domingo, 12 de fevereiro de 2023

MENTIRAS DE UM CARNAVAL INESQUECÍVEL

   

Carro abre-alas Grande Rio, 1999
      

         Quem me conhece hoje envolvido com o mundo carnavalesco pode até imaginar que nasci e me criei nesse universo cheio de plumas e paetês. Mas, não... muito pelo contrário! Nasci e fui criado em igreja evangélica, onde fiquei até me entender por gente e por perceber que temos várias e óbvias divergências, que não é o ponto desse texto. O fato é que, mesmo nunca tendo entrado em um salão de bailes de carnaval, sempre fui fascinado por esse mundo de samba, alegria, brilhos e glamour que somente o carnaval, em especial desfiles de escolas de samba, pode nos proporcionar. Obviamente que, morando no interior do Maranhão, somente poderia contemplar os desfiles pelas transmissões da TV’s Manchete e Globo.

A primeira vez que brinquei carnaval fora em 1995, com minhas irmãs Rogenir e Rogenia em um cortejo do Bloco Afro Akomabu, aqui de São Luís. Eu que tinha participado, ainda no interior, de oficinas de dança afro, pus para fora naquela tarde de domingo todo meu repertório corporal das danças que aprendi virem dos nossos ancestrais. Foi libertador, empolgante... emocionante! Minha empolgação foi tamanha que no dia seguinte restou-me ir à escola sob efeito do maravilhoso Dorflex. Aos 17 anos eu já não tinha idade para tanta empolgação.

No final de 1997, eu conheci Enoque que vim a saber na ocasião que no ano seguinte seria Destaque de Carnaval da Grande Rio, no Rio de Janeiro, e já estava atuando como carnavalesco de uma escola de samba local, a Unidos de Fátima para o desfile de 98. Era tudo muito recente pra mim e eu ainda não conseguia entender tanta novidade e nem tinha a menor noção onde eu estava entrando. Então naquele ano tive uma experiência fantástica, assisti aos desfiles da escola de samba do Rio de Janeiro sabendo que alguém que conhecia estava ali entre tanta arte, cultura e beleza.

O tempo passou e, faltando meses até o carnaval de 1999, Enoque me convidou a ir com ele para o desfile do Rio. Eu aceitei de imediato sem me lembrar que eu era um jovem desempregado e que eu não tinha um prego pra enfiar numa barra de sabão. Mas, como eu já lhe ajudava em seu trabalhos locais dei a desculpa em casa que  iria ajudar em um trabalho de carnaval na cidade de Codó, interior do Maranhão.

No dia da viagem fui ao aeroporto deixando em casa todos estranhando o fato de eu estar arrumado para quem iria viajar de ônibus para o interior do Estado. Eu que já vivia em estado de frio na barriga e ansiedade desde o dia do convite, não sabia que essa sensação só poderia piorar. Pois bem, quando estávamos no aeroporto sentados a espera da hora do voo o primeiro susto... chega Roberto Costa, hoje Deputado Estadual, que é sobrinho do meu cunhado José Costa, marido de minha irmã e madrinha Rogener, e me cumprimenta.  Apressei a todos para irmos à sala de embarque para que eu não passasse por outro encontro com algum outro conhecido.

Como quem mente não tem um momento de sossego ao entrar na sala de embarque me deparei com meu Professor Lobão e esposa,  ele tinha sido meu teacher de biologia do terceiro ano justamente no Colégio Santa Teresa de São Luís, onde Rogener era Coordenadora Pedagógica. E o medo e a culpa nos fazem cometer cada asneira, né?... Criei coragem e fui falar com ele,  para lhe pedir que não comentasse com NINGUÉM da minha presença no voo e ele garantiu. Sai e voltei para junto de Enoque e Biné, um querido amigo que naquele ano estrearia como destaque também na Grande Rio. Ao sentar olho para o casal, Lobão e esposa, que conversava quando faço a leitura labial dela que está perguntando “E ele vaaai viajar?”... e ele confirmou. Me lasquei! Falei... Por fim embarcamos no voo da extinta TransBrasil que, com suas elegantes aeromoças e cardápio de lanches, fazia escala em Belém e Manaus e fazia conexão em Brasília antes de chegar ao Rio.

Já na cidade maravilhosa foi como se estivesse vivendo o sonho de ser personagem de uma novela de Manuel Carlos. Os passeios pelos parques, pão de açúcar, Botafogo, Palácio do Catete, Copacabana, Ipanema, Leblon... Ah, o Leblon... nada mais “ManoelCarliano” que isso!

Chega então o dia 15 de fevereiro de 1999, uma segunda-feira de carnaval. Chegamos ainda cedo, com o dia claro, à concentração das escolas. A Acadêmicos do Grande Rio seria a segunda a entrar na Marquês de Sapucaí com o enredo “Ei, ei, ei, Chateau É Nosso Rei!” com os trabalhos do mago das cores, o carnavalesco Max Lopes. Naquele ano Enoque, que veio no carro abre-alas, vestia com uma fantasia que ele mesmo desenhara a pedido do carnavalesco e que representava o Bumba-meu-boi do Maranhão.  E Biné veio em uma alegoria como o Rei do Maracatu. 

Já estávamos no dia do desfile, tanta coisa nova eu tinha conhecido e aprendido  e eu ainda não acreditava em tudo que estava vivenciando ali. No meio de tanta arte me deu sensação de estar dentro de uma obra de arte viva e, deveras, estava. Para quem só via as coisas pela tela da televisão tudo era grandioso e mágico. Para todos os lados que me virava dava de cara com artistas conhecidos da TV. Só no carro que enoque estava tinham Mônica Carvalho, Raul Gazolla e Beto Simas, a Rainha de Bateria era Suzana Wenner. Naquele ano quem estava em alta era a então modelo Luciana Gimenez, que suspeita de estar grávida do roqueiro Mick Jagger, desfilou na escola com todas as câmeras querendo registrar sua barriga desnuda, que crescia sob as especulações da veracidade da paternidade mundialmente famosa. Dividindo o reinado do Maracatu com Biné, a estonteante atriz Zezé Motta, a eterna Chica da Silva do cinema. Aliás não sei se ela percebeu meu olhar embasbacado e admirado por tê-la ali na minha frente. Sei que ela me devolveu um sorriso encanador que me aqueceu o coração nervoso de quem se beliscava às escondidas para ter certeza que não era um sonho louco.

Alegoria Rainha do Maracatu, com Zezé Motta


Foi um ano inesquecível para mim. A escola campeã daquele ano foi a Imperatriz Leopoldinense que conquistou seu sexto título com o enredo “Brasil, Mostra a Sua Cara em... Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae” da carnavalesca Rosa Magalhães. Nós ficamos com o sexto lugar que para mim já tinha gosto de vitória. Aliás, tudo ali tinha sido glorioso.

Estava eu muito emocionado por realizar um sonho que nem eu sabia que tinha desde infância. Era como se eu estivesse em transe e somente uma coisa me tirava do transe e me punha na minha realidade de quem tinha pregado uma mentira em casa, as câmeras da TV globo em chamadas ao vivo. Aliás, na justa hora que eu estava diante de Zezé Motta estava também atrás de uma repórter que estava ao vivo na Globo News e, por sorte minha, não na TV aberta.



Chegou o dia de voltar para a realidade... era hora de “voltar de Codó”. Foi um carnaval maravilhoso e eu nem foto pude fazer. Afinal, não poderia ter provas da minha mentira. Minha pequena mentira tinha dado certo, ninguém ficou sabendo de nada. Ou, pelo menos, ninguém tinha brigado comigo. Os dois que me flagraram no aeroporto não tinham me entregado, eu acreditava piamente. A minha primeira semana após minha chegada do rio de Janeiro fora muito tranquila. O frio na barriga tinha por fim sessado. Estava  eu em estado de “Uuuufa... deu certo!” Até chegar o domingo seguinte, quando recebemos a visita justamente do casal Rogener e José Costa. Eu estava todo falante, doido para compartilhar meu dias de folia global, mas não podia falar demais. Até que Costa me pergunta em tom quase sarcástico e entregador:

                - E então Rivânio... como foi em Codó?...

                - Ora, Costa... foi bom, mas é um cidade como toda cidade do interior... uma rua que entra, outra que sai e uma igreja no meio. Respondi tremendo e achei logo o que fazer na rua.

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

GLÓRIA MARIA E A LIBERDADE DOS SONHOS

 


Rio de Janeiro, fevereiro de 2001 a escola de Samba Grande Rio, que tinha meu querido amigo Joãosinho Trinta como carnavalesco, levaria à Sapucaí o enredo "Gentileza "X" - O profeta do fogo", que contava a história José Datrino. Este era um ex-empresário de Niterói, que enlouqueceu ao saber do incêndio em um circo em sua cidade que vitimou fatalmente mais de 500 pessoas. Ele recebeu o nome pela população de Profeta Gentileza, por ter abandonado seu universo cheio de dinheiro para pintar com gentileza as ruas do Rio através de mensagens de paz e esperança em pilares da Avenida Brasil. Aquele ano a escola encerrou o desfile, já na terça-feira de manhã, com um homem voador, o dublê americano Eric Scott voou sobre a Sapucaí, com um minifoguete acoplado nas costas, o que causou uma emoção sem medidas tamanho fora a surpresa causada com esse acontecimento inesperado.


Naquele ano ainda íamos em três – Enoque e Biné Gomes (ambos destaques da escola) e eu –.  Chegamos para passar o carnaval na capital carioca na quarta-feira magra, dia 21 de fevereiro – a noite e na tarde do dia seguinte fomos ao barracão da escola, ainda no bairro do Santo Cristo, região portuária do Rio.

No barracão pedimos para falarmos com Joãosinho e o querido Danyllo Gayer (este Primeiro Destaque da agremiação e Presidente dos Destaques), que estariam em nosso aguardo àquela manhã.  Fomos anunciados e orientados a aguardá-los na sala do João, pois estaria finalizando uma entrevista. E lá fomos nós... Gente, minha ansiedade estava ON. Com a expectativa de conhecer o gênio do carnaval brasileiro (Enoque já era seu amigo, mas eu ainda não o conhecia). Contudo, a vida me reservava muito mais... Ao entrarmos à sala fiquei impactado com a cena: dois ídolos de minha vida inteira estavam ali, conversando à minha frente. Joãosinho Trinta sendo entrevistado pela gloriosa Glória Maria. Ela se preparando às transmissões dos desfiles tentava desvendar os segredos que João tinha preparado para deixar a Sapucaí e o mundo de queixo caído.

Ele o gênio e ela uma sumidade do jornalismo brasileiro. Além disso, ela, uma mulher preta, à frente de um dos principais programas televisivos do país - o Fantástico -, ainda comandava as transmissões dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Isso para mim já era o suficiente para admirar a imagem que essa mulher representava, aliás, representa. E eu ainda não tinha a consciência que tenho hoje sobre sua história que é de uma personificação do significado do termo "representatividade".

Ouso comparar - e me deixa - a jornalista e apresentadora com a romancista Maria Firmina do Reis, que foi a primeira escritora abolicionista brasileira. E Gloria foi a profissional que deu à cara  como pioneira em muitas atividades profissionais. Dando um caráter abolicionista, de quebra de correntes, ao povo preto que antes dela não se via em muitos cenários. Ela pode não ter liberado as vagas de fato ao nosso povo, mas ela com toda certeza libertou os nossos sonhos de chegarmos mais longe do que as probabilidades impõem.

Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Foi apresentadora do fantástico de 1998 a 2007, viajou  a mais de 100 países, fez a primeira transmissão ao vivo, fez a primeira transmissão em HD, entrevistou a Madonna e Michael Jackson, além de, quando saiu do Fantástico, ainda deu a volta ao mundo fazendo reportagem para o Globo Repórter.

Na vida pessoal de Glória ela também foi  uma inspiração. Após décadas de trabalho sem férias resolveu tirar um período sabático, passou um período em um mosteiro na Ásia e na volta foi à Bahia prestar serviços voluntários, onde encontrou suas filhas de alma as quais não titubeou em adotá-las.

Sabemos que ser mulher é já uma questão que dificulta muito a realização de algum desses sonhos, imagina todas estas realizações e, imagine mais ainda, realizar tudo isso sendo uma mulher preta! Por tudo isso ela sempre fora inspiração não apenas às mulheres, mas a todo o povo preto brasileiro já cansado de ser colocado à margem com oportunidades negadas.

Sua história inspira a nós na busca por oportunidades, aproveitar com garra as que aparecerem e a não baixarmos nossa cabeça diante das dificuldades que a vida nos surpreende. Nesse sentido nos últimos anos enfrentou um câncer no pulmão, que mais tarde entrou em metástase no cérebro e aos quais enfrentou com coragem e dignidade. O Brasil já tinha se impactado com a notícia da volta da doença que a levou a internação para um novo tratamento. Hoje, 02 de fevereiro de 2023, o país para e chora com a notícia da morte de Glória Maria.

Eu fico completamente impactado, não é só uma celebridade que morre ou uma grande ídola que se parte é mais que isso, uma ídola que me olhou nos olhos, me cumprimentou, sorriu pra mim, perguntou se estava tudo bem  - quem é fã de verdade e tem uma oportunidade como a que tive registra na mente e no coração isso pela vida inteira pela importância da representação que aquela pessoa lhe tem.

Glória Maria nos deixa órfãos de seu trabalho, mas nos deixa um cardápio de inspirações que  sempre será motivacional para sermos profissionais capacitados, qualificados e comprometidos. E, transbordando o limite profissional, sua história nos motiva a sermos pessoas disponíveis, sensíveis, solidárias, batalhadoras, bem humoradas, corajosas e autoconfiantes.

Viva Glória Maria!
Que sua história viva e inspire sempre!

domingo, 8 de janeiro de 2023

WE DON'T SPEAK ENGLISH! Meus dias na terra da rainha

 Hoje é domingo, 08 de janeiro de 2023, e eu só não amanheci com vontade de não fazer nada porque estou com vontade de escrever. E, na procura de um tema interessante, me deparei pelo Instagram com o perfil de Beliza, uma colega de trabalho, com fotos de suas férias em Londres. Então quis compartilhar sobre minha experiência naquela cidade, não para me aparecer, mas para eu possa revisitar aqueles momentos e possa reviver momentos incríveis e que eu poderia ter aproveitado mais.


Era agosto de 2016 quando, Enoque e eu, embarcamos rumo à terra da rainha. Fomos a convite de nosso amigo, carnavalesco e comentarista de carnaval, Milton Cunha, que estaria sendo homenageado por uma escola de samba inglesa, a Paraiso School Of Samba, com o enredo  "Milton Cunha: Carnaval é Cultura", nome de seu livro recém lançado. O desfile seria, como todos os anos, no carnaval de Notting Hill, o maior festival de rua da Europa, que é um grande evento anual que acontece desde 1965. Aliás, o desfile foi uma coisa de louco! Parase ter uma noção a concentração começou às 9h da manhã em west kensington. De lá andamos por 1 hora sem parar, com  a escola mon-ta-da para então chegarmos ao local do início do desfile que durou nada mais e nada menos que 3 horas sob um solzinho considerável.





O desfile foi o epicentro da viagem, pois foi a razão da viagem em si. Mas eu, particularmente, pouco aproveitei do desfile e da viagem... Vamos aos fatos. Eu estava, antes da viagem, curtindo tudo cada momento e cada etapa das providências e tal, pois, a apesar de Enoque e eu, não falarmos patavina na língua inglesa nós teríamos as companhias de três amigos queridos – o próprio Milton, Dhu Costa (seu marido e passista de samba) e Thiago Avante (destaque de carnaval no RJ) – que falam muito bem aquela língua. Na ida eu tive uma leve preocupação de como seria nossa entrada no país dada nossa limitação com o idioma. Contudo, nosso amigo Thiago nos encontrou em Lisboa e fomos no mesmo voo ao nosso destino. Isso me tirou a preocupação. Daí tudo ia bem até eu ficar sabendo que, exceto Enoque e eu, os demais seguiriam para outros países encontrar outros amigos e curtirem mais alguns dias de férias.

A partir de então começou meu tormento... kkkkkkkkkkk Como seria que nós iríamos nos virar para pegar um taxi e chegar até o aeroporto Heathrow que é o maior aeroporto de Londres, um dos maiores do mundo e o mais movimentado da Europa, era minha preocupação e minha nova companhia na viagem inteira. Quem tem ansiedade sabe como uma situação como essa pode se tornar um monstro. Foi o que aconteceu!

O idioma inglês virou um monstro e a minha futura viagem do hotel, no centro de capital inglesa, até o aeroporto se tornou um pesadelo. E, para mim,  toda a viagem foi marcada por essa sombra de preocupação. Passeamos de routmasters  - os ônibus de dois andares vermelhos -  visitando diversos pontos turísticos, fomos ao Big Ben, Palácio de Buckingham e passamos pela abadia de Westminster -  onde casaram Rainha Elizabeth 2ª e o Príncipe Philip, Príncipe William e Kate Middleton e onde fora o funeral da Princesa Diana -  atravessamos a pé a Tower Bridge - que é a mais conhecida ponte de Londres -.





Por todos os caminhos que passamos e por cada lugar visitado a sombra do pavor vinha a minha mente e eu me perguntava “como vou me virar para que nada saia errado em nossa volta?” Geeeente.... A pior coisa da vida é ter ansiedade... Rsrsrrskkkkkkkkkkkk essa praga me fez aproveitar muito pouco da viagem.

Ainda assistimos ao musical Phantom of the Opera no Her Majesty's Theatre, visitamos a National Gallery para vermos as obras que só vemos em livro de artes e, para comemoramos o sucesso do desfile da escola de samba, jantamos no Oblix Restaurant - no The Shard, o edifício em forma de pirâmide, que é o mais alto da cidade -. Em nada ou lugar algum eu conseguia relaxar, nem tomando os prossecos incríveis todos os dias. Imaginem que no hotel a comunicação já rolava apenas pelo google tradutor, usando wi-fi, fora dali, sem essa ferramenta dos deuses, seria um desastre.



Chegou então o dia da volta. Para facilitar, uma vez que meu pacote de romming internacional tinha acabado e o google tradutor demora demais pra quem é ansioso, pedi ajuda para Milton para agendar um taxi – com taxista que falasse português -  na recepção do hotel. Ficou marcado então para as 04 da madrugada, pois nas condições que estávamos precisaríamos ter tempo para resolver qualquer imprevisto e ainda chegarmos ao aeroporto em tempo de pegarmos o voo para Lisboa, onde faríamos conexão novamente.

Enoque é precavido, por isso gosta de se antecipar nas viagens e eu sou daqueles ansiosos que liga o despertador e antes do horário deles despertar eu acordo para desligar. Assim sendo, às 03 horas da madruga já estávamos na recepção do hotel, quando chegou um taxi para deixar um hospede no hotel em frete ao que estávamos saindo. Pelo google tradutor perguntei se era o nosso e o recepcionista disse que sim. Acreditamos e fomos!

Ao entrarmos nos veículo me sentei no banco da frente e Enoque no banco de trás. Mostrei então a passagem como nome do aeroporto e o terminal que deveríamos ficar. Fomos os três calados até que o motorista pergunta:

- Where are you from?

-  Oi?! Respondi...

- Where are you from? Ele repetiu e eu lembrei da minha lição do livro de inglês eu decorei na época. Então respondi

- Brazil.

Ele arregalou os olhos e repetiu e fazendo uma nova pergunta que não entendi disse:

-Brazil?!...  how will they pay?

- I (EU) NO ENTENDÓ!... WE DON'T SPEAK ENGLISH! (não sei por qual razão que brasileiro que não fala inglês tem mania de falar alto).

Ele, depois de pensar um pouco  então mostrou um cartão de crédito e uma cédula de libra. Só aí entendemos que ele perguntava como iríamos fazer o seu pagamento pela viagem. Fiquei chateado pelo preconceito dele em associado Brazil ao pagamento... deve ter pensado que iríamos dar um golpe ou lhe roubar. Afinal sabemos que a fala de malandro do brasileiro corre o mundo e vai longe.

Respondido ao seu questionamento mostrando as cédulas de libras na porta-cédulas  decidi devolver a pergunta inicial:

- Where are you from?

Ele então respondeu:

- Pakistan.

- what???? (meu inglês de Greenville – pesquise no google sobre a novela A Indomada).

- Pakistan. Ele repetiu.

Foi aí que assimilei a resposta e virei para Enoque com minha pior cara de pavor e disse:

- Enoooque ele é do Paquistãããão... Homem boooomba!!!!

Dali então fiquei apavorado de um lado e o taxista de outro. Ninguém falava mais nada. Tudo que ouvia era as batidas do meu coração. E tudo que víamos era a escuridão da estrada àquela hora. A minha cabeça já estava a mil. O medo misturado com a ansiedade quase me tira dali e me faz sair correndo. Mas, eu não saberia o caminho correto. Passava pela minha cabeça apavorada que era melhor esperar até ele fazer conosco o que ele tinha planejado.

A distância entre o hotel e o aeroporto era como Centro de São Luís e a cidade de Santa Rita, interior do Maranhão. E naquele momento era como se eu estivesse atravessando o campo de Peris, sem nada pela frente... o caminho parecia que esticava e eu não via nem de o clarão que certamente as luzes do aeroporto fariam de longe. Eu tinha certeza que estava sendo vítima de um atentado terrorista.

Rodamos ainda por quase uma hora até começarmos a ver as placas indicativa de que estávamos no destino correto. Meu coração voltou a bater e minha respiração parecia que queria voltar. E eu percebia nitidamente que o pavor dantes estampado no rosto dele também estava se dissipando. Acho que ouvi o pensamento dele... dizia algo como: “Ufa! Vou chegar antes deles me roubarem e se eles não me pagarem eu chamo a polícia do aeroporto.” Kkkkkkkkkkkkkkkk

Quando finalmente chegamos ao terminal 2 do aeroporto Heathrow e todos vimos a polícia o alívio foi geral. Quando pagamos a viagem a bagatela de 90 libras – que estava equivalente a 450 reais – ele expôs seu sorriso mais cordial daquela longa viagem eu o sorriso mais grato e aliviado da vida inteira.  E ainda arrisquei todo o restante do meu vocabulário inglês decorado nas aulas do 1º CI:

- Thank you and sorry!!!

E ele só dizia:

- Thank you! Thank you! Thank you!... enquanto entrava correndinho no veículo e ia “aterrorizar” outros passageiros pela vida. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk

 

E nós seguimos passeando pelo aeroporto até o horário de nosso voo. Sem nem reclamar ´pelo valor pago por aquela viagem. Loucos para chegarmos em casa, o que já começamos a sentir quando chegamos ao aeroporto de Lisboa.

 

Apesar de hoje eu conseguir sorrir e saber que aquela foi  uma das viagens mais incríveis da minha vida, no decorrer dela eu não soube, aliás, eu não pude aproveitar mais da magia que tudo estava envolvido por causa da minha ansiedade. E isso é tão sério que passei a tratar em terapia após a chegada em São Luís. Melhorei um pouco, ou pelo menos, hoje, tralho com medicamentos. Mas, meu inglês... continua o mesmo e sem previsão de melhora. E a única certeza que tenho é que minha próxima viagem internacional será para algum país que fale português ou, quando muito, espanhol.

 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

VALE MUITO VER-O-AÇAÍ

Há alguns anos, acho que 2019, estive em Belém (PA) onde passei uns dias trabalhando. Apesar de ter que ficar longe de casa - o que não me agrada muito, pois sou muito caseiro - se faz necessário para um melhor desenvolvimento profissional. Mas, tem o lado bom da história que é aprender mais, conviver com colegas que no restante do ano só nos vemos de forma remota, fortalecer relações de trabalho e amizade e, conhecer ou voltar a restaurantes incríveis, que em Belém não é nada difícil. É sobre isso que quero falar.

Restaurante Ver-o-Açaí 

Algum tempo antes um grande e querido amigo de trabalho, Maurício Façanha, saiu da empresa - de telefonia celular - depois de anos de trabalho e decidiu abrir um restaurante ao qual deu o sugestivo nome de VER-O-AÇAÍ.

No início um espaço não muito grande, mas já um espaço encantador com decoração artesanais que dava ao ambiente uma cara cultural paraense que a um turismólogo amante de cultura popular como é o meu caso, foi paixão a primeira vista.

A primeira vez que estive no Ver-o-Açaí, em 2019, salvo melhor memória, pedi um prato executivo de Camarão Rosa Empanado que foi servido acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa que foi um pedido muito acertado. Tomei com o tradicional Guaraná Garoto, na garrafa de vidro, KS. Eu já estava pra lá de satisfeito e ainda tinha a sobremesa... mas, falo dela depois. Cortemos para 2022.

Esse ano, voltei a Belém para mais uma semana de trabalho e um dos dias ao ser convidado por minha amiga Fernanda Ewerton para almoçar no "Ver-o" fiquei contente pois teria a oportunidade de saborear aquele tempero incrível, ver o novo espaço, que acompanhei a mudança pelas redes sociais e, de quebra, se tivesse sorte, ainda veria meu amigo Façanha. E mais ainda, se tivesse mais sorte, comeria novamente aqueeeeela sobre mesa!

Com Fernanda Ewerton 


Lá fomos nós!!!! E não era que era meu dia de sorte????? De cara já encontramos o proprietário, meu amigo, que me apresentou a casa. Viajei novamente na cultura, no artesanato, na arte... inclusive na grafitagem paraense. É uma viagem incrível entrar no ambiente! Façanha recebe a todos como recebe os amigos com muita generosidade.

Quando sentamos para pedir o almoço optei por mais um prato executivo. Dessa vez o escolhido foi Filhote Frito que também muito bem acompanhado de arroz de tucupi, salgadinho de feijão Santarém e farofa me fizeram sentir como que ficando os pés em nas terras do Pará. O suco escolhido foi o de taperebá, que em alguns estados como o Maranhão conhecemos como cajazinho. Foi um tiro certeiro! Nossa Senhora de Nazaré abençoou aquele prato pessoalmente. Tenho certeza!!!! Minha amiga Fernanda, frequentadora assídua do local, foi de Dourada Frita e acho que gostou, dado seu sorriso de orelha a orelha.

Após o prato principal... decidimos partir de imediato à sobremesa que sem combinar tínhamos a mesma predileção: Raimundo e Maria, o melhor bem bolado de Doce de Leite com queijo do Marajó e farofa de chocolate. Combinação tão bem feita que não parece obra de seres humanos, parece mais feita pelos deuses do Olimpo paraense e servido pelos anjos que seguram o manto de Nazinha. Como a porção é generosa, decidimos dividir o mesmo pedido. E pra minha felicidade além de voltar a comer a que se tornou a minha sobremesa predileta na vida inteira, Fernanda deixou para eu comer o último pedaço. Mais que gentileza, isso me é prova de amor. 

A espera só Uber

Dali só me restou sentar numa rede a espera do Uber para o retorno aos trabalhos e esperar por mais oportunidades de retornar a Belém. Égua, mano... se tu estiveres de passagem por aquela cidade, jamais deixe de se proporcionar os prazeres gastronômicos do Ver-o-Açaí.

Preço??? Esqueci de comentar... lá não tem preço... eles têm valores!!! Pois, servem mais que questão monetária... tem outros elementos que agregam valores e fazem valer o que se paga.  Mas, garanto que vale pouco mais que muitos restaurantes populares e menos do que realmente vale o sabor e o atendimento. Eles têm zelo, capricho, carinho e amor ao que fazem. E mais... depois que se começa a comer o valor é o que menos importa.

Sobremesa Raimundo e Maria 

Garçom e as delícias do Ver-o-Açaí 


sábado, 3 de dezembro de 2022

SALVE AS DORES NOSSAS DE CADA DIA

 "Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer. Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas."


Escritora Raquel de Queiroz 

Li hoje essa frase atribuída a grande e brilhante escritora Raquel de Queiroz no perfil da professora, psicóloga e pessoa muito sabia, Socorro Marinho. A frase sempre me pega de jeito, pois é uma das frases com a qual mais me identifico como ser vivo.

A vida é isso... a vida é um doer sem fim. Aliás, a vida é uma sucessão de busca pelo fim das dores de cada momento vivido. Para se ter a percepção e sensação de superação das dores da vida é preciso sair da superficialidade. Isso para quem não tem medo, ou não tem saída, e aprofunda na dor e chega à conclusão que não tem outra jeito a fazer senão ser forte, buscar solução
para sanar pela raiz a causa da dor sentida. Fora isso somente duas outras saídas...  dar tempo ao tempo é também uma opção. Ele, o tempo, sempre foi e será um excelente remédio. Ele cura ou enterra qualquer mal. Qualquer dor. A outra e última saída, a meu ver, seria deixar que nossos fantasmas, medos e dores nos dominem e nos paralisem. Isso não nos dar muito repertório de vida e não nos ensina sermos fortes ou resilientes e, menos ainda, não nos amadurece e nem nos faz crescer.

Aprofundar na dor para vencê-la é como entrar naquela velha casa que nos causa medo na nossa rua. É entrar na casa, encarar todos os fantasmas que acreditamos morarem lá dentro. Encarar esses fantasmas nos levam a uma conclusão quanto suas existências ou não existências desses fantasmas. Ao encararmos nossos fantasmas e vermos que temos razões em sentirmos medos deles e constatarmos que podemos vencê-los ou superá-los somos tomados por sentimentos de fortalecimento, amadurecimento e de vitória. Ao passo que quando diagnosticamos que nossos fantasmas não têm razão de existirem nos sentimos bobos e até infantis, mas, se observarmos no fundo do nosso ser nos sentimos igualmente vitoriosos por, de alguma forma, encararmos nossos medos e fantasmas que por alguma razão nos causaram dores. Isso nos faz mais maduros. O que não ocorre com que foge da coragem de encarar com profundidade a dor sentida.

Viver é isso... viver  ter a certeza que as dores virão e que precisamos sará-las. A cada dor que vai devemos ter certeza de novas dores que vêm. Entretanto, cada dor que se vai nos deixa a satisfação pelo aprendizado, pela sobrevivência, pelo fortalecimento e amadurecimento. Isso é indiscutível, indescritível e incalculável! Sábia Dona Raquel de Queiroz!

domingo, 20 de novembro de 2022

DEPRESSÃO É PAPO SÉRIO!



Muita gente taxa o quadro depressivo como frescura de quem não sabe como chamar atenção. Não... depressão não é frescura! E anda longe de ser. As características de uma pessoa depressiva são múltiplas e os sintomas são igualmente variadas. Logo não posso falar por todos. Mas, posso sobre meu caso. Sim, eu convivo e trato minha depressão há pelo menos 17 anos, às vezes mais forte e outras vezes mais fraca e outras controladas com medicações.


A depressão não se instaurou de uma hora para outra. Ela é uma construção feita de traumas, decepções e muitas frustrações nas mais diversas áreas de nossas vidas. Cada um desses “tijolinhos” vai sendo colocado e não vamos tratando de resolver aquela questão de imediato e eles vão se firmando. E nós? Vamos ficando calados, “dando tempo ao tempo” e não disseminando de fato as questões, não as dando solução de fato. Deixando nossas insatisfações caladas e dando prioridades às falas, opiniões, atitudes, ações, satisfações e razões a terceiros, que podem ser próximas ou não. E se passamos por situações de abusos e violências psíquicas, físicas e/ou sexuais, tudo piora ainda mais. Pois ficamos nos sentindo impotentes, vulneráveis e, pior, culpados.


Sabe aquela história que não quero ter razão, eu quero ser feliz? Um balela e de nada vale se de fato, lá no íntimo, temos de fato algum incômodo que situações chatas nos causam. Comigo sempre fui assim. Apesar da minha natureza questionadora fui criado para não discordar, não enfrentar, não bater boca e nem brigar na rua... isso me fez engolir muitos sapos na vida, os quais sempre tentei esconder atrás de uma figura debochada e divertida. Até que chegou o dia que não precisou de engolir um sapo, bastou apenas a última gota d’água. Lembro exatamente do dia quando tudo começou.


Era período natalino, eu vinha de uma série de sapos que vinha engolindo na vida, a empresa passando por profundas transformações, medo de perder o emprego, frustrações por sonhos não realizados, etc, etc, etc... tudo eu falava que nada disso me abalava, mas o coração e a cabeça a mil. Nesse mesmo período fui chamado  fazer decoração das lojas da empresa que trabalho – na época tinha outro nome -. Fiz uns anjos lindos e no dia que fui mostrar o protótipo à diretoria da empresa que amou. Quem estava lá na hora era minha concorrente para desenvolver esse trabalho – pessoa que eu tinha grande carinho –. Ela lançou um olhar de desdenho e desprezo tão escancarado que a decepção que senti me jogou num abismo de tristeza terrível. As pessoas não me reconheciam mais. Uma amiga de trabalho se obrigou a tirar meu desktop da sala em que eu trabalhava para que eu não ficasse sozinho. Foi quando eu melhorei de fato.


Mas vida, a vida é uma caixinha de surpresa, tinha me reservado algumas outras surpresas desagradáveis que precisava que está preparado para tal, o que não era o caso.  Para começar um diagnóstico errado fragilizou ainda mais a saúde minha sobrinha que nascera prematura. Depois meu pai faleceu de um infarto fulminante sem prévio aviso como é comum acontecer nesses casos. No ano seguinte minha sobrinha também falecera após um cirurgia que sua única esperança.


O sentimento era que eu estava diminuindo, ficando minúsculo e o mundo crescendo e se transformando em um monstro gigantesco daqueles que vemos nos filmes de ficção científica. A vida da gente vira um pesadelo  real. Nada na vida tem solução, muito pelo contrário, tudo parece que só piora. O boleto que atrasa, a faculdade que parou, o trabalho que não entrego no prazo, a ajuda que peço e não tive retorno, o risco de perder o emprego, o olhar atravessado, o sorriso que não veio, o abraço apertado que eu queria receber e não recebi, o obrigado que eu queria ouvir e não ouvi... tudo é problema, tudo é gigantesco, tudo é monstruoso e sem fim. Quero ter atitude, ter ação e solução... mas, as paredes construídas em nossa volta fazem o fundo do poço ser ainda mais escuro, frio, congelante e paralisante que os especialistas ouvem em seus consultórios. Tudo cresce tanto que a única solução é o fim. E não é o fim o problemas, mas o nosso próprio fim.


Teve uma noite que acordei, no meio de uma alta crise, com a única companhia que não me largava noite alguma, a insônia. Queria dormir, pois a única hora que eu não tinha monstros na vida era na quando estava dormindo. Nessa noite parecia que as paredes do quarto escuro estavam me apertando, me sufocando. Fui para janela do quarto pedir a Deus que me levasse, que me tirasse a vida ou me dessem a solução dos meus problemas e uma arma contra meus monstros. Foi quando veio a minha cabeça minha mãe e meus sobrinhos que já tinham perdido o marido, uma neta, o avô, a irmã, a prima... Olhei então meu companheiro deitado... Se eu me fosse eu estaria transferindo meus problemas para um ainda maior a todos eles. Senti algo no meu interior, pois de fato eu não queria acabar com minha vida. Eu queria acabar era com meus problemas, pois esse é o sentimento de quem busca esse recurso extremo.


Infelizmente nem todos tem tempo de ter ou perceber seus milésimos de segundo de sanidade metal antes do ato final. Eu percebi e senti que meu problema não era eu de fato, mas os problemas que precisar focar em cada um deles por vez e passar a não me calar diante das minhas insatisfações, doesse a quem doesse. Não poderia mais doer em mim – tadinho dos meus irmãos, colegas de trabalho e amigos conviveram com meu lado mais sombrio sem saberem as razões de tal KKKKKK. Perdão queridos! –. Sorte de todos, e principalmente a minha, que com o tempo aprendi que o que não pode doer em mim, não necessariamente precisa doer em alguém, salvo os casos que precisam ouvir algumas verdades. Mas, até isso acontecer perdi muitas oportunidades de amizades e experiências de vida excepcionais.


O fato é que posso ter perdido grandes oportunidades e experiências, mas as que eu tive me fizeram ser eu. E o meu eu hoje é um eu melhor que antes. Sou uma pessoa que ainda faz tratamento, tomo minhas medicações, mas sou consciente do que me causaram a base da depressão. Tenho gradativamente compartilhado com os meus mais próximos – isso me ajuda muito a enfrentar cada um desses problemas raízes  e achar o caminho melhor para as possíveis soluções dos mesmos -. Hoje estou bem, tenho noção de situações que me possam ser gatilhos graves e optar, se for inevitável, por encará-los de  forma mais forte e consciente.



Para muito isso pode ser motivo de vergonha, para mim não. Já foi!!! Contudo, não o é mais vergonhoso, porém, não chega a ser motivos de orgulho. Orgulho eu tenho de poder entre tantas turbulências internas conseguir ainda sorrir e tirar sorrisos dos meus amigos. Orgulho de poder expressar em falas o que sinto. Orgulho de poder buscar nas minhas fotografias uma forma de externar minha forma de ver a vida que às vezes não consigo por palavras. Orgulho eu tenho em, nas vezes que não tenho fotografias e falas para expressar meus sentimentos, eu tenho palavras para escrever e organizar meus pensamentos. Orgulho eu tenho de ser uma pessoa cada dia mais forte e consciente do meu quadro e de poder buscar os tratamentos possíveis para me manter são. Orgulho eu tenho ainda mais de poder acolher, abraçar, ouvir e dar forças a amigos que precisam desse apoio. Seja você também um apoio a quem precisa e de força para enfrentar seus monstros.

 

sábado, 19 de novembro de 2022

COM O AFETO DAS CANÇÕES


 "Com o Afeto das Canções" é uma composição de Joãozinho Ribeiro, interpretada por Rita Beneditto e Zeca Baleiro e tem o arranjo do incrível Zé Américo Bastos.

Esse clipe não é o oficial. Mas, poderia ter sido. Rsrsrrs. Hoje, mais de um ano, após ele ter sido produzido e do lançamento do clipe oficial, decidi publicar a minha versão.

Agradeço aos meus amigos queridos me cederam suas imagens de amor e afeto para compor esse material. E agradecer a Ricarte Almeida Santos, Daniele Assunção, Catarina e Cora que, juntos com outros jovens e crianças incríveis conseguiram formar uma família diversa e, acima de tudo, cheia de amor.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

TEMPOS DE CRIANÇA: LEMBRANCAS QUE SALVAM

Eu e meu primo Laade - 1984 


Estamos no 12º dia do mês de outubro de 2022. Além de ser dia de Nossa Senhora Aparecida – o que só passei a “reconhecer” depois de adulto – é dia das crianças, data nunca esquecida. E, estava aqui sentado olhando meu celular, assim como a maioria das pessoas deve estar, vendo fotos de tantos amigos crianças nas redes sociais. Vejo em cada foto um brilho no olhar, reflexo de uma vida de criança criança, não de crianças “miniadultos” que pensam ser crianças dos dias de hoje. Daí veio uma saudade dos meus tempos de criança...


Naquela época, toda a década de 80, eu morava no interior do Maranhão, uma pequena cidade que tinha o nome de Santa Teresa do Paruá. E lá.... Noooossa... como era bom!!! Diversão total!!! Tudo bem que nossos dias começavam às 05:30, 06h da manhã para pegar o leite na chácara, entregar os “lidileite” aos vizinhos que compravam da gente e depois voltava para abrir, espanar as mercadorias e varrer a farmácia que antes das 08 já estivesse pronta para o expediente, quando papai voltada do mercado onde diariamente ia comprar carne para o dia, os bolinhos de tapioca lisa e caroçuda e cuscuz de arroz feito na panela, moldado no pano. Esses bolos comíamos tomando o melhor café da vida todinha, feito por minha sempre amada mãe. Isso mesmo... lá em casa todos sempre tivemos uma atividade pela qual éramos responsáveis. Depois disso, quem estudava pela manha tinha que rumar à escola.

Xou da Xuxa, década de 1980

Eu particularmente sempre gostei de estudar mais pela manhã, minha capacidade de aprendizado sempre fora mais proveitosa. Pela tarde eu gostava de ficar em casa. Quando na cidade não tinha energia elétrica uma das coisas que eu gostava era acompanhar minha  irmã Rogenir nos seus trabalhos escolares com seus amigos de turma. Aprendi muito com eles. Depois da chegada da energia eu queria estudar a tarde para assistir tentar assistir o Xou da Xuxa com seu desenhos animados maravilhosos – Os Thundercats, He-man, She-ra, Os Smurfs, A Caverna do Dragão, Os Tartarugas Ninjas, Loucademia de Polícia e Cavalo de Fogo (este no SBT) sempre foram os meus preferidos -. Em tempos de menos restrições televisivas eu tinha como “babá eletrônica” uma loira vestida de minissaia, minishort ou ainda de maiô que se comportava como um criançona e que às vezes dava respostas atravessadas, sinceronas e nem sempre politicamente corretas às crianças da plateia. Loucura total!!!

Thundercats, desenho animado.


Fora dos horários de ficar vidrado na telinha preto e branca – sim... nem sempre tive TV colorida em casa - eu criança tinha muitas brincadeiras das quais gostava como desenhar – inclusive figurino -, fazer cartões de data comemorativa, fazer artesanato, pega-pega, trinta e um, guerriô, passar anel, cair dentro do poço, cabo de guerra, amarelinha pular corda, pular elástico, bang-bang, stop e tantas outras brincadeiras que eu adorava. Bom, mas, quem já passou dos 35 ou 40 anos  já deduziria quanto a essas minhas preferências “bricadeirísticas”.

O que pouca gente  deve saber que o meu lado “apresentado” teve origem também nas brincadeiras de criança, mais precisamente nas apresentações de comemorações dos dias das crianças de toda minha infância. Todos os anos tínhamos "shows de calouros" onde as crianças iam cantar... era lindo ver tanta criança cantando – mesmo que desafinados – absolutamente desavergonhadas do "graaande" púbico da cidade. Certa vez, minha irmã Rogênia (Gênia, Gêninha e outros apelidos que não posso revelar pela saúde do convício familiar) e eu, quando tínhamos por volta de  8 (eu) e 10 anos (ela) sonhávamos (ou seria delirávamos?) fazer parte do grupo infantil “Balão Mágico” – ela sempre se achava a Simony e eu, apesar de me ver no Jaizinho, me achava a cara do Mike por ele ser o mais novo (pode rir a vontade KKKKKKKKKKKK) – decidimos nos inscrever para uma das edições do show de calouros da escola. Para a ocasião escolhemos uma música que o famoso grupo cantava com o Fofão (um famoso e carismático personagem da TV da época). Eu faria a parte do Fofão...  fomos para o ensaio e foi um verdadeiro terror!!! Além de não sabermos cantar, ainda atrapalhamos o instrumentista, Professor João Lira. Ali desistimos da vida de cantores de sucesso. Mas, continuávamos com vontade de está nos palcos.

Contracapa do LP Xou da Xuxa 3


Eu tive outras oportunidades de subir ao palco do Centro Comunitário outras vezes, mas em dramatizações ou peças de nosso grupo de teatro. E ela, a Geninha, ainda pôde viver seu dia de fantasia sendo uma paquita juntamente com Nara, Eliane Fernandes e um outra menina que não me recordo. E a Xuxa? Aaaah!... A Rainha dos Baixinhos foi representada lindamente pela hoje Dra. Élia Holanda - ex-prefeita da cidade -, que apesar dos cabelo pretos entrou ao palco com uma réplica da roupa vestida pela apresentadora original no verso de um de seus discos (LP).

Todos nós sabíamos que era uma apresentação escolar, mas aquele dia pra mim também foi mágico. Eu tinha escrito uma cartinha que fora sorteada. Não recordo o que ganhei, mas nunca esqueci da emoção de ser sorteado pelo "Xou da Xuxa". Fui sorteado pela primeira vez na vida.

Por tudo isso costumo dizer que lúdico é importante na vida de uma criança... a ludicidade ameniza dores e salva vidas. Pouca gente sabe situações difíceis as quais fui submetido na minha infância sem perceber que dali muitos traumas e construções equivocadas comportamentais poderiam ter surgido de forma ainda mais graves do que apresentei ao logo dos meus 43 anos. E foram esses momentos lúdicos da infância que amenizaram e me fizeram amortizar os impactos de ações danosas cometidas por terceiros.

Relembrar esses momentos de criança feliz me faz fortalecer o adulto que sou hoje e ajudam a diminuir o tamanho dos monstros que fizeram eu criar em minha volta. Interessante que, nesse momento, parei por um instante a produção desse texto para passar a vista no celular e no instagram tinha um perfil que sigo onde o administrador tá em um vídeo simulando uma mágica com o filho e na legenda ele escreveu “Criança precisa de memórias boas, atenção e carinho”. E é isso... Boas memórias da infância, atenção e todo o carinho recebido tem me ajudado nas reconstruções que tenho feito e preciso continuar fazendo em mim.

Viva nossas crianças internas! Elas salvam os adultos que somos e seremos.

 

 

domingo, 4 de setembro de 2022

O DEBOCHE COMO  ARMA DE AUTODEFESA

 Meu pai era preto de pele escura e minha mãe é branca, bem alva, embora de cabelo cacheados. Assim, eu e meus irmãos saímos nos mais variados tons de pele, mas todos um a cara do outro. Eu, especificamente, sou preto de pele média,  nem claro e nem escuro, mas, com todas as demais características descendentes dos povos africanos: nariz volumoso, cabelo crespo, boca carnuda, pernas grossas, quadril largo e cintura fina. Portanto, sou preto e tenho muito, muito orgulho disso. E cada vez tenho mais.




Todos os dias vejo nos noticiários ocorrências de violência racial que me deixam revoltado, triste, solidário e com sentimento de vontade de acolher essas vítimas. Já passei por situações de racismo, tal como segurança de shopping ou de lojas de departamentos ficarem me acompanhando durante compras. Já ouvi conhecidas de minhas irmãs mais claras comentarem que éramos "de cores tão diferentes" que não parecíamos irmãos - nem analisavam que somos "a cara d'um e focinho do outro"  como dizia nosso pai.

Situações como estas me chateiam bastante, entretanto eu sofri bem mais com as situações de homofobia, pois não fora preparado diretamente pra isso. Tinha medo, pois não me davam oportunidade nem para desabafar as inúmeras vezes a que fui vítima. Tinha medo de ser apontado como dono da culpa do bullyng pelo meu jeito de "bichinha ou veado" como muitas vezes fui chamado. Ser preto, por um lado, nunca me deu esse sentimento de culpa e, por outro lado, me propiciava situações condicionantes de desabafar sem ser repreendido, culpado e sem medo de ser violentado nas mais diversas formas e vezes

Reafirmo e repito que a verdade é que ninguém me preparou para situações de homofobia, esse assunto sempre fora tabu lá em casa. Já as questões raciais e de racismo aprendemos a tratar com deboche da cara e na cara dos racistas - coisa que só mais tarde aprendi a agir com a homofobia. O deboche, eu aprendi, poderia ser minha arma de defesa.

Sei que talvez não seja a melhor maneira de lhe dar com as ocorrências, mas o sacarmos, o deboche, o desdém foi a maneira que aprendi desde cedo com meu pai. Seu Juruca, como era conhecido, tinha um amigo grande amigo que era preto retinto, de cabelo liso. E eles sempre brincavam com essa questão. Para os desavisados poderia ser taxado como que uma não aceitação da sua condição de preto e até mesmo o que hoje chamamos de racismo estrutural, quando de fato era deboche sobre os racistas. Poderia até mesmo ter muito de racismo estrutural, até pelo fato de que cresceram em ambiente que não tinha a defesa do direito dos pretos, além do mais, eram pretos descentes diretos de pretos, Santa Teresa do Paruá - onde morávamos - tinha na maioria da população pessoas pretas como nós e muitas falas racistas eram tidas como elogios.




No fim das contas, brincalhões e debochados que eram essas "brincadeiras" era uma forma de autodefesa para não tornar a vida ainda mais difícil e doída. Se certo ou se errado não quero e não vou julgar, mas esse sarcasmo me ajudou a ter desenvoltura em contexto de preconceito racial e mais tarde me ajudou a enfrentar os homofóbicos de frente.

Meu pai e seu Conceição me ensinaram a encarar o que poderia ser o grande gargalo de minha vida adulta, dada a minha cor de pele, de forma séria e leve através do sarcasmo. E, por tabela, mesmo sem intenção direta, me ensinaram a me defender da homofobia, que desde sempre sempre foi o meu pior mostro e algoz.

Enfim, não me sinto diminuído por ser chamado de preto. Tenho orgulho de ser!!! E, aos homofobicos - gays que não se aceitam - que não venham me apontar por eu ser gay, pois cada vez mais é provado científicamente que quem aponta a "gayíce" alheia quer, na verdade, esconder a sua. Kkkkk

domingo, 1 de maio de 2022

CARTA ABERTA A MILTON CUNHA E LUCINHA NOBRE

 Sao Luís  (MA), 01 de Maio de 2022.

,Olá, meus queridos amigos,

Vindo aqui parabenizar vocês dois, Milton Cunha e Lucinha Nobre, pelos seus trabalhos nas transmissões dos desfiles oficiais. E, mais que isso, pelos trabalhos de por vocês pelo carnaval como um todo.  

As histórias de ambos mostram que carnaval é mais profundo que a o brilho, folia e o desfile em si.  Carnaval é o trabalho, o estudo, a pesquosa, o treino, o suor, a dedicação, o labor, é onde muitos tiram o sustento da vida. Portanto, Carnaval também é vida. 

Você, Lucinha, como filha de sambistas e irmã do cantor Dudu Nobre não lhe deixou fixa no lugar da "irmã de famoso". É filha do Samba pura e plena e assim se fez Porta-bandeira, das mais consagradas, respeitadas e lembradas da história. Hoje também louvada como comentarista da Série Ouro do carnaval carioca e é o ponto de ligação entre o desfile e o público carioca que não tem oportunidade de ir à avenida.

Milton Cunha, irmão... imagino que nem nos seus sonhos mais loucos de infância na busca por tudo almejado, você esperou chegar para onde esta caminhando (você ainda vai mais longe). Digo isso porque sonhar você sei que sonhou. No entanto, o caminhar até o sonho nunca foi fácil. E você vai chegar lá, pois vem construindo esse caminho com dedicação, estudo, produção, pesquisa, projeção, execução e entrega. Você é hoje a voz do carnaval carioca. Da Criança da Ilha do Marajó, no Pará,  a uma enciclopédia carnavalesca para o Brasil e para o mundo. 

Parabéns! Parabéns, queridos amigos pela história de cada um de vocês. Mas, um PARABÉNS ESPECIAL para seus trabalhos na transmissão do Desfile das Campeãs pelo Multishow, que acabou de encerrar. Vocês estavam livres, felizes, empolgados, cantantes, brincantes e jamais deixaram de dar as aulas de conhecimento e vivência que têm no mundo do  samba e do carnaval. Aliás, vocês dois passam mais que conhecimento profundo. Vocês passaram intimidade entre si e, sobretudo, intimidade com o universo carnavalesco, que todos sabem quem têm. E ali fora sentido por quem os assistiu. 

Vocês separados são excelentes, mas juntos, vocês dois foram sensacionais!  Transmitiram vivência! E que seus lugares de fala, com preparo e dedicação são seus diferenciais. Vocês dois juntos dominaram a transmissão, sem serem invasivos ou deselegantes com a Laura Vicente e  os demais profissionais envolvidos. Deram um show! Que essa liberdade ainda mais livre (desculpem a redundância, é proposital) lhes sejam dadas também nas transmissões dos desfiles especiais.

Parabéns, deu muito orgulho do trabalho de vocês. São referências inspiradoras.

Obrigado pelo que você nos entregaram.

Foi muito além de lindo!!! Foi PERFEITO! INTEIRO! COMPLETO!


Fiquem com meus abraços pulantes, comemorativos e meus beijos mais estalados em suas bochechas.

Sem mais, além da minha gratidão e empolgação,

Bom descanso!

Rivas

terça-feira, 26 de abril de 2022

GRANDE RIO, CAMPEÃ!

FAAAALA, MAJETÉ!!! 

No sábado passado, dia 23 de abril, após o adiamento do carnaval da data oficial por conta da pandemia do Covid-19, desfilei pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Grande Rio, que levou à Marquês de Sapucaí um tema que foi uma aula sobre como combater a intolerância religiosa. "Fala, Majeté! Sete Chaves De Exu" foi desenvolvido - brilhantemente pelos carnavalescos, e pessoas queridas, Gabriel Haddad e Leonardo Bora - para desmistificar a imagem do orixá homenageado, que segundo os seguidores das religiões de matrizes africanas, sempre foi pintado como do mal, uma injustiça por conta do preconceito religioso.
Hoje é terça-feira, dia 27 de abril, acaba de sair a apuração dos votos e a Grande Rio pela primeira vez foi campeã do Grupo Especial Carnaval Carioca, o principal campeonato carnavalesco do país. E, na semana que a tradicional Casa Fanti Ashanti, um Terreiro maranhense de Candomblé e Tambor de Mina foi vítima ação intolerante e preconceituosa soa como uma resposta do universo!!! Mas,  deixamos isso de lado.
Quero falar dessa vitória da Grande Rio, que é muito, muito merecida. Ser campeã do carnaval carioca no retorno após a pior fase da pandemia que enfrentamos é um marco. É histórico. Mas, a maior vitória da minha  agremiação de coração nem foi propriamente esse troféu. Ele é só a coroação de vitória muito maior, que foi uma mudança na postura e na forma de executat e por a escola na avenida, com objetivo, foco e humildade. Eu explico: Há muito anos a Grande vem beliscando o campeonato. Já fora vice-campeã várias vezes e sempre os mesmos comentários: "A Grande Rio perdeu para si mesmo". E era mesmo!!! Chegávamos já na concentração com o nariz em pé, uma vaidade boba, uma certa prepotência desnecessária. Era uma ruma de diretores de carros que não ajudavam tanto quanto deveriam. Nós da Grande Rio - sim eu me incluo, pois eu estou na escola a 24 anos - estávamos sempre querendo aparecer como da "Graaaande Rio", mas era como se cada um tivesse a sua própria Agremiação. Tínhamos uma imaturidade visível e que não são sabíamos como administrar.
Esse ano, 2022 (pra ficar mais evidente) o sentimento foi outro. Enoque e eu somos da escola e moramos em São Luís e já há quase 1/4 de séculos viemos para o Rio desfilar na escola. E, como ia dizendo, esse ano foi perceptível a mudança de postura de TODOS!!!! Nossa primeira ida ao Barracão, conversar com o querido Danyllo Gayer, Presidente dos Destaques da escola, foi na quarta-feira antes do desfiles e tudo calmo, pronto, tranquilo!!! Aguardando apenas ajustes de concentração. E na concentração, à noite, todos cordiais, simpáticos, gentis, prontos a colaborar com todos. Nosso nariz estava na altura da humildade, da confiança de está preparado e da consciência de que carnaval se faz na Avenida e que nos olhos dos jurados tem mistérios que ninguém advinha. E foi tudo lindo!!!  O desfile foi perfeeeito!!! O melhor desfile dos 28 anos de Enoque no Rio e, obviamente, dos meus 24 carnavais carioca. Pela primeira vez saímos da Sapucaí confiantes, pois todos fizeram a sua parte!! Acho que o público percebeu e ainda na Avenida gritou "É CAMPEÃ!". Deu certo!!! A GRANDE RIO É CAMPEÃ DO CARNAVAL CARIOCA 2022! E essa é uma vitória de todos!!! Um entrega de cada um.
Uma mudança, fruto de uma trabalho bem feito e de um amadurecimento de todos e de cada um. Talvez resultado de autoanálises e autocríticas. Talvez as perdas de tantas pessoas queridas e componentes importantes da escola pra covid-19 tenha mexido na gente. Contudo, não dava para desmistificar uma imagem deturpada agindo de forma equivicada. De certo uma Grande força de vontade de mudar e agir. A Grande Rio cresceu. AMADURECEU! Esse amadurecimento da Grande  Rio foi fundamental para essa vitória!!! Quem planta o bem, colhe o bem! 

PARABÉNS, GRANDE RIO!!!! 
NÓS CONSEGUIMOS!!! 

 Se é Laroiê que se diz... LAROIÊ!