quinta-feira, 12 de outubro de 2023

INFÂNCIA NOS ANOS 80 E 90 EM SANTA TERESA DO PARUÁ

Minhas irmãs Rogenia e Rogenia, Rafaela - sobrinha de minha tia, Tia Ana e eu.

Toda vez que vou tomar banho gosto de assistir pelo YouTube os cortes do programa "Que história é essa Porchat?". Nesse programa as pessoas convidadas, geralmente os famosos e pessoas da plateia, contam situações inusitadas e engraçadas que já passaram. Muito bom!!! Ao final do programa ele sorteia algumas perguntas que os artistas convidados devem responder. Uma das perguntas é "qual sua primeira lembrança?". Toda vez que vejo essa parte do programa eu sempre me faço mesma pergunta. E viajo no tempo ao tempo de minha infância.


Algumas coisas, confesso, gostaria de nunca mais lembrar, pois foram coisas que, descobri na terapia, me desconfiguram o psíquico ou, pelo menos, me programaram de forma equivocada. Kkkkk Não me refiro a minhas essência ou a minha condição afetiva. Mas, falo de questões de postura, ponto de vistas, desenvolvimento de um jeito mais intempestivo e outros modos de agir em determinadas situações... enfim. Um dia escrevo exclusivamente sobre isso. Hoje quero falar das boas lembranças. Afinal, além de ser dia de N. Senhora Aparecida, hoje é dia das crianças.


Tenho muuuuitas lembranças de minha infância, lá em Santa Teresa do Paruá, e gosto de escrever sobre elas pelo fato de me ajudarem a fincar o pé no chão e por me ajudarem no processo de reconfiguração da minha cabeça - todos os psicólogos que já me atenderam agradecem kkk - e por ser a forma de contar um pouco daquela cidade onde nasci e vivi, hoje sei disso, muitos momentos felizes e importantes.


Hoje quando vejo as crianças tendo que ficar dentro de casa, presos às telas, sinto uma pena enorme pela falta vivência com interação como antigamente. Experiências importante na formação de caracteres e, em especial, de formação de memória afetiva que nos fazem crescer e amadurecer de forma mais saudável e felizes.


Minha rua, aliás, minha pequena cidade sempre teve muitas crianças... sinceramente não sei se pela falta de TV e energia elétrica - esta só chegou por volta de 1989 mais ou menos -. Mas, o fato é nossos pais eram de uma geração em que se tinham muito filhos. Então era comum se ver muitas "patotinhas" de "pariceiros" pra todo lugar que se virasse.


Recordo perfeitamente que ao lado de minha casa, tinha um galpão que era de propriedade de amissímo nosso, Sr. Sebastião Falafina. Esse galpão foi hospital, usina e depósito. Mas, antes disso tudo recordo que foi uma espécie de cinema do Sr. Paraguçu. Lá assistir alguns filmes de Os Trapalhões e onde eu assistir, não recordo se um clipe ou filme, que tinha a música "O Menino da Porteira" do cantor gaúcho Teixeirinha. 


Naquela mesma época curtíamos as brincadeiras que tínhamos conhecimento e

para as quais usávamos as ruas que eram só de areia, muito antes de colocarem piçarra e depois asfalto. Brincávamos de jogar bola, de guerriou, partido, brincadeira de roda, boca-de-forno, cair dentro do poço, passar anel, cola, queimado, trinta e um, esconde-esconde, comer peixe com chuncho, soltar papagaio, jogar peteca (bola de gude), pega varetas (na calçada), jogo de dominó, jogo de damas, correr na correnteza em dia de chuva, andar de bicicleta pela cidade à noite, contar histórias em noites de lua, banhos no cai n'água e saltos mortais nas cascas de arroz das usinas.Tínhamos muita interação entre nós. Nossa vivência era de muito companheirismo e consideração de vizinhos quase irmãos. Eram tempos que tínhamos liberdade de entrar e sair da casa qualquer pessoa com tranquilidade.


Fora as brincadeira que sempre tiveram como principal elemento de interação humana entre as crianças lembro com admiração , sem querer romantizar as nossas dificuldades de então, dos diversos brinquedos fabricados pelos pais ou pelas próprias crianças para suas diversões. Brinquedos como cavaletes de pau, cavaletes de casco de coco e cordão, carrinhos se lata de sardinha, ônibus e caminhões com lata de óleos, avião de papel, carrinho de rolimam, baladeiras, pião, bola de meia, papagaios e um - nao recordo o nome - que era uma lâmina de tampa de garrada refrigerante (de vidro) para cortar cordão em disputa de cortes dentre vários outros brinquedos caseiros.


Recordo que na falta de atrações e, para que todos tivessem entretenimento, os professores e alunos se juntavam com o pessoal da comunidade católica para organizar peças de teatro - dramatizações - e shows de calouros para os quais iam pessoas de todas a região e que me deixaram grandes imagens na memória como Raimundinha filha Quinô e esposa do Guilherme - mãe da Gleice minha amiga querida - se apresentou vestindo um saião xadrez e cantou "É de Chocolate", sucesso do grupo Trem da Alegria. Lembro do Hildo de Dona Zenilde cantando sucesso de Tribo de Jah. O Professor João Lira sempre arrasava em tudo que tocava e cantava... a plateia lotada pirava nas torcidas. Eram lindo!


Um dos anos mais mágicos foi o ano em que fizeram uma espécie de show da Xuxa Cover em que minha amiga Graciélia - que anos depois foi prefeita da cidade, já com nome de Presidente Médici - se vestiu de Xuxa, dublou e dançou suas músicas e fez sorteios reais de presentes dos quais eu fui um dos sorteados sem nenhuma combinação. Fiquei emocionado real. Kkkkk. Como Paquitas - elas hão de me perdoar pela lembrança - teve a hoje vereadora Eliane Fernandes, a Nara filha do João José e minha irmã Rogenia. Acho que elas faziam a 7ª ou 8ª série na época. Foi um dia maravilhoso.


Outra lembrança que tenho, esta nada agradável, mas que ajudou eu a iniciar meus dotes artesanais. Lá pelos idos dos anos 1980 a mortalidade infantil ainda era alta. Naquela época os anjinhos eram enterrados em caixões improvisados. Alguns rapidamente feitos de madeira ou em caixas de papelão. Em qualquer das alternativas as urnas funerárias eram sempre decoradas com florzinha de papel de seda branco, amarelo, verde, azul ou rosa. E foi fazendo flores para decorar caixões de anjinho que iniciei com meus trabalhos manuais. Eu tinha pavor de gente morta, contudo os casos pertinho de casa eu sempre dava um jeito de ajudar no trabalho apesar de eu ainda ser só uma criança também.


Como estamos no mês de Santa Terezinha, Padroeira da Cidade, recordei que pelos anos 1990 (não recordo o ano exato) tivemos uma grande gincana que movimentou a cidade todinha. Recordo de algumas provas que foram feitas como arrecadação de fruta da época, no caso caju - que foram direcionados para produzir suco para estudantes das escolas -, dramatizações contando a história da cidade, que foi fundada pelo Sr. Guilherme (irmão da D. Laura Parteira) - o mesmo que fundou a cidade de Centro do Guilherme - e a criação de uma música para a cidade. Engraçado que não me sei nada da música da minha equipe, mas lembro um bocado da música do grupo campeão. A música foi feita pelo professor Margalhães, uma versão de "Eu quero apenas", de Roberto Carlos.


"Santa Teresa terra bela e santa

Teu povo unido brinca, ora é canta

Glorificamos teu lindo nome

Exemplo pra mulher, menino, jovem e homem.


Tua terra é santa, de muita beleza.

Também protege sua natureza.

Glorificamos teu lindo nome

Exemplo pra mulher, menino, jovem e homem...".


É isso... não dar para recordar minha infância sem recordar tantos momentos vividos na minha Santa Teresa do Paruá.



6 comentários:

Ediana disse...

Que história é essa, Rivas ?
Seus textos nos retém a atenção por serem, sempre, criativos e cheios de emoção! Que infância especial!!

Anônimo disse...

Excelente texto, grandes recomendações.

Anônimo disse...

Eu lembro perfeitamente da gincana que teve arrecadando alimentos Eu lembro que era tantos caju eu desfilei na gincana pela turma da maria do seu domingo Araújo foi uma gincana linda

Anônimo disse...

Sempre um boa leitura 🤩🫶 parabéns e muito obrigado por compartilhar conosco, seus leitores, momentos tão valiosos de sua vida.

Anônimo disse...

Gente, que MARAVILHA de texto!!! É tão nítido a felicidade nele, nas lembranças, é um misto de nostalgia, saudade, gratidão,amor. Só quem viveu nessa terra maravilhosa, Santa Teresa do Paruá, sabe quanto esse texto faz sentido e tem sentido.

Richardson disse...

Tão agradável a forma que narra os acontecimentos, cheios de emoções, sentimentos, no faz reviver os mesmos momentos, mesmo a quilômetros de distância da cidade, parabéns, meu amigo!!!