domingo, 14 de março de 2021

GREENLEAF

 


Acabada a maratona da exposição BONECAS EM DESTAQUE, de Enoque Silva (@enoqueosilva), para a qual eu fiz pesquisa e escrevi os textos para 50 homenageados, voltei ao blog. Bom, quem acompanha minhas redes sociais sabe que nesse momento difícil que vivemos tenho aproveitado também para ver séries e comento-as por aqui.  Sempre priorizando falar sobre o que vejo, o que sinto, o que aprendo. E a bola da vez é uma série disponível no Netflix pra lá de interessante, GREENLEAF. Trata-se de uma série originalmente da TV americana criada para o OWN, canal da apresentadora Oprah Winfrey, que, aliás, faz parte do  elenco.

Na série, que tem 60 episódios divididos em 05 temporadas, Greenleaf é também o sobrenome de uma família que administra (na verdade é dona) de uma megaigreja em Memphis - segunda cidade mais populosa do Estado de Tennessee, EUA - . A família, que aos olhos de todos é predestinada por Deus com o dom da Palavra, é muito bem quista e respeitada por todos. Contudo, suas histórias escondem um passado na vida de cada um dos membros da família que revelam ao longo da trama ganância, adultério e muitos outros pecados muito bem escondidos pela cortina religiosa, digamos.

Os chefes da Igreja, James e Mae Greenleaf - Bispo e Primeira Dama, respectivamente - tiveram 4 filhos. A vida de todos são afetadas por graves crimes cometidos pelo irmão de Mae, advogado da família. A série começa com Grace, filha de Mae, voltando para casa, para o velório de uma das irmãs, depois de duas décadas e, aconselhada pela tia - personagem de Oprah Winfrey -, resolve ficar para combater o pedófilo causador do mal que resultou no suicídio da irmã, seu próprio tio. 


Para não estragar o gosto pelo ineditismo não vou detalhar tanto, mas pra aguçar a vontade de assistir vou resumir parte da situação dos Greenleaf:
- A filha que se matou sofria por conta dos abusos sexuais causados pelo tio, advogado da igreja;
- Grace, a mais Velha, era vista como possuidora do dom da pregação, tinha ido embora porque alertou aos pais sobre os abusos sofridos pela irmã, mas eles não lhe deram crédito.
- Seu irmão, Jacob, queria ser pastor, era casado e amante da secretária dos pais;
- A irmã, Charity, mais nova, linda e excelente cantora. Sente-se preterida pela família. Sofre por isso ao ponto de  despertar uma grande raiva pela irmã mais velha, além de desenvolver um vício em remédios.
- O marido de Charity enfrenta a barra de se descobrir gay e não se aceitar, fazendo até "tratamentos" para deixar de sê-lo - óbvio que não deu certo -. A situação foi a causa do divórcio e ele acabou se relacionando e assumindo compromisso com o novo advogado da familia. Aliás, a igreja demitiu regente do coro musical porque era casado com um outro homem e os dois iam juntos à igreja.
- A Primeira Dama, Mae Greenleaf, quando jovem, soube que o marido teve um caso amoroso com a irmã dela e, ressentida, o traiu com o melhor amigo dele, de quem engravidou.
- O Bispo... além do caso com a cunhada, fez muitas coisas influenciado pelo cunhado criminoso, como sonegação de imposto e desvio de dinheiro da igreja... Qualquer semelhança é mera coincidência.

Ali todos vivem vida de Luxo. O fato é que todo o Luxo em que a família vive é fruto da ganância, que ganhou mais espaço em suas vidas que a missão de evangelizar e a fé em transformar vidas através da oração. É inegável que eles tenham fé e creem em Deus. Mas, fica muito nítido que estão com esse sentimento enfraquecido. E como percebemos isso? Quando abrem mão da coerência, da ética e da união. Fazem uso de crimes, da mentira, do egoísmo e do preconceito. E selam tudo isso palavraziando passagens bíblicas para justificar tantos pecados. Tudo vai indo "bem"... até as contas de tudo começarem a chegar - mais cedo ou mais tarde a conta seeeempre chega - . Todos os podres, as mentiras mais escondidas, os crimes, as trapaças... TUDO! A conta chegou e foi alta, sem condições de crédito para parcelamento. Aliás, crédito??? Eles perderam quase tudo. Só deram a volta por cima quando, já embaixo, caíram em si, tiraram todos os farelos de sujeira que ainda estavam debaixo do tapete. Só quando, desapegados dos sentimentos ruins e negativos e apelaram de fato à verdade, ao certo, ao arrependimento e ao amor ao próximo, que tudo foi restaurado.

A história é cheia de situações que nos fazem refletir bastante - isso quem tem o hábito de fazer autoavaliação, do contrário vai direto analisar a vida alheia rsrsrs (quem nunca, né?) - sobre nossas posturas, opiniões, falas e atitudes. O enredo é lindo. A mensagem é necessária. O elenco é formidável - quase a totalidade do elenco é de profissionais pretos -. Cenários e locações lindos, com o glamour dos milionários americanos. O tempo em que tudo se passa é absolutamente atual - os Greenleaf usam Apple, carros automáticos pra cima e pra baixo - o que ajuda deixar uma linguagem contemporânea e trás o público de todas as idades.

Enfim... GREENLEAF foi uma série que me pegou de jeito. Foram várias maratonas de fim de semana, almoço, aproveitamento da insônia e engarrafamentos. Pela primeira vez tenho vontade de assistir pela segunda vez uma produto do gênero - isso pode até ser coisa da idade, mas garanto que 90% é por conta do conjunto da obra. Se você ainda não viu... não sabe o que tá perdendo. Sendo evangélico ou não, assim como eu, você vai aprender bastante. No fim vai entender a frase que os membros da congregação sempre se despedem, "Deus é bom...", e o outro completa, "o tempo todo!"



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