domingo, 18 de dezembro de 2016

RICOCHORO COMVIDA NA PRAÇA - Final da Segunda Temporada


Ontem se encerrou a segunda temporada do "Projeto RicoChoro ComVida", que em sua primeira versão aconteceu de forma encantadora entre as paredes mágicas do Bar e Restaurante Barulhinho Bom - Rua da Palma, no Centro de São Luís - desta vez "RicoChoro ComVida na Praça". A ideia, além de levar música boa e de qualidade ao maior número de pessoa possíveis e democratizar o acesso à cultura ao passo que divulga uma dos mais puros e genuínos gêneros musicais brasileiros, o Chorinho, é proporcionar encontros entre estilos e gêneros musicais, gerações de artistas, de ideias, de cultura, de pessoas!

Difundir o Choro como a principal música a dar uma identidade cultural brasileira tem sido a principal bandeira da vida de Ricarte Almeida Santos "sociólogo (UFMA, 1999), pós-graduado em Gestão Cultural (Faculdade São Luís, 2008) e aluno do mestrado em Cultura, Educação e Sociedade (UFMA, 2011). Membro fundador do Clube do Choro do Maranhão, secretário executivo da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, vascaíno em tempo integral" como ele mesmo diz.
Ricarte é meu irmão número dois e eu sei (quase) tudo que ele enfrentou na vida para continuar com esta bandeira em riste, tremulando sob as brisas e as tempestades que vêm e vão - as vêm em forma de tsunamis. Mas, ele com o propósito bem maior que o de se importar apenas com o comodismo de seu bem-estar encara tudo com sobriedade, serenidade e uma bravura disfarçada por trás de uma aparente tranquilidade, acima de tudo! Tenho muito a aprender com ele. E olha que já aprendi muito. Sou fã absoluto!
Não tem sido fácil. Contudo, sua resistência, sua resiliência tem fortalecido não apenas a imagem do Choro (Chorinho) como gênero musical, mas tem fortalecido o gênero como tal. Tem atraído cada vez mais adeptos ao meio, quer seja como instrumentistas, cantores ou simplesmente admiradores.
São mais de 25 anos à frente do "Chorinhos & Chorões", programa que entra no ar todos sendo "o seu café instrumental" aos domingos das 9 as 10h da manhã na Rádio Universidade FM (106,9), são décadas de pesquisas, estudos, conversas, entrevistas e incontáveis horas de dedicação para fortalecer aquilo que conheceu como um gosto musical, digamos, hereditário.
A conclusão dessa temporada do "RicoChoro ComVida na Praça" tem uma gostosa sensação de vitória, de satisfação, de orgulho mesmo. Como já disse, muitas barreiras tem sido vencidas desde o início de seu trabalho na área. E 2016 surpreendeu a superação de todos os prognósticos (Só Jesus na causa!) Veja bem, tirar o chorinho de dentro das paredes dos bares e botecos (diga-se de passagem que já foi uma vitória espetacular levar mais essa opção de entretenimento para estes estabelecimentos) e levar às ruas foi mais que um passo, foi um salto! Levar gratuitamente uma estrutura de som e iluminação de qualidade, segurança e a comodidade de assistir sentado em 09 praças da capital maranhense em bairros em realidades sócio-econômicas bem distintas, pois foi do Centro ao Cohatrac, do Anjo da Guarda à Lagoa, passando pro Vinhais Velho e pelo "novo" Vinhais. Democrático e rompendo as barreirinhas, como faz parte da história do gênero desde lá atrás, com Chiquinha Gonzaga. Tudo isso com patrocínio da TVN, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão. E em breve tudo isso poderá ser visto em breve na TV UFMA.
Ricarte... parabéns pelo excelente trabalho feito até aqui. Parabéns por tua história e por cada pedra usada na construção dessa muralha musical até aqui. Parabéns pela equipe de guerreiros que conseguiu acompanhá-lo até o final da temporada de forma vitoriosa! Tô orgulhoso (e um pouco de inveja) de vocês! E que venha 2017! Já estou ansioso para por a mão na massa.

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sábado, 2 de julho de 2016

D'ANNE-SE EU AINDA NÃO DISSE TUDO QUE TENHO PRA DIZER

#DanneSe EU AINDA NÃO DISSE TUDO QUE TENHO PRA DIZER

Como alguns ser humano se mostram pequenos, mesquinhos e  individualistas. EGOÍSTAS!!! Durante muitos anos o concurso de Miss se mostrou desacreditado em todo o Brasil. No Maranhão não foi diferente. Porém, nos últimos anos o concurso tem se levantado da fase de ostracismo e mostrado que ainda tem muita vida pela frente. Aqui no Estado estamos engatinhando ainda. Embora em crescente adesão. 

Assim como as Misses nacionais, as Misses Maranhenses sempre fizeram bem seus papéis de embaixadora de beleza, elegância e trabalhos de apoios à causas assistenciais. Disso não podemos reclamar. Tivemos representantes muito boas. E nossas torcidas por elas sempre foram, na verdade, torcida de "família" tipo torcida do coração. O que nos três últimos anos tem sido diferente... Ingrid Gonçalves,  Isadora Amorim e, agora, Deise D'anne tem nos feito ter uma pontinha de esperança de termos o Maranhão (sempre tido como terra de gente feia) como representante da beleza nacional.

Uma coisa me chamou a atenção durante todo o processo do concurso desse ano. Desde que a jovem Deise D'anne foi anunciada como concorrente foi uma enxurrada de mensagens de apoio levantando uma frente de torcida e boas energias a essa menina negra de periferia (ela mora no bairro da Cohab). Uma movimentação nunca antes vista na história do certame das últimas décadas. 

A razão pra todo essa demonstração de carinho e torcida não se deu apenas pela beleza física da então candidata. O que fundamenta esse levante popular é a beleza da sua aura, da sua alma e da sua história. Deise é de origem pobre, nascida em hospital público, moradora, como já citado, do bairro da Cohab, de mãe que, segundo me informaram, que cozinha e fornece quentinha. É uma menina que desde muito cedo acredita em um sonho e corre atrás dele. Não espera cair do céu, não. Embora tenha muita fé, ela ajuda o milagre acontecer. Estuda, se capacita, se qualifica, trabalha dia e noite. Não foge de trabalho e tens os pés fincados no chão quando cobra seus honorários. E veste a camisa do trabalho assumido. Comprometida ao extremo. 

Assim como quase toda a cidade a conheço de eventos de negócios, ações promocionais, eventos de moda, beleza,  esportivos, programas de TV... Eu mesmo já a tive como componente de minhas equipes de trabalho algumas vezes. A última foi como recepcionista do concurso de Miss Maranhão Gay 2015. Ela foi brilhante! Competentíssima! Sem deixar de lado a simpatia e educação mostrou todo seu profissionalismo. É uma figura conhecida por seu trabalho. Alguns até pensam que tem mais idade por conta de tanto trabalho que tem no currículo. Há uns quatro anos foi destaque em um concurso nacional, Beleza na Comunidade, apresentando por Ana Hickman na TV Record.  

A vida da nossa representante nunca foi  fácil e bonito como o seu sorriso encantador. Os "Sins" nunca vieram com a facilidade dos "Nãos". Isso a fez ser tão guerreira como tem si mostrado. Nunca abaixou a cabeça. E os pontos negativos sempre foram trabalhados a medida que os foram sendo cada vez mais fortificados. 

Com o Miss Maranhão 2016 surgiu como uma grande oportunidade, talvez "A" oportunidade de sua vida. E toda sua bagagem e beleza inegável tenha lhe dado a certeza que estivesse pronta. Sentimento compartilhado por todos que acompanham seu trabalho e não tem ligação afetiva com nenhuma outra candidata.  Chegou o dia mais esperado por todos. Talvez mais pela torcida do que pela própria candidata. E, ao final da noite cheia de emoções, Deise D'anne fora coroada a Miss Maranhão 2016!!! Desculpem a repetição desse termo, mas é proposital (alguma pessoas precisam acostumar com a ideia pra digeri-la melhor).

Contudo, o que poderia ser um mar de rosas a partir de então, começou a ser um pouco espinhento. O que poderia ser um pedaço do Olímpo, mostrou um pedaço da arena onde a luta ainda te que continuar. Eis que por inveja, ou puro preconceito, surge uma falsa notícia que a eleita tenha fraudado documentação para diminuir a idade e consegue se candidatar ao posto. O que seria mais que fraude, seria crime. Quando um burburinho começa a crescer... Ela ressurge, apoiada por todos que a conhecem e pela organização do evento, a pequena desmascara a tentativa de manchar sua imagem ou de tirada da coroa. O regulamento foi cumprido e nenhum documento fora falsificado. As supostas provas apresentadas a um blogueiro, sim, eram falsas.

É triste saber que há pessoas capazes de tudo para prejudicar, atrapalhar e acabar com as outras. Mas, é maravilhoso sabe que Deus está do lado dos justos. 

O que custa às pessoas fazerem como Deise a cada "não" recebido? Parabeniza a quem recebeu o sim e vai trabalhar a razão do seu não. Isso é o jeito Deise D'anne de ser. Deixo esse conselho as pessoas não vitoriosas no Miss Maranhão 2016: A cada não recebido, D'anne-se!!!!  Analise, estude, exercite, refaça, ensaie, pratique, leia, pesquise, trabalhe. Isso é D'annar-se!!! Não tem jeito, a Miss é Negra sim! E quem não tiver satisfeito que espere o ano que vem e até lá, D'anne-se!




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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Põe teu preconceito no armário que quero passar com meu amor



Estava nesses dias do final de semana às voltas com o tema “o enfrentamento ao tráfico de pessoas nas fronteiras Panamazônicas”, na cidade de Quito, Equador. A despeito do boicote proposto pela cantora gospel Ana Paula Valadão. Fiquei refletindo como o preconceito nosso, de cada dia, leva à cegueira e inverte a capacidade de mobilização de uma figura pública que, como essa, tem grande alcance nacional e que poderia usar esse potencial, por exemplo, para combater o abuso e a exploração sexual contra mulheres, crianças e adolescentes no país. Fiquei me perguntando qual foi a sua manifestação pública a respeito do artigo de Eliane Trindade , que desnuda a prostituição no Centro Político do país, envolvendo deputados e outras figuras da República.

Pelo visto para muitos, incluindo essa jovem cantora, a questão da orientação sexual está relacionada à “promiscuidade” e a uma vida desregrada e “despudorada”, especialmente quando se trata de homossexuais e transgêneros. Em minha vida tenho a oportunidade de conviver continuamente com pessoas homossexuais. Tenho irmão, cunhado, sobrinho, amigas, amigos que têm essa orientação sexual. Eu, meu esposo e nossas filhas (adolescentes) compartilhamos muitos momentos com essas pessoas, encontros celebrativos, passeios, partilhas, etc. Em nossas convivências essas pessoas refletem uma conduta de valores, respeito e têm uma etiqueta social invejável. São pessoas dignas, honestas, justas, comprometidas e lutadoras.

Enquanto isso outras crianças e adolescentes estão sendo exploradas sexualmente, nas mais variadas situações (prostituição infantil, pornografia infantil, turismo sexual e tráfico), por muitos senhores heterossexuais, que, em grande parte, são autoridades locais, estaduais etc.; vistos pela sociedade com respeito e reconhecimento, pelas pessoas públicas que são, em todos os estados do Brasil. Para confirmar esse perfil basta acessar o Relatório Final da CPI destinada a apurar denúncias de turismo sexual e exploração sexual de crianças e adolescentes, publicada em junho de 2014.

Será que as lentes com as quais estamos olhando o tema da orientação sexual e identidade de gênero, estão manchadas por juízos equivocados, falsos valores e modelos mentais desatualizados? Será que não conseguimos perceber onde estão as vulnerabilidades à exploração sexual das crianças e adolescentes? Quando iremos perceber que o preconceito e a falta de acolhida das famílias aos jovens LGBT é, que na maioria das vezes, os joga na vala da vulnerabilidade, fazendo muitos deles vítimas das redes de exploração sexual?

Penso que esse tema necessita ser visto com as lentes do amor, da empatia e do respeito. Independente da nossa condição e orientação necessitamos saber acolher os diferentes. Amar apenas aqueles que são iguais a nós pode ser mero egoísmo: Afinal, “ Narciso acha feio o que não é espelho. ” Amar e acolher os diferentes imagino que seja amor genuíno, que nos faz mais gente, que nos permite repensar e reaprender a viver rumo a uma sociedade mais plural e pautada numa cultura de paz, de respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.

Esse texto expressa uma opinião estritamente pessoal. Trata-se de uma declaração de amor para dizer a essas pessoas que são estigmatizadas e discriminadas por suas orientações, que podem contar com o meu amor e com o meu respeito.

Rogenir Almeida Santos Costa, simplesmente uma cidadã.

domingo, 22 de maio de 2016

MINHAS LEMBRANÇAS JUNINAS EM SANTA TERESA DO PARUÁ


Maio já começa a se despedir para junho chegar cheio de alegria, de cores, de fogos, fogueiras e muitas músicas. Forró (de verdade), baião, toadas, quadrilhas juninas, tambor de crioulas, cacuriá, coco, lelê e tantas outras manifestações deliciosas que fazem deste período o mais gostoso do ano, até por conta das delícias da culinária do período: mingau de milho, canjica, pamonha, pé de moleque, cocadas, bolos de milho, de puba e de macaxeira. Embora, os que mais gosto é os espetinhos de carne.
Hoje, impulsionado por está colaborando em um trabalho de arraial, amanheci saudosista de meus tempos de crianças. Amanheci, neste domingo, ouvindo através de um aplicativo “Vivo Música” no meu celular o LP “Quadrilhas e Marchinhas Juninas” do Mestre Luiz Gonzaga. Quantas lembranças maravilhosas!
A primeira lembrança, na escolha do que ouvir hoje, foi meu querido pai, Raimundo Natividade dos Santos, vulgo Raimundo Juruca (como ele mesmo sempre se apresentava).  Seus domingos pela manhã eram para ouvir Gonzagão e Chorinhos. Outros gêneros ele gostava, mas estes eram suas predileções. A outra lembrança, na verdade, as demais lembranças me vieram ao ouvir as musicas “Fim de Festa”, “Polca Fogueteira”, “Olha pro Céu” (estas instrumentalizadas e a atuação perfeita de sua sanfona, que só faltava falar), “São João na Roça”, “Quero Chá” e, principalmente, “Boi Bumbá” (ê boi, ê boi, ê boi do Ceará. Muié segura os menino que agora vô dançar...). Parece que viajo no tempo, volto às décadas de 1980 e 1990 e estou vendo tudo na minha frente:
O arraial na área ao lado do Mercado ou na área entre a Escola e a Igreja Católica de Santa Terezinha. A quadrilha dos alunos do Colégio Santa Teresa está se apresentando no meio do arraial ao som das músicas acima do velho LP e tocadas no toca discos do sistema de som e alto-falantes (chamávamos de “Voz da Comunidade Católica de Santa Teresa do Paruá”), que eram emprestados para a ocasião. Responsabilidade de montagem, discotecagem e locução eram sempre do Professor Coimbra (meu professor de matemática). A frente da quadrilha estava o nosso querido e animado professor Ir. Reinaldo. Todos vestidos com roubas de matutos, improvisando com outras antigas de suas casas (os orçamentos domésticos não permitiam produções novas como se vê hoje em dia e como as quadrilhas juninas ficaram conhecidas). Bom, Reinaldo normalmente era o padre ou o pai da noiva e “gritava” a principal quadrilha. “BALANCÊ”, “CUMPRIMENTO ÀS DAMAS”, “CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS”, “GRANDE PASSEIO”, “TÚNEL”, “ANAVAN TUR”, “CAMINHO DA ROÇA”, “OLHA A COBRA”, “É MENTIRA”, “CARACOL”, “DESVIAR”, “GRANDE RODA”, “COROAR DAMAS”, “COROAR CAVALHEIROS”, “DAMAS AO CENTRO”, “GRANDE RODA” e “DESPEDIDA”. Estes eram os 17 passos da quadrilha. Eu criança ficava entretido e emocionado com tudo aquilo. Doidinho para participar. Para aproveitar mais destes momentos eu, algumas vezes, assistia aos ensaios, que sempre eram muito divertidos. As encenas eram um show a parte. De bolar de rir.

Aliás, o pré-festejo era sempre muito divertido e envolvente. A cercadura da arena onde se dançavam já feitas de cercas e arame (não farpados, né? Por favor... rsrsrs) e com o passar dos anos fizeram estruturas de ripas e ano após ano eram montadas na ocasião.
Para decorar o arraial inteiro (leia-se arena) todas as turmas do colégio eram convocadas e seus trabalhos de artes do final de maio e inicio de junho eram para produção de cordão de balões, bandeirinhas e correntes (estes de papel de seda, recortes de revistas antigas ou plásticos – brindes do fumo coringa). As turmas mais avançadas faziam artesanatos de palha como focos, esteiras e abanos, que eles customizavam e transformavam em bois, bonecas de tranças e bonecos.
A divisão das barracas era entres as turmas do colégio a partir da 4ª até a 8ª série (hoje 5º e 9º ano – esta última para arrecadar alguns trocados para ajudar na formatura), Club de Mães, professores e, não tenho bem certeza, mas, algo me diz que o sindicato dos trabalhadores rurais também era contemplado. A construção e decoração eram de responsabilidade dos contemplados com barracas. Sendo assim, lá íamos nós nos reunirmos na escola para discussão das nossas barracas. Cada um levava uma estaca para estruturação da casa e quanto uns tratavam dessa parte, outra parte da galera seguia para o morro, que fica atrás do Alto do Congresso, onde fica ainda hoje a Escola e Igreja Católica, para apanhar olho de palha das palmeiras. Era uma algazarra sem fim sob aquele sol sem fim. Contudo, era gostoso, divertido fazermos algo que a maioria dos pais faziam em seu dia a dia, alguns alunos também, para manter sua família com máximo de dignidade que tudo isso poder proporcionar a quem quer uma vida honesta.
Consigo visualizar as barracas ficando prontas e todos partindo para os trabalhos de decoração, desde então minha hora predileta. Deixar nosso ponto de trabalho bem bonito para receber nossos clientes. Para chegar nesse ponto já passamos pela escolha dos nomes, “Barraca Flor do Sertão” sempre foi presente em tooooodos os arraiais, (pausa para uma gargalhada pela nossa criatividade... KKKKKKKK). Já tínhamos passado também pela divisão dos pratos, ou melhor, pela divisão, de quem iria fornecer o quê para formação do cardápio. Os lá de casa sempre ficávamos com espetinhos de carne (o espeto eram tirados dos gravetos das estacas da cerca do quintal e praticamente esculpíamos na faca) ou com salgadinhos de trigo. Entretanto, o que mais gostava mesmo era de comprar e comer! Ser cliente, para comer mingau de milho, espetinho de carne com refrigerante Geneve, era minha melhor e mais prazerosa contribuição.
Fora as vendas de bebidas de comidas as barracas sempre inventavam outras atrações para atrair clientes e assim melhorar seus faturamentos. Lembro perfeitamente das pescarias da turma da minha irmã Rogenir, da Barba do Velho e da Nega Fulô da turma do meu irmão Rivaldo (desenhados por ele).
Quando arraial e barracas estavam montados e decorados, som montado e testado, Professor Coimbra a postos, público chegando, espetinhos assando, bebidas ainda gelando o festejo mais esperado por mim estava só começando. Não tardaria Gonzagão, Elba, Fagner e até Chiclete com Banana (sim, eles já cantaram músicas junina) animavam nossas noites. Depois viriam as apresentações do Pau de Fita da 2ª Série, das quadrilhas de todas as turmas das escolas da cidade e algumas de cidades vizinhas, resultados de concurso de Rainha Caipira, Grupos de Bumba-meu-boi e apresentações de grupos de danças em geral (inclusive já peguei alguns micos... kkkkkkkk). E quando chegava a hora da quadrilha da 8ª Série o festejo, pra mim, chegava ao ápice.
Foram tempos incríveis, marcantes e inesquecíveis. Época onde, mais que conheci, vivi a cultura de minha terra. Aprendi mais que gostar, ser parte dessa gente que faz a cultura. Dessa forma fui criado e educado. Não há eu (Rivânio, RivAS, Vanico, Vanoco ou Neném) sem festejo junino, sem Gonzaga, sem baião, sem xote, sem xaxado, sem bumba-meu-boi, sem minha gente, sem minha cultura.  E assim, o festejo junino, para mim, tem três representantes básicos e que são responsáveis por parte do que sou hoje: Gonzagão, meu pai e meu professor e amigo Ir. Reinaldo.  

Vejam:
FIM DE FESTA - Popurri Luiz Gonzaga e sua sanfona (Instrumental): https://www.youtube.com/watch?v=QrLg99IeoIE

BOI BUMBÁ – Luiz Gonzaga: https://www.youtube.com/watch?v=tVqFnQ1FCm0

                                                                         
Chiclete com Banana - músicas juninas: https://www.youtube.com/watch?v=ShgloD6YEJI



domingo, 8 de março de 2015

SOS ARAÇAGY E PRAIA DO MEIO

Caros amigos,

Em primeiro lugar quero agradecer a todos que gostam, curtem e compartilham minhas fotos no Instagram e Facebook. Fico muito lisongeado.

Gosto muito de mostrar as coisas bonitas de minha terra, o Maranhão. Contudo, não posso tapar o sol com a peneira... Preciso,  devo compartilhar com vocês as imagens aqui.

Hoje em uma saída para resolver umas questões particulares, que não vêm ao caso, resolvi dar uma volta pelas praias do Meio e Aracagy (até hoje não sei onde termina uma e começa a outra) para limpar a vista vendo belas paisagens. Até vi e já compartilhei com vocês duas fotos.

Mais que a paisagem com mar distante e um céu azul e cheio de nuvens em movimentos, que fotografam bem, algo me chamou a atenção e me chocou. Sai de lá arrasado. Triste. Preocupado!

Preocupado de forma geral. Meteu-o logo à cabeça o degelo das geleiras que estão fazendo subir o nível do mar. Já estamos sentindo as consequências.  Fiquei preocupado com os rumos que nós, seres "humanos", estamos dando à nossa morada Terra... Fiquei preocupado com as famílias que em anos de trabalho investiram em uma casa na praia como recompensa por uma vida de suor, nas famílias que dependem dos trabalhos de alguns de seus componentes nos bares e restaurantes das duas praias... Sai lá preocupado pois tudo isso pode desaparecer. Constatei que tudo isso pode... Ou melhor, está indo por água abaixo. Cada dia a maré sobe mais e com suas ondas, cada vez mais ferozes, está levando o que fora construído para algum fim importante por algum motivo a alguém. Fiquei preocupado pela falta de noção de perigo das consequências em razão das construções feitas sem critério de segurança futura. Fiquei preocupado pela falta de acompanhamento nas construções, o que poderia ser um preventivo.

Estou tremendamente preocupado com os rumos que a região está tomando, pois há nem sinal de que algo está sendo feito para conter o avanço da maré e nem para parar a erosão que segue rumo a algumas casas que estão na parte de cima  da praia.

Chegou a hora das administrações públicas, nas esferas municipal e estadual, unirem força para salvar duas das praias mais queridas pelos residentes e turistas na Ilha de São Luís. É preciso Urgência!!!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

NÃO É UMA QUESTÃO DE OPÇÃO

Caramba... Esta é uma situação que provoca muita revolta.  Sempre que ouço alguém falar que a questão homoafetiva vem a ser uma "opção sexual"  fico incomodado. Sabe por que não é uma opção? Há vários fatores, mas principalmente por não ser fácil viver de forma aterrorizada.

O terror vem de várias formas, meios e lugares:
- Primeiro pelo medo da reação dos pais e irmãos;
- Depois da reação e falação dos parentes, amigos e vizinhos;
- A seguir o medo do hoje bullying na escola - isso é medonho...
- Então  o medo do desconhecido... De ser apontado... Alvejado por palavras, pedras, tiros... Enfim.

Não bastasse tudo isso... Me vem um candidato a Presidente da República disseminar o ódio. Plantar, aliás, plantar não. Mas, regar, alimentar a ira na cabeça de quem já tem um broto da intolerância no coração, na cabeça e na alma e só quer um empurrão de apoio. Alguém que diga "vai lá... Faz a festa que eu te apoio, você ta certo!  Vamos exterminar um a um".

Minha gente... Daí você vai se depara nos noticiários com uma brutalidade tamanha - vide matéria - por conta de deduzirem dois irmãos abraçados como um casal gay. E se fossem? Nada justifica a proliferação da violência, do medo e da prisão individual dentro de si mesmo. Fazer as pessoa viverem Sem poder viver seu próprio eu. Nem poder ao menos abraçar ou demonstrar um carinho a um amigo, irmão ou pai.

Entendem agora porque a questão homoafetiva não se trata de "opção sexual"?!... Ninguém! Ninguém optaria por viver sob tensão, ódio, medo, terror, violência e morte. 

Acredito até agora que o termo adequado é "condição afetiva/sexual", pois a natureza já nos faz condicionado à ser o que somos e como somos. De outra forma não se funciona perfeita é completamente. Pode-se, em alguns casos, até funcionar, entretanto com deficiência, incompleto.

E acima de tudo, independente do termo, acredito que é preciso que se mude o jeito de pensar e agir. Ninguém é ou pode ser obrigado aceitar ou ser amigos de outra pessoa se pensamos e/ou temos condição de vida divergentes...diferentes. Acredito que TODOS deveriam ao menos RESPEITAR as diferenças individuais. Se não aprendeu a ter respeito através da criação dos pais, que sejam obrigados a praticar o respeito pelos rigores da lei.


Chega de ver se ver tanta violência! Chega de se ter medo! 

#homofolia #violencia #chegadeviolencia #paz #direitoshumanos #queremospaz #criminalizacaodahomofolia

Link da matéria:
http://m.oglobo.globo.com/brasil/abraco-de-irmaos-acaba-em-ataque-homofobico-morte-na-bahia-5330477

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A SAUDADE QUE GONZAGÃO ME DÁ

Quando chega o período junino uma musica em especial me faz viajar. Fecho os olhos e vejo as primeiras reuniões em turma para tratarmos do arraial do Colégio Santa Teresa, lá em Santa Teresa do Paruá. À frente de tudo, na maioria das vezes, estava o mais maranhense de todos os baianos, Professor Reinaldo. Sempre muito animado e detalhista em tudo cuidava da construção do arraial, decoração e programação. Além de cuidar pessoalmente da quadrilha da 8ª série (hoje 9º ano) da qual sempre participava. Lembro dele sendo o pai da noiva em um dos anos. Ele era e é hilário. 


Bom, continuando a viagem... Quando estava tudo bem encaminhado íamos, nós alunos mesmo, a partir da 4ª série, buscar olho de palha de babaçu no morro por trás do alto do congresso, onde está localizada a escola. Na volta íamos destacar as palhas que serviriam para fazermos as barracas e alguns acessórios de decoração. 

A distribuição das barracas dependia se o arraial fosse apenas da escola ou se seria em comunhão com as demais escolas. Se fosse todas escolas juntas daí tinha uma divisão de barracas e se fosse apenas da escola cada turma teria uma barraca e seria responsável pela construção e funcionamento das mesmas. Vale lembrar que os lugares para construção dos arraiais eram a área ao lado do mercado ou o largo da igreja católica, na frente do colégio.

Enquanto isso, todos os alunos se voluntariavam a fazer ornamentos para decoração. E dá-lhe bonecas de pano, balaios e abanos de palhas com cara de boneca, bandeirinhas e correntes, estes dois últimos feitos com papeis de revista, jornais e papel de seda. 

Durante os dias de arraiá cada um levava um prato para ser comercializado – o resultado das vendas era para ser usado na escola ou para formatura da 8ª série -. Tinha umas brincadeiras que sempre me deixa encantado a Nega Fulô, a Pescaria e a Barba do Velho. Eu adorava aquela atmosfera junina. 

Sonhava em dançar uma quadrilha, mas não me inscrevia pelo fato de na época ser evangélico. À medida que fui crescendo eu, que era integrante de um grupo de alunos e ex-alunos da minha escola, o Grupo Chama, passei a fazer parte de oficinas de dança e bordados de roupas de bumba meu boi, ministradas por Antônio Carlos Tote e Gersinho, do Boi Barrica, que foram lá a convite desse grupo do qual fazia parte. Isso acabou criando o boi Estrela do Amor, que tinha como cantador o pequeno Edinaldo Costa – um grande poeta. Eu era caboclo de fita e ali começou minha paixão por cultura popular. Para falar a verdade tudo que tinha som de tambor sempre me despertou interesse, me fazendo balançar. Não nego meu pé na senzala, na África. Gosto disso!

Toda a programação me atraia. Quadrilhas, bois, pau de fita, desfiles das rainhas caipiras e as demais apresentações preparadas pelos alunos da escola. 

E como comecei falando em casa durante o ano inteiro era comum ouvirmos Luiz Gonzaga, dentre grandes nomes do cenário musical brasileiro. Intensificando no período junino. No arraia, durante todo o período, volta e meia tocava na radiola e amplificava nos alto-falantes a música “Quero Chá”. Naquela época quando ao longe ouvia seus primeiros acordes já sentia frio na barriga de tanta ansiedade. 

Hoje ao lembrar vejo que essa não é apenas uma música. É sim uma passagem gratuita no tempo da qual me dá muita saudade, aperta o peito e turva minhas vistas, tal e qual como agora. Uma saudade que sinto de meu falecido pai, da minha mãe, que vi ontem, dos meus irmãos em suas férias, dos meus vizinhos e amigos de infância, da minha escola, do mingau de milho – minha paixão – cocada de coco, bolo de fubá – feito pela minha irmã Rogênia – do Refrigerante Geneve em garrafa, pão cheio, bolo de tapioca e do cheiro de churrasquinho de carne no espeto... 

Enfim, boa e salutar saudade de minha casa (leia-se cidade) de um tempo que, mesmo com recursos escassos, éramos felizes e está intrínseco em nossa personalidade. Pois ali aprendemos a importância da comunhão, do respeito mútuo, da coletividade, trabalho em equipe, amizade, fraternidade e do amor ao próximo e à nossa cultura. 

Viva São João!
Viva a cultura brasileira!
Viva a Luiz Gonzaga!
Viva meu pai!
Viva a amizade!
Viva Santa Teresa do Paruá!
E vida a Saudade!

QUERO CHÁ
Compositor: Luíz Gonzaga

Morena eu quero chá, eu quero
Chá, eu quero chá morena bela
Eu quero chá. (bis)

Já, já, já, já morena bela eu
Quero chá. (bis)

Morena eu quero chá, eu quero
Chá, eu quero chá morena velha
Eu quero chá. (bis)

Já, já, já, já morena velha eu
Quero chá. (bis)

Pula, pula moreninha não deixa
O samba esfriar catuca zeca do fole
Para o compasso agitar

Nas tantas da madrugada antes
Da barra quebrar vai depressa
Na cozinha e traz cházim pra
Nós tomar.

Já, já, já, já morena bela eu
Quero chá.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

ORAÇÃO À SANTA TEREZINHA



Tu que és minha terra natal.
Tu que és minha mãe.
Tu que és mãe do bem, sem mal.
Tu que és minha amiga, sobrinha e afilhada.
Tu que és minha escola criança e quase adulto.
Ensinou-me falar, andar, correr, ler e escrever.
Ensinou-me da história gostar, contar e viajar.
Tu que me veio em oração, em terço e no coração.
Tu que me ensinou a estudar pra ajudar meu povo
Todo dia me faz um ser humano novo.
Tu que me escolheu a ti devotar.
Tu que com sangue fez vida continuar.
Tu que prometeu o bem espalhar.
Prometeu ser o amor.
Sem à quem olhar.
Tu que prometeu chuva de rosa.
Prometeu sua bênção.
E mostrou ser bondosa.
Tu que és esposa do Pai.
Tu que és mãe, também do meu irmão.
Não largue minha mão.
Ora, pede, roga, vigia, acompanha e abençoa
Teu filho, pobre pecador, que em ti deposita fé e amor.
Não me deixa perder de forma alguma, por tuas palavras,
 a fé e o temor que tenho em Deus, pela certeza do que Ele é.
Faz-me, através das tuas ações, a nunca deixar de crer
que nosso Deus Trino é o caminho, a verdade e quem nos faz viver.
E tu, que estás ao lado do Pai, a quem eu clamo, interceda para que
 Ele jamais desista de mim e das pessoas que amo.
E deem-me condições e força para ajudar
a pessoa, de qualquer idade, que de mim precisar.
Em nome do Trino Pai
E por meu espíríto que, sei, não é santo.
Peço essa graça e agradeço por minha vida que tento levar com raça.

Amém.

Esta oração foi escrita por mim, Rivânio Almeida Santos, em agradecimento e homenagem a esta Santa que sempre esteve presente em minha vida. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

LEMBRANÇAS DA PÁSCOA DE MINHA INFÂNCIA

Foto: Maria do Neuton. Fonte: Eletilce Araújo

Nesta Semana Santa não viajei e nem viajarei. Estou vivenciando uma Páscoa de reflexão e avaliação. Em casa, mas longe do que hoje parece ser normal e tradição, a troca de ovos de chocolate estimulada pela indústria e pelo comércio.  Mas, sempre ligado às mídias para acompanhar o que tem acontecido no mundo aí fora. E foi justamente em uma dessas que me deparei com uma foto postada por uma amiga e uma rede social. A foto mostra outra grande amiga ao lado de uma mesa coberta de bolos. Imediatamente embarquei uma viagem no tempo. Voltei pelo menos 25 anos.

O então Santa Teresa do Paruá era um lugarejo distante da capital maranhense e pouco conhecido. Cidade pequena onde a união, a comunhão e fraternidade dos moradores sempre foram marcas fortes. Terra de pessoas preocupadas com a educação de seus filhos, ligados a religiosidade, respeito mútuo, bom humor, gratidão e hospitalidade mesmo que a vida fosse difícil. Distante do consumismo induzido pelas indústrias através das grandes mídias. Afinal, ali, quase a totalidade das pessoas só assistia televisão entre as 18 e 22 horas, tempo em que o gerador de energia, do amigo João José, ficava ligado. Mas, como era particular nem todos tinham energia elétrica e aparelho televisor em suas casas por falta de condições financeiras. Eram épocas em que as casas onde tinham o transmissor ficavam lotadas de amigos e vizinhos, em especial dia de bons filmes, jogos e final de novelas. Tempos bons e de proximidade de um bando de críticos e comentaristas natos.

Nessa época as escolas, públicas e comunitárias, trabalhavam de forma mais intensa o significado do período pascal,  da morte e ressurreição de Cristo. Na semana anterior eram sempre lidos e debatidos versículos da Bíblia Sagrada, passagens importantes da vida do Filho de Deus. Eram momentos onde cantávamos músicas das igrejas católicas e protestantes em comunhão por um só Pai Celestial. “Como são belos os pés do mensageiro que anuncia a paz. Como são belos os pés do mensageiro que anuncia o Senhor” e “Me chamaste para caminhar na vida contigo, decidi para sempre seguir-te, não voltar atrás. Me puseste um brasa no peito e uma flecha na alma , é difícil agora viver sem lembrar-me de ti. Te amarei Senhor, Te amarei Senhor eu só encontro a paz e a alegria bem perto de ti” são trechos de duas das canções que mais me emocionam, pois me lembram as cerimônias de lava pés que  nós, alunos, organizávamos em nossas salas. Eram mais que simples representação de uma passagem bíblica. Eram aulas práticas de humildades, de igualdade e fraternidade.
Cada um dos alunos levava um elemento importante para a ocasião tais como o peixe frito – que não era bacalhau e sim peixe de água doce da região -, pão, suco de uva tomando lugar do vinho, a taça, a bacia, toalha de mesa, a tolha para secar os pés, as palhas de palmeirinhas para decorar a sala junto com o papel higiênico que jogadas sobre os caibros e tesouras do telhado viravam parte da decoração... Este último foi ensinado pelo querido Professor Ir. Reinaldo Oliveira. Era tudo ingênuo, mas lindo e emocionante. Lindo!
Por perto sempre tínhamos a ajuda e o apoio dos professores e, principalmente, das senhoras que cuidavam da cantina como Dona Luzia do Bebé, Dona Deusa e Dona Maria Juca. Dentro desse contexto foram meus professores de sentimento pascal, além das matérias tradicionais, Dona Mariazinha, Diquinha, Angelita, Domingas, Eunice, Coimbra, Francisco Magalhães, Dolores, Brígida, Carlos, Verônica, Edinéia, Telma, Edna,  e os irmãos La Salle Odyllo, Dionísio, Renato, João Angelo, Jardelino, Rosalino, Curru e tantos outros que tiveram passagens mais rápidas, mas não menos importante.
Paralelo ao que aprendia na escola em casa aprendia que era tempo de reflexão e principalmente de união e fraternidade. Todo ano vinha de Belém Dona Francisquinha, uma avó postiça, com eu neto, meu amigo Santídio, primo de consideração, que junto aos seus e meus primos, além de outros amigos de nossa rua fazíamos a semana se tornar período de férias. Era tempo de alegria, diversão, passeio, banhos de açude e muita comida.
Recordo dos nossos passeios no terreno do Soares e da Netinha, de onde trazíamos muito milho e macaxeira. E o que não vinha de lá nós sempre comprávamos como tapioca, arroz e massa puba. Era preciso pilar arroz e babaçu no pilão e ralar coco seco e o milho nos raladores feitos de lata de óleo perfurados com pregos e presos em pedaços de tábuas.
Minha mãe, Terezinha, Dona Francisquinha, Nete, Netinha, Maria do Neuton, Maria de Santinho, Chica, Francisca, Delina Todas em suas cozinhas preparando bolo de macaxeira, bolo de puba, bolo de milho, bolo de tapioca torrada, bolinho frito de tapioca fina, pamonhas, canjicas e mingau de milho. Era tanta comida que dava para passar a semana inteira comendo. E, embora todas fizessem os mesmo pratos, havia a troca dos pratos. Eu adorava provar as variações de receitas feitas por todas elas. Para acompanhar os sucos de acerola, de cupuaçu, bacuri, laranja, manga, café, leite de vaca – minha predileção - ou café com leite.

Em casa não tínhamos quase nada de chocolate, salvo alguns bombons garoto, o nescau nosso de cada dia e, muito raramente, os ovos de páscoa chegavam até nós, pois nem sempre meus irmãos iram passar este período conosco. Entretanto, nossa páscoa era feliz e com os frutos dessa terra que tudo dar. Não tive a páscoa que meus amigos da capital tiveram, com os muitos ovos, camarão, caranguejo e bacalhau, mas garanto que tive ricas páscoas. Com ricos ensinamentos, lições e exemplos práticos eu cresci e tudo isso  são parte da base para continuar tentando acertar nas minhas atitudes e ações. E toda esta viagem é por conta da foto que minha amiga Eletilce postou de nossa amiga Maria do Neuton.

FÉ EM TEREZINHA

Quero relatar aqui como começou minha Fé em Santa Terezinha, a Santa que me escolheu para ser seu devoto. Fato que me deixa sensibilizado e do qual tenho muito orgulho. Continue lendo e verá que através de várias situações de minha vida sempre fui cuidado por ela e que tenho razão pela escolha de seguir este caminho de Fé.

Certa noite de 2011 estava em casa, me preparando para dormir, quando recebi uma ligação de minha mãe pedindo para eu entrar em uma corrente de orações pela saúde do meu sobrinho, Emanuel Germano, na verdade sobrinho de segundo grau. Ele sofria de câncer em um osso da perna direita e estava passando muito mal após uma cirurgia complicada na qual precisou de muito sangue. De imediato fui para meu quarto, pus meu joelho no chão - como minha mãe me ensinou a orar - e me comecei a rezar o Pai Nosso, o Ave Maria e emendei uma conversa com Santa Terezinha para quem comecei a pedir por aquele pequeno que eu só tinha visto uma vez nas nossas vidas. Contudo, a sinceridade do meu pedido era tão grande, pela inocência dele, que fiquei emocionado e cair aos prantos. Como se toda sua vida tivesse sido ao meu lado. Naquela noite dormi com o coração em pedaços.

No dia seguinte, ainda angustiado senti que precisava continuar orações e me sentia desorientado. Eu sempre fui cristão, mas estava sem religião definida. Sem saber para que rumo devesse seguir. Tive então uma ideia durante um passeio no shopping ao meu trabalho no horário do meu almoço, comprei um terço. A minha escolha, confesso, foi pelas contas – pedras brancas “madriperoladas” - discretas, que combinam com qualquer roupa. Escolhi pela beleza da peça. Com a intensão de me guiar nas minhas orações. Afinal, se todos os católicos rezam com um terço a muitos obtêm atendimentos de seus pedidos e muitos milagres alguma verdade deveria ter naquele caminho de fé.

Retornando ao trabalho mostrei minha nova aquisição à uma amiga explicando o motivos da compra. A sua primeira pergunta foi: “ – de qual Santo é o terço?”. Respondi com outra pergunta: “De que Santo? Sei lá... escolhi pela pedra?”. Ele pediu o terço pra olhar e me mostrou a imagem. Ela um terço de Santa Terezinha. Naquele instante eu até brinquei e disse: “Essa Santa me persegue...” e voltei para minha mesa. Quando baixei minha cabeça olhando o terço em minhas mãos e refletindo sobre mais esta coincidência. Naquele momento eu me dei conta que toda minha vida fui cercado por esta Santa. Veja:

  1. O nome de minha mãe antes do casamento com meu pai era Terezinha de Jesus Albuquerque Almeida e após o casamento foi resumido para Terezinha Almeida Santos;
  2. Sou o filho caçula de minha mãe que me deu à luz em um povoado chamado de Santa Teresa do Paruá – hoje o município de Presidente Médici;
  3. Na cidade onde nasci eu morei até meus 15 anos e todos este período eu estudei em uma escola comunitária, construída pelos moradores locais e que recebeu o nome de Colégio Santa Teresa;
  4. A igreja que ficava na frente da minha escola é a Igreja Católica de Santa Terezinha do Menino Jesus;
  5. Uma querida amiga, filha de Dona Eliane e Aécio Rego,dois dos primeiros professores da minha escola chama-se Maria Teresa;
  6. Quando mudo para São Luís, em 2005, nasceu minha sobrinha Catarina, que ao fazer seu primeiro aniversário – 2006 - foi batizada e sua madrinha, uma das melhores amigas de sua mãe, é Ana Teresa, professora universitária e uma respeitada promotora;
  7. Também 2006 foi o nascimento de minha segunda sobrinha, Maria Teresa – filha de meu irmão Ricarte e de sua então esposa Cristiane. Mais tarde minha própria sobrinha com aproximadamente 07 anos escolheu a mim e minha irmã Rogenita para sermos seus padrinhos;
  8. Em 1997, estudando então o hoje Ensino Médio, precisei mudar de escola. Ganhei então bolsa integral no Colégio Santa Teresa de São Luís, onde tive uma das minhas melhores professoras de história, chamava-se Terezinha Tavares;
  9. Ainda em 1997, no final do ano, conheci meu companheiro, Enoque Silva, e sua mãe de criação também de chama Terezinha;
  10. No ano de 2005 comecei o curso de turismo em uma faculdade particular da capital e uma das primeiras professoras, que teve este posto durante quase todo o curso, também de se chama Terezinha (Campos);
  11. Com a doença do meu sobrinho Emanuel, que sofria de um câncer em 2011, rezei instintivamente à Santa Terezinha e comprei o terço dela sem saber dessa informação. Com isso minha curiosidade em conhecer sua história foi aguçada e descobri que sua mãe faleceu da mesma doença;
  12. Ainda com relação ao Câncer de Emanuel, agora em 2013, ele precisou fazer sua última cirurgia e precisou de muito sangue. Sabendo disso, fiz uma postagem na rede social que mais uso pedindo doações de sangue especificamente para seu tipo sanguíneo O-, muito raro. Em menos de uma hora, uma pessoa, que nem conhecia, Sra. Berenice Portela se prontificou em conseguir que sue esposo, possuidor do mesmo tipo de sangue, faria a doação logo pela manhã. Ao meio dia, meu amigo jornalista Zema Ribeiro me liga para ir ao seu trabalho buscar o comprovante desta doação. Fui. Quando eles entram na sala e me entregam o comprovante eu, sentado, olho por cima deles e em um mural vejo um folheto, tipo santinho, de Santa Terezinha. Esta foi a última necessidade no meu sobrinho, que cresce lindo e saudável;
  13. Com a escolha do Papa Francisco, vejo então a escolha de um dos Papas mais carismáticos que já vi, batendo até mesmo o João Paulo II, que tinha cara de Papa. Dentre tantas pronunciações que me cativaram o novo Papa, argentino, declara-se devoto de Santa Terezinha.

Estes são as treze razões que me fizeram ficar devoto desta logo após seus 13 anos procurou, lutou, indo até ao Vaticano, para obter autorização para entrar para o convento, entrando antes dos 15 para o convento das carm
elitas, situado na cidade de Lisieux, França. Aliás, Santa Terezinha desde muito cedo só pensava em seguir vida religiosa, se entregar à Jesus, fazer o bem ao próximo. Praticar o amor. “A minha vocação é o amor!”, dizia.
Desde a minha adolescência e o meu autoconhecimento comecei a interiorizar um pensamento que era melhor direcionar a minha própria “religiosidade” que ter que me prender a alguma religião. Associada ao meu autoconhecimento veio minha auto-aceitação e sabedor que nas igrejas há doutrinas a serem respeitadas era melhor me afastar das igrejas – não de Deus – do que segui-las dentro de suas doutrinas e me tornar um eu que não sou eu, um ser infeliz.

Vejo hoje que foi uma atitude acertada.  Vejamos: fui criado, boa parte de minha vida – hoje tenho 34 anos, por dois comerciantes, sendo uma mãe evangélica e um pai cristão igualmente sem religião (nos seus dois ou três últimos anos de vida se converteu à igreja Assembléia de Deus). Na minha casa sempre todos foram recebidos com igualdade e respeito. Nunca meu pai ou minha mãe falou dessa ou daquela religião com desdém. Até meus 13 anos eu era da Assembléia de Deus e até então tudo era pecado desde uma inocente brincadeira de soltar pipa até as condições de vida afetiva. Esta continua sendo questão polêmica dentro das religiões. Nesse aspecto um jovem crescendo e se conhecendo fica apavorado por saber que sua vida é por se só uma questão condenada pela igreja. Se o fato de o ser como se é feito pela natureza é pecado, se mentir também é pecado. Imaginem o fato de se passar como sendo uma pessoa e acabar sendo outra... o pecado deveria ser muito maior.

Com esse pensamento vivi 20 anos, dos 13 aos 33 anos. Mas, com os acontecimentos gerados em minha vida por Santa Terezinha (ou coincidência, como queira classificar) e com a escolha do novo Papa, Francisco, um argentino boa praça com o qual fui com a cara de cara, e seus pronunciamentos quanto ao fato de a igreja não poder rejeitar quem procura bênçãos nos caminhos da palavra de Deus eu comecei a rever meu posicionamento e me estou me sentindo mais próximo do catolicismo. Não sou frequentador habitual da igreja, mas recorro ao meu terço quase todas as segundas para agradecer a semana que passou e pedir uma boa semana que inicia, faço novena de Santa Terezinha e sempre estou rezando pedindo pela saúde dos outros.


Hoje vejo que a religião não é a salvadora, a igreja em si não o é em absoluto. Contudo, é fundamental que se procure uma orientação especialista para que se possa da melhor forma para cada pessoa, se seguir o caminho rumo às Palavras de Deus através do que viveu Seu Filho, Jesus Cristo. E não serão os outros que deverão lhe impor o que lhe é melhor, ou o que lhe faz bem. É Deus, através do seu coração, que vai direcionar para o melhor caminho para levar sua vida. O importante é que você seja feliz sentindo-se bem e fazendo o bem ao próximo. Praticando a compaixão, a misericórdia, a solidariedade... Enfim, vivendo e revivendo o amor em sua forma mais ampla e verdadeira.

SOMBRAS E LENDAS


PRIMEIROMUNDIANDO

Lá e cá noite conturbada, agitada.
Do lado de lá tiro de fogos que não comemora. Mata.
Do lado de lá carros que correm e freios a fritar.
Do lado de lá ambulância e viaturas que vão e vêm. 
Do lado de lá pessoas que correrem também. 
Do lado de lá um homem que rasga o lixo buscando o resto de comida de alguém... 
Do lado de lá o isopor vira passatempo e o seu quebrar, do lado de cá, parecem marteladas na noite que quer dormir quando o sol quer levantar.
Do lado de cá dois corações acordados, assustados, sobressaltos. 
Do lado de cá duas mentes lembram dos noticiários. Assalto! Roubo! Morte! Sequestro! Estupro! Desastres! Latrocínios! Brigas! Tráfico de drogas! Tráfico de pessoas!Corrupções! Rebeliões! Perseguições! Greves! Manifestações!Quinze ingredientes! Décimo quinto lugar mundial. Sem comemorações. 
Do lado de lá Boas novas de saúde segura... Do lado de lá sem plano e Do lado de cá sem seguro. Do lado de cá Nem um... nem outro.
Do lado de cá dois corações tentam poupar outros dois corações. Um já cansado não consegue dormir. O outro, jovem, tenta estudar.
Do lado de cá quatro corações. 
Do lado de cá um só sentimento.
Do lado de cá... só medo!
Lá e cá uma sociedade "primeiromundiando"... e não consegue avançar.