... tudo saindo de vozes maravilhosas de rapazes e moças que a cada nota cantada encantavam todos ali presentes e ao final de cada música arrancavam salvas de palmas de um público emocionado e orgulhoso de estar tendo esta oportunidade de ver no palco do Artur Azevedo algo que celebra a carreira de uma artista do quilate da grande Diva maranhense.


Para mim os destaques estão para começar no fato de ser um elenco com quase a totalidade de talentos pretos. Depois, no primeiro ato, o momento em que a atriz que interpreta Dona Felipa, mãe de Alcione, revela ao marido que alimentou o filho da amante dele por saber que a criança é irmã de seus filhos e então ela canta a música “A loba”... gente, o público vai ao delírio. O outro destaque, e, a meu ver, o ápice do musical está no segundo ato, em que tem um trecho do espetáculo que são todas as mulheres de vestidos amarelo e perucas – acho que inspirados na capa do LP “Pra que chorar” de 1977 -. Cara... essas mulheres fazem um pout-pourri de grandes sucessos “Alcionianos” entre um cenário que é uma mandala de escadas que giram fazendo as várias Marrons desfilarem suas vozes pelo palco do teatro. E ao fim desse momento épico o público aplaudiu sem parar por cerca de 5 minutos sem parar. Foi pra lá de lindo!  Putz grila... foi maravilhoso demais!!! E que me desculpem todas as demais cantoras e as rapazes que foram fenomenais e levaram tosos ao delírio, mas preciso falar de Anastácia e Millena... elas me fizeram chorar de emoção e orgulho!!! Saí dali de peito cheio!

O espetáculo “Marrom – O musical” fica em carta em São Luís de 02 a 04 de março no Teatro Artur Azevedo e terá algumas apresentações gratuitas para que o público em geral. E quem tiver oportunidade de assistir que não perca de forma alguma, pois vale muito à pena. Não falo de ver uma peça de teatro simplesmente. Falo é de ver, dentro de casa, talentos maranhenses brilhando em mais alto nível artístico para celebrar o nome da principal voz da música maranhense e nacional e uma das maiores do mundo!

Artistas maranhenses no musical. Fonte: Jornal Pequeno 

 

 

 



domingo, 12 de fevereiro de 2023

MENTIRAS DE UM CARNAVAL INESQUECÍVEL

   

Carro abre-alas Grande Rio, 1999
      

         Quem me conhece hoje envolvido com o mundo carnavalesco pode até imaginar que nasci e me criei nesse universo cheio de plumas e paetês. Mas, não... muito pelo contrário! Nasci e fui criado em igreja evangélica, onde fiquei até me entender por gente e por perceber que temos várias e óbvias divergências, que não é o ponto desse texto. O fato é que, mesmo nunca tendo entrado em um salão de bailes de carnaval, sempre fui fascinado por esse mundo de samba, alegria, brilhos e glamour que somente o carnaval, em especial desfiles de escolas de samba, pode nos proporcionar. Obviamente que, morando no interior do Maranhão, somente poderia contemplar os desfiles pelas transmissões da TV’s Manchete e Globo.

A primeira vez que brinquei carnaval fora em 1995, com minhas irmãs Rogenir e Rogenia em um cortejo do Bloco Afro Akomabu, aqui de São Luís. Eu que tinha participado, ainda no interior, de oficinas de dança afro, pus para fora naquela tarde de domingo todo meu repertório corporal das danças que aprendi virem dos nossos ancestrais. Foi libertador, empolgante... emocionante! Minha empolgação foi tamanha que no dia seguinte restou-me ir à escola sob efeito do maravilhoso Dorflex. Aos 17 anos eu já não tinha idade para tanta empolgação.

No final de 1997, eu conheci Enoque que vim a saber na ocasião que no ano seguinte seria Destaque de Carnaval da Grande Rio, no Rio de Janeiro, e já estava atuando como carnavalesco de uma escola de samba local, a Unidos de Fátima para o desfile de 98. Era tudo muito recente pra mim e eu ainda não conseguia entender tanta novidade e nem tinha a menor noção onde eu estava entrando. Então naquele ano tive uma experiência fantástica, assisti aos desfiles da escola de samba do Rio de Janeiro sabendo que alguém que conhecia estava ali entre tanta arte, cultura e beleza.

O tempo passou e, faltando meses até o carnaval de 1999, Enoque me convidou a ir com ele para o desfile do Rio. Eu aceitei de imediato sem me lembrar que eu era um jovem desempregado e que eu não tinha um prego pra enfiar numa barra de sabão. Mas, como eu já lhe ajudava em seu trabalhos locais dei a desculpa em casa que  iria ajudar em um trabalho de carnaval na cidade de Codó, interior do Maranhão.

No dia da viagem fui ao aeroporto deixando em casa todos estranhando o fato de eu estar arrumado para quem iria viajar de ônibus para o interior do Estado. Eu que já vivia em estado de frio na barriga e ansiedade desde o dia do convite, não sabia que essa sensação só poderia piorar. Pois bem, quando estávamos no aeroporto sentados a espera da hora do voo o primeiro susto... chega Roberto Costa, hoje Deputado Estadual, que é sobrinho do meu cunhado José Costa, marido de minha irmã e madrinha Rogener, e me cumprimenta.  Apressei a todos para irmos à sala de embarque para que eu não passasse por outro encontro com algum outro conhecido.

Como quem mente não tem um momento de sossego ao entrar na sala de embarque me deparei com meu Professor Lobão e esposa,  ele tinha sido meu teacher de biologia do terceiro ano justamente no Colégio Santa Teresa de São Luís, onde Rogener era Coordenadora Pedagógica. E o medo e a culpa nos fazem cometer cada asneira, né?... Criei coragem e fui falar com ele,  para lhe pedir que não comentasse com NINGUÉM da minha presença no voo e ele garantiu. Sai e voltei para junto de Enoque e Biné, um querido amigo que naquele ano estrearia como destaque também na Grande Rio. Ao sentar olho para o casal, Lobão e esposa, que conversava quando faço a leitura labial dela que está perguntando “E ele vaaai viajar?”... e ele confirmou. Me lasquei! Falei... Por fim embarcamos no voo da extinta TransBrasil que, com suas elegantes aeromoças e cardápio de lanches, fazia escala em Belém e Manaus e fazia conexão em Brasília antes de chegar ao Rio.

Já na cidade maravilhosa foi como se estivesse vivendo o sonho de ser personagem de uma novela de Manuel Carlos. Os passeios pelos parques, pão de açúcar, Botafogo, Palácio do Catete, Copacabana, Ipanema, Leblon... Ah, o Leblon... nada mais “ManoelCarliano” que isso!

Chega então o dia 15 de fevereiro de 1999, uma segunda-feira de carnaval. Chegamos ainda cedo, com o dia claro, à concentração das escolas. A Acadêmicos do Grande Rio seria a segunda a entrar na Marquês de Sapucaí com o enredo “Ei, ei, ei, Chateau É Nosso Rei!” com os trabalhos do mago das cores, o carnavalesco Max Lopes. Naquele ano Enoque, que veio no carro abre-alas, vestia com uma fantasia que ele mesmo desenhara a pedido do carnavalesco e que representava o Bumba-meu-boi do Maranhão.  E Biné veio em uma alegoria como o Rei do Maracatu. 

Já estávamos no dia do desfile, tanta coisa nova eu tinha conhecido e aprendido  e eu ainda não acreditava em tudo que estava vivenciando ali. No meio de tanta arte me deu sensação de estar dentro de uma obra de arte viva e, deveras, estava. Para quem só via as coisas pela tela da televisão tudo era grandioso e mágico. Para todos os lados que me virava dava de cara com artistas conhecidos da TV. Só no carro que enoque estava tinham Mônica Carvalho, Raul Gazolla e Beto Simas, a Rainha de Bateria era Suzana Wenner. Naquele ano quem estava em alta era a então modelo Luciana Gimenez, que suspeita de estar grávida do roqueiro Mick Jagger, desfilou na escola com todas as câmeras querendo registrar sua barriga desnuda, que crescia sob as especulações da veracidade da paternidade mundialmente famosa. Dividindo o reinado do Maracatu com Biné, a estonteante atriz Zezé Motta, a eterna Chica da Silva do cinema. Aliás não sei se ela percebeu meu olhar embasbacado e admirado por tê-la ali na minha frente. Sei que ela me devolveu um sorriso encanador que me aqueceu o coração nervoso de quem se beliscava às escondidas para ter certeza que não era um sonho louco.

Alegoria Rainha do Maracatu, com Zezé Motta


Foi um ano inesquecível para mim. A escola campeã daquele ano foi a Imperatriz Leopoldinense que conquistou seu sexto título com o enredo “Brasil, Mostra a Sua Cara em... Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae” da carnavalesca Rosa Magalhães. Nós ficamos com o sexto lugar que para mim já tinha gosto de vitória. Aliás, tudo ali tinha sido glorioso.

Estava eu muito emocionado por realizar um sonho que nem eu sabia que tinha desde infância. Era como se eu estivesse em transe e somente uma coisa me tirava do transe e me punha na minha realidade de quem tinha pregado uma mentira em casa, as câmeras da TV globo em chamadas ao vivo. Aliás, na justa hora que eu estava diante de Zezé Motta estava também atrás de uma repórter que estava ao vivo na Globo News e, por sorte minha, não na TV aberta.



Chegou o dia de voltar para a realidade... era hora de “voltar de Codó”. Foi um carnaval maravilhoso e eu nem foto pude fazer. Afinal, não poderia ter provas da minha mentira. Minha pequena mentira tinha dado certo, ninguém ficou sabendo de nada. Ou, pelo menos, ninguém tinha brigado comigo. Os dois que me flagraram no aeroporto não tinham me entregado, eu acreditava piamente. A minha primeira semana após minha chegada do rio de Janeiro fora muito tranquila. O frio na barriga tinha por fim sessado. Estava  eu em estado de “Uuuufa... deu certo!” Até chegar o domingo seguinte, quando recebemos a visita justamente do casal Rogener e José Costa. Eu estava todo falante, doido para compartilhar meu dias de folia global, mas não podia falar demais. Até que Costa me pergunta em tom quase sarcástico e entregador:

                - E então Rivânio... como foi em Codó?...

                - Ora, Costa... foi bom, mas é um cidade como toda cidade do interior... uma rua que entra, outra que sai e uma igreja no meio. Respondi tremendo e achei logo o que fazer na rua.

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

GLÓRIA MARIA E A LIBERDADE DOS SONHOS

 


Rio de Janeiro, fevereiro de 2001 a escola de Samba Grande Rio, que tinha meu querido amigo Joãosinho Trinta como carnavalesco, levaria à Sapucaí o enredo "Gentileza "X" - O profeta do fogo", que contava a história José Datrino. Este era um ex-empresário de Niterói, que enlouqueceu ao saber do incêndio em um circo em sua cidade que vitimou fatalmente mais de 500 pessoas. Ele recebeu o nome pela população de Profeta Gentileza, por ter abandonado seu universo cheio de dinheiro para pintar com gentileza as ruas do Rio através de mensagens de paz e esperança em pilares da Avenida Brasil. Aquele ano a escola encerrou o desfile, já na terça-feira de manhã, com um homem voador, o dublê americano Eric Scott voou sobre a Sapucaí, com um minifoguete acoplado nas costas, o que causou uma emoção sem medidas tamanho fora a surpresa causada com esse acontecimento inesperado.


Naquele ano ainda íamos em três – Enoque e Biné Gomes (ambos destaques da escola) e eu –.  Chegamos para passar o carnaval na capital carioca na quarta-feira magra, dia 21 de fevereiro – a noite e na tarde do dia seguinte fomos ao barracão da escola, ainda no bairro do Santo Cristo, região portuária do Rio.

No barracão pedimos para falarmos com Joãosinho e o querido Danyllo Gayer (este Primeiro Destaque da agremiação e Presidente dos Destaques), que estariam em nosso aguardo àquela manhã.  Fomos anunciados e orientados a aguardá-los na sala do João, pois estaria finalizando uma entrevista. E lá fomos nós... Gente, minha ansiedade estava ON. Com a expectativa de conhecer o gênio do carnaval brasileiro (Enoque já era seu amigo, mas eu ainda não o conhecia). Contudo, a vida me reservava muito mais... Ao entrarmos à sala fiquei impactado com a cena: dois ídolos de minha vida inteira estavam ali, conversando à minha frente. Joãosinho Trinta sendo entrevistado pela gloriosa Glória Maria. Ela se preparando às transmissões dos desfiles tentava desvendar os segredos que João tinha preparado para deixar a Sapucaí e o mundo de queixo caído.

Ele o gênio e ela uma sumidade do jornalismo brasileiro. Além disso, ela, uma mulher preta, à frente de um dos principais programas televisivos do país - o Fantástico -, ainda comandava as transmissões dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Isso para mim já era o suficiente para admirar a imagem que essa mulher representava, aliás, representa. E eu ainda não tinha a consciência que tenho hoje sobre sua história que é de uma personificação do significado do termo "representatividade".

Ouso comparar - e me deixa - a jornalista e apresentadora com a romancista Maria Firmina do Reis, que foi a primeira escritora abolicionista brasileira. E Gloria foi a profissional que deu à cara  como pioneira em muitas atividades profissionais. Dando um caráter abolicionista, de quebra de correntes, ao povo preto que antes dela não se via em muitos cenários. Ela pode não ter liberado as vagas de fato ao nosso povo, mas ela com toda certeza libertou os nossos sonhos de chegarmos mais longe do que as probabilidades impõem.

Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Foi apresentadora do fantástico de 1998 a 2007, viajou  a mais de 100 países, fez a primeira transmissão ao vivo, fez a primeira transmissão em HD, entrevistou a Madonna e Michael Jackson, além de, quando saiu do Fantástico, ainda deu a volta ao mundo fazendo reportagem para o Globo Repórter.

Na vida pessoal de Glória ela também foi  uma inspiração. Após décadas de trabalho sem férias resolveu tirar um período sabático, passou um período em um mosteiro na Ásia e na volta foi à Bahia prestar serviços voluntários, onde encontrou suas filhas de alma as quais não titubeou em adotá-las.

Sabemos que ser mulher é já uma questão que dificulta muito a realização de algum desses sonhos, imagina todas estas realizações e, imagine mais ainda, realizar tudo isso sendo uma mulher preta! Por tudo isso ela sempre fora inspiração não apenas às mulheres, mas a todo o povo preto brasileiro já cansado de ser colocado à margem com oportunidades negadas.

Sua história inspira a nós na busca por oportunidades, aproveitar com garra as que aparecerem e a não baixarmos nossa cabeça diante das dificuldades que a vida nos surpreende. Nesse sentido nos últimos anos enfrentou um câncer no pulmão, que mais tarde entrou em metástase no cérebro e aos quais enfrentou com coragem e dignidade. O Brasil já tinha se impactado com a notícia da volta da doença que a levou a internação para um novo tratamento. Hoje, 02 de fevereiro de 2023, o país para e chora com a notícia da morte de Glória Maria.

Eu fico completamente impactado, não é só uma celebridade que morre ou uma grande ídola que se parte é mais que isso, uma ídola que me olhou nos olhos, me cumprimentou, sorriu pra mim, perguntou se estava tudo bem  - quem é fã de verdade e tem uma oportunidade como a que tive registra na mente e no coração isso pela vida inteira pela importância da representação que aquela pessoa lhe tem.

Glória Maria nos deixa órfãos de seu trabalho, mas nos deixa um cardápio de inspirações que  sempre será motivacional para sermos profissionais capacitados, qualificados e comprometidos. E, transbordando o limite profissional, sua história nos motiva a sermos pessoas disponíveis, sensíveis, solidárias, batalhadoras, bem humoradas, corajosas e autoconfiantes.

Viva Glória Maria!
Que sua história viva e inspire sempre!

domingo, 8 de janeiro de 2023

WE DON'T SPEAK ENGLISH! Meus dias na terra da rainha

 Hoje é domingo, 08 de janeiro de 2023, e eu só não amanheci com vontade de não fazer nada porque estou com vontade de escrever. E, na procura de um tema interessante, me deparei pelo Instagram com o perfil de Beliza, uma colega de trabalho, com fotos de suas férias em Londres. Então quis compartilhar sobre minha experiência naquela cidade, não para me aparecer, mas para eu possa revisitar aqueles momentos e possa reviver momentos incríveis e que eu poderia ter aproveitado mais.


Era agosto de 2016 quando, Enoque e eu, embarcamos rumo à terra da rainha. Fomos a convite de nosso amigo, carnavalesco e comentarista de carnaval, Milton Cunha, que estaria sendo homenageado por uma escola de samba inglesa, a Paraiso School Of Samba, com o enredo  "Milton Cunha: Carnaval é Cultura", nome de seu livro recém lançado. O desfile seria, como todos os anos, no carnaval de Notting Hill, o maior festival de rua da Europa, que é um grande evento anual que acontece desde 1965. Aliás, o desfile foi uma coisa de louco! Parase ter uma noção a concentração começou às 9h da manhã em west kensington. De lá andamos por 1 hora sem parar, com  a escola mon-ta-da para então chegarmos ao local do início do desfile que durou nada mais e nada menos que 3 horas sob um solzinho considerável.





O desfile foi o epicentro da viagem, pois foi a razão da viagem em si. Mas eu, particularmente, pouco aproveitei do desfile e da viagem... Vamos aos fatos. Eu estava, antes da viagem, curtindo tudo cada momento e cada etapa das providências e tal, pois, a apesar de Enoque e eu, não falarmos patavina na língua inglesa nós teríamos as companhias de três amigos queridos – o próprio Milton, Dhu Costa (seu marido e passista de samba) e Thiago Avante (destaque de carnaval no RJ) – que falam muito bem aquela língua. Na ida eu tive uma leve preocupação de como seria nossa entrada no país dada nossa limitação com o idioma. Contudo, nosso amigo Thiago nos encontrou em Lisboa e fomos no mesmo voo ao nosso destino. Isso me tirou a preocupação. Daí tudo ia bem até eu ficar sabendo que, exceto Enoque e eu, os demais seguiriam para outros países encontrar outros amigos e curtirem mais alguns dias de férias.

A partir de então começou meu tormento... kkkkkkkkkkk Como seria que nós iríamos nos virar para pegar um taxi e chegar até o aeroporto Heathrow que é o maior aeroporto de Londres, um dos maiores do mundo e o mais movimentado da Europa, era minha preocupação e minha nova companhia na viagem inteira. Quem tem ansiedade sabe como uma situação como essa pode se tornar um monstro. Foi o que aconteceu!

O idioma inglês virou um monstro e a minha futura viagem do hotel, no centro de capital inglesa, até o aeroporto se tornou um pesadelo. E, para mim,  toda a viagem foi marcada por essa sombra de preocupação. Passeamos de routmasters  - os ônibus de dois andares vermelhos -  visitando diversos pontos turísticos, fomos ao Big Ben, Palácio de Buckingham e passamos pela abadia de Westminster -  onde casaram Rainha Elizabeth 2ª e o Príncipe Philip, Príncipe William e Kate Middleton e onde fora o funeral da Princesa Diana -  atravessamos a pé a Tower Bridge - que é a mais conhecida ponte de Londres -.





Por todos os caminhos que passamos e por cada lugar visitado a sombra do pavor vinha a minha mente e eu me perguntava “como vou me virar para que nada saia errado em nossa volta?” Geeeente.... A pior coisa da vida é ter ansiedade... Rsrsrrskkkkkkkkkkkk essa praga me fez aproveitar muito pouco da viagem.

Ainda assistimos ao musical Phantom of the Opera no Her Majesty's Theatre, visitamos a National Gallery para vermos as obras que só vemos em livro de artes e, para comemoramos o sucesso do desfile da escola de samba, jantamos no Oblix Restaurant - no The Shard, o edifício em forma de pirâmide, que é o mais alto da cidade -. Em nada ou lugar algum eu conseguia relaxar, nem tomando os prossecos incríveis todos os dias. Imaginem que no hotel a comunicação já rolava apenas pelo google tradutor, usando wi-fi, fora dali, sem essa ferramenta dos deuses, seria um desastre.



Chegou então o dia da volta. Para facilitar, uma vez que meu pacote de romming internacional tinha acabado e o google tradutor demora demais pra quem é ansioso, pedi ajuda para Milton para agendar um taxi – com taxista que falasse português -  na recepção do hotel. Ficou marcado então para as 04 da madrugada, pois nas condições que estávamos precisaríamos ter tempo para resolver qualquer imprevisto e ainda chegarmos ao aeroporto em tempo de pegarmos o voo para Lisboa, onde faríamos conexão novamente.

Enoque é precavido, por isso gosta de se antecipar nas viagens e eu sou daqueles ansiosos que liga o despertador e antes do horário deles despertar eu acordo para desligar. Assim sendo, às 03 horas da madruga já estávamos na recepção do hotel, quando chegou um taxi para deixar um hospede no hotel em frete ao que estávamos saindo. Pelo google tradutor perguntei se era o nosso e o recepcionista disse que sim. Acreditamos e fomos!

Ao entrarmos nos veículo me sentei no banco da frente e Enoque no banco de trás. Mostrei então a passagem como nome do aeroporto e o terminal que deveríamos ficar. Fomos os três calados até que o motorista pergunta:

- Where are you from?

-  Oi?! Respondi...

- Where are you from? Ele repetiu e eu lembrei da minha lição do livro de inglês eu decorei na época. Então respondi

- Brazil.

Ele arregalou os olhos e repetiu e fazendo uma nova pergunta que não entendi disse:

-Brazil?!...  how will they pay?

- I (EU) NO ENTENDÓ!... WE DON'T SPEAK ENGLISH! (não sei por qual razão que brasileiro que não fala inglês tem mania de falar alto).

Ele, depois de pensar um pouco  então mostrou um cartão de crédito e uma cédula de libra. Só aí entendemos que ele perguntava como iríamos fazer o seu pagamento pela viagem. Fiquei chateado pelo preconceito dele em associado Brazil ao pagamento... deve ter pensado que iríamos dar um golpe ou lhe roubar. Afinal sabemos que a fala de malandro do brasileiro corre o mundo e vai longe.

Respondido ao seu questionamento mostrando as cédulas de libras na porta-cédulas  decidi devolver a pergunta inicial:

- Where are you from?

Ele então respondeu:

- Pakistan.

- what???? (meu inglês de Greenville – pesquise no google sobre a novela A Indomada).

- Pakistan. Ele repetiu.

Foi aí que assimilei a resposta e virei para Enoque com minha pior cara de pavor e disse:

- Enoooque ele é do Paquistãããão... Homem boooomba!!!!

Dali então fiquei apavorado de um lado e o taxista de outro. Ninguém falava mais nada. Tudo que ouvia era as batidas do meu coração. E tudo que víamos era a escuridão da estrada àquela hora. A minha cabeça já estava a mil. O medo misturado com a ansiedade quase me tira dali e me faz sair correndo. Mas, eu não saberia o caminho correto. Passava pela minha cabeça apavorada que era melhor esperar até ele fazer conosco o que ele tinha planejado.

A distância entre o hotel e o aeroporto era como Centro de São Luís e a cidade de Santa Rita, interior do Maranhão. E naquele momento era como se eu estivesse atravessando o campo de Peris, sem nada pela frente... o caminho parecia que esticava e eu não via nem de o clarão que certamente as luzes do aeroporto fariam de longe. Eu tinha certeza que estava sendo vítima de um atentado terrorista.

Rodamos ainda por quase uma hora até começarmos a ver as placas indicativa de que estávamos no destino correto. Meu coração voltou a bater e minha respiração parecia que queria voltar. E eu percebia nitidamente que o pavor dantes estampado no rosto dele também estava se dissipando. Acho que ouvi o pensamento dele... dizia algo como: “Ufa! Vou chegar antes deles me roubarem e se eles não me pagarem eu chamo a polícia do aeroporto.” Kkkkkkkkkkkkkkkk

Quando finalmente chegamos ao terminal 2 do aeroporto Heathrow e todos vimos a polícia o alívio foi geral. Quando pagamos a viagem a bagatela de 90 libras – que estava equivalente a 450 reais – ele expôs seu sorriso mais cordial daquela longa viagem eu o sorriso mais grato e aliviado da vida inteira.  E ainda arrisquei todo o restante do meu vocabulário inglês decorado nas aulas do 1º CI:

- Thank you and sorry!!!

E ele só dizia:

- Thank you! Thank you! Thank you!... enquanto entrava correndinho no veículo e ia “aterrorizar” outros passageiros pela vida. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk

 

E nós seguimos passeando pelo aeroporto até o horário de nosso voo. Sem nem reclamar ´pelo valor pago por aquela viagem. Loucos para chegarmos em casa, o que já começamos a sentir quando chegamos ao aeroporto de Lisboa.

 

Apesar de hoje eu conseguir sorrir e saber que aquela foi  uma das viagens mais incríveis da minha vida, no decorrer dela eu não soube, aliás, eu não pude aproveitar mais da magia que tudo estava envolvido por causa da minha ansiedade. E isso é tão sério que passei a tratar em terapia após a chegada em São Luís. Melhorei um pouco, ou pelo menos, hoje, tralho com medicamentos. Mas, meu inglês... continua o mesmo e sem previsão de melhora. E a única certeza que tenho é que minha próxima viagem internacional será para algum país que fale português ou, quando muito, espanhol.

 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

VALE MUITO VER-O-AÇAÍ

Há alguns anos, acho que 2019, estive em Belém (PA) onde passei uns dias trabalhando. Apesar de ter que ficar longe de casa - o que não me agrada muito, pois sou muito caseiro - se faz necessário para um melhor desenvolvimento profissional. Mas, tem o lado bom da história que é aprender mais, conviver com colegas que no restante do ano só nos vemos de forma remota, fortalecer relações de trabalho e amizade e, conhecer ou voltar a restaurantes incríveis, que em Belém não é nada difícil. É sobre isso que quero falar.

Restaurante Ver-o-Açaí 

Algum tempo antes um grande e querido amigo de trabalho, Maurício Façanha, saiu da empresa - de telefonia celular - depois de anos de trabalho e decidiu abrir um restaurante ao qual deu o sugestivo nome de VER-O-AÇAÍ.

No início um espaço não muito grande, mas já um espaço encantador com decoração artesanais que dava ao ambiente uma cara cultural paraense que a um turismólogo amante de cultura popular como é o meu caso, foi paixão a primeira vista.

A primeira vez que estive no Ver-o-Açaí, em 2019, salvo melhor memória, pedi um prato executivo de Camarão Rosa Empanado que foi servido acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa que foi um pedido muito acertado. Tomei com o tradicional Guaraná Garoto, na garrafa de vidro, KS. Eu já estava pra lá de satisfeito e ainda tinha a sobremesa... mas, falo dela depois. Cortemos para 2022.

Esse ano, voltei a Belém para mais uma semana de trabalho e um dos dias ao ser convidado por minha amiga Fernanda Ewerton para almoçar no "Ver-o" fiquei contente pois teria a oportunidade de saborear aquele tempero incrível, ver o novo espaço, que acompanhei a mudança pelas redes sociais e, de quebra, se tivesse sorte, ainda veria meu amigo Façanha. E mais ainda, se tivesse mais sorte, comeria novamente aqueeeeela sobre mesa!

Com Fernanda Ewerton 


Lá fomos nós!!!! E não era que era meu dia de sorte????? De cara já encontramos o proprietário, meu amigo, que me apresentou a casa. Viajei novamente na cultura, no artesanato, na arte... inclusive na grafitagem paraense. É uma viagem incrível entrar no ambiente! Façanha recebe a todos como recebe os amigos com muita generosidade.

Quando sentamos para pedir o almoço optei por mais um prato executivo. Dessa vez o escolhido foi Filhote Frito que também muito bem acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa me fizeram sentir como que ficando os pés em nas terras do Pará. O suco escolhido foi o de taperebá, que em alguns estados como o Maranhão conhecemos como cajazinho. Foi um tiro certeiro! Nossa Senhora de Nazaré abençoou aquele prato pessoalmente. Tenho certeza!!!! Minha amiga Fernanda, frequentadora assídua do local, foi de Dourada Frita e acho que gostou, dado seu sorriso de orelha a orelha.

Após o prato principal... decidimos partir de imediato à sobremesa que sem combinar tínhamos a mesma predileção: Raimundo e Maria, o melhor bem bolado de Doce de Leite com queijo do Marajó e farofa de chocolate. Combinação tão bem feita que não parece obra de seres humanos, parece mais feita pelos deuses do Olimpo paraense e servido pelos anjos que seguram o manto de Nazinha. Como a porção é generosa, decidimos dividir o mesmo pedido. E pra minha felicidade além de voltar a comer a que se tornou a minha sobremesa predileta na vida inteira, Fernanda deixou para eu comer o último pedaço. Mais que gentileza, isso me é prova de amor. 

A espera só Uber

Dali só me restou sentar numa rede a espera do Uber para o retorno aos trabalhos e esperar por mais oportunidades de retornar a Belém. Égua, mano... se tu estiveres de passagem por aquela cidade, jamais deixe de se proporcionar os prazeres gastronômicos do Ver-o-Açaí.

Preço??? Esqueci de comentar... lá não tem preço... eles têm valores!!! Pois, servem mais que questão monetária... tem outros elementos que agregam valores e fazem valer o que se paga.  Mas, garanto que vale pouco mais que muitos restaurantes populares e menos do que realmente vale o sabor e o atendimento. Eles têm zelo, capricho, carinho e amor ao que fazem. E mais... depois que se começa a comer o valor é o que menos importa.

Sobremesa Raimundo e Maria 

Garçom e as delícias do Ver-o-Açaí